Assim como Ayrton Senna, a minissérie que conta a vida do piloto de Fórmula 1 é um fenômeno. Tirando as de língua inglesa, é hoje a mais vista do mundo. Filmada no Brasil, Argentina, Uruguai e Irlanda do Norte, a produção mergulha na trajetória do piloto com um olhar intimista sobre Ayrton, interpretado pelo ator Gabriel Leone, que já tinha vivido Roberto Carlos no filme ‘Minha Fama de Mau’, de 2019, e que conta a história de Erasmo Carlos. A série sobre Senna tem o dedo de um morador de Jundiaí. Ou melhor: vários carros. O empresário Murilo Pandolphi Brollio, 38, coleciona veículos antigos que participaram das filmagens. Ele levou outros veículos de colecionadores da região para a minissérie. O Jundiaí Agora conversou com Murilo:
Você faz parte do Clube do Carro Antigo de Jundiaí?
Meu pai, Celestino Brolio Júnior, é sócio-fundador. Ele é o sócio 03. Já fui sócio. Tenho muitos amigos lá. Participo e tenho bom relacionamento com todos.
Desde quando é apaixonado por carros antigos? Como começou esta paixão?
A paixão veio desde pequeno, por influência do meu pai. Cresci no meio de carros antigos…
Quantos carros tem hoje? Quais os mais raros?
Contando com os meus e os da minha esposa, 12 carros antigos. Os dois mais raros são um Essex 1927 e um De Soto 1929.
Antes da minissérie do Senna, seus carros já tinham sido utilizados em outros programas de televisão?
Já sim! Tenho carros que participaram da série sobre o Sílvio Santos, o ‘Rei da TV’. Um outro participou do filme ‘A Estrela do Brasil’, que conta a história da Hebe Camargo. Também tenho carros que estiveram no filme sobre o Raul Seixas, ‘Maluco Beleza’ e também de ‘Betinho, a Esperança Equilibrista’. Meus carros também participaram de várias novelas da Globo e outras séries.
Como a equipe da série do Senna chegou até você?
O diretor do departamento de carros de cena é muito amigo meu. Ele pegou o projeto e me convidou. Pediu ajuda para captar carros. Acabei sendo um colaborador direto. A princípio eu iria ajudá-lo também no dia a dia das gravações, manobrando carros, coordenando os motoristas que chegavam para as gravações. Como também tenho carro e os alugo, acabou dando certo de também utilizarem meus veículos.
Quantos carros de sua propriedade foram usados? Em quais cenas aparecem?
A primeira cena da minissérie, na vila de São Paulo, tem uma C10 marrom. Ela minha. Depois, quando o Chico Serra vai encontrar o Ayrton na oficina de kart, aparece um Opala Amarelo que também é meu(fotos acima e abaixo). Na cena que o Senna está com a namorada falando que irá para a Europa, aparece um Opala marrom que também é meu.
O Chevorlet Impala do Miltão é seu?
Não. É do Alex Idalgo, de Campo Limpo Paulista, meu amigo. Eu arrumei este carro para a série. O produtor disse que precisava de um Impala 1963 ou 1964, igual ao que o pai do Senna, o senhor Milton, tinha. Lembrei do carro do Alex, fiz o contato com ele e deu certo! (Na foto principal, Murilo e o Impala em uma fazenda. Nesta cena, o pai de Senna o ensina a dirigir ainda menino).
Durante as gravações você tinha muita preocupação de seus carros não serem amassados ou riscados por figurantes? Como conseguiu tomar conta de todos?
Esta preocupação de cuidar dos carros existe sim. Por mais que o pessoal tome cuidado, as vezes tem muita gente na gravação, equipamentos passando. A gente tem que ficar como uma galinha-choca, cercando o carro. As vezes, as pessoas estão distraídas e encostam. Aí você tem que pedir para desencostarem. Mesmo com seguro, ninguém quer que o carro seja danificado.
Aliás, algum dos carros sofreu danos durante as gravações?
Infelizmente, sim. Um Escort de um amigo meu teve o retrovisor quebrado e sofreu danos no capô. Foi durante uma cena de vitória do Senna em que o povo eufórico cercou o carro onde ele estava. O Escort, que estava estacionado próximo, acabou pagando a conta. Providenciamos um retrovisor novo, original, e um serviço de martelinho de ouro e agora o carro está perfeito.
Você é fã de Ayrton Senna? Se sim, como foi participar de uma série que conta a história do maior piloto de todos os tempos?
Com certeza sou fã, embora tenha nascido em 1986. Não tem como não reverenciar os feitos dele nas pistas. Ele era acima da média, tinha um controle enorme do carro na chuva. Era uma coisa de outro planeta. Apesar de ter trabalhado em outros projetos, me envolver na história de uma pessoa que você admira foi emocionante. Foi surreal! Pelo tempo que ele morreu e o quanto ele ainda é lembrado, acho que será difícil outro brasileiro superá-lo em carinho, prestígio e comoção. Está para nascer alguém tão querido, idolatrado. O Pelé morreu e não foi assim. É impressionante como ele marcou toda uma geração. O bacana da série é que irá mostrar e ensinar para as novas gerações quem foi Senna!
Já assistiu a minissérie?
Assisti já no primeiro dia em que ficou disponível na Netflix. Achei muito legal. Confesso que me emocionei em vários momentos como na corrida de Mônaco, com a Toleman, brigando com o Alan Prost, e o Balestre, então presidente da FIA, interrompe a corrida para proteger o piloto francês. Também fiquei arrepiado com os feitos do Senna na McLaren. Algumas pessoas até reclamaram da pouca participação da Adriana Galisteu. O tema principal da série é o Senna nas pistas. A vida pessoal é um complemento. A série é sensacional. Estar eternizado nela não tem preço, sabe? Ter meus carros usados nas filmagens, ter trabalhado no set diariamente é impagável. É a série de idioma não-inglês mais vista do mundo!
Você participou de quantos dias de gravação?
Cerca de um mês e meio. Gravamos em São Paulo e também no kartódromo de Limeira(foto acima), quando fizeram as imagens do Senna correndo na chuva. Ficamos uma semana em Limeira. Arrumamos cerca de 20 karts antigos, até 1973. São karts de colecionadores e foi bastante difícil. A produção pagou hotel, arrumou mecânico de kart…
Como eram os bastidores? Conversou com os atores?
Os bastidores foram uma muvuca! Quem assiste na televisão não tem ideia do que são os bastidores: muita gente na retaguarda com uma estrutura absurda. Todos empenhados com muito profissionalismo. Não ouvi ninguém reclamar ou resmungar. Há muita cobrança mas o que se viu foi um grande comprometimento. É impressionante como todos cumprem suas funções para que o resultado seja entregue. Tive contato com o ator que interpretou o Chico Serra, o Fabrizio Gorziza, que estava perto dos meus carros. Não tive contato com o Gabriel Leoni, que interpretou o Senna. É uma questão de ética. A gente respeita o ambiente de trabalho…
Qual a cena mais emocionante na sua opinião?
Acho que existem várias. Mas, na minha opinião, as das corridas nas pistas. E estas, infelizmente não participei já que foram gravadas na Argentina. Vendo a série, o mais emocionante foi ver as corridas. Eu participei das cenas de comemorações das vitórias dele no Brasil. Foi muito bonito. Todo mundo com bandeiras do Brasil, curtindo, vibrando…
Em muitos filmes que contam a história de figuras famosas sempre há comentários de que era possível sentir a presença da pessoa no local. Alguém fez comentários assim durante as gravações?
Não, não senti. Vi muitos profissionais se emocionarem durante as filmagens. Havia uma certa comoção, ainda mais entre os fãs dele. Cerca de 80% dos carros usados fui eu que consegui. Os donos são amigos meus de Jundiaí e região e eles ficaram emocionados também. Muitos das cenas em que aparecem estes carros acabaram sendo cortadas.(Na foto acima, veículos dos amigos de Murilo usados em cena gravada em Osasco, quando aparece a fábrica de peças do pai de Ayrton Senna).
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