Contra o SISTEMA

SISTEMA

“…Fiquem vivas. Muitas narrativas. Prontas para lutar. Juntando forças, vamos decolonizar. Renovando a terra, a água e o ar. Nascemos prontas para lutar…”. Começo com a letra da Katu Mirim que só de mencionar o nome, coração treme e alma geme. Radicalmente lembramos que é urgente correr para a origem para continuarmos com nossa existência. Somos seres naturais, mas o artificial, o plástico, o agrotóxico unidos ao apagamento da nossa memória, nos fazem esquecer de nossa gênese. O sistema propositalmente nos afasta da beleza.

Sabe a expressão sentir na pele? É bonito saber que podemos sentir o pôr-do-sol. Não se trata de ver nem de pensar sobre, falo de sentir. Sentir esse pôr-do-sol que cita o hino de Jundiaí. Inebriante é saber que podemos sentir e nos afetar pelo que sentimos.

As flores me afetam muito. Flores vivem sem competição. São várias espécies e todas são flores. Ouso dizer que somos como elas. Porém vou citar a professora Bel Mayer que diz: “Que somos todos iguais na nossa humanidade, mas diferentes na nossa diversidade”. E a expressão máxima da beleza só existe porque há diversidade.

Acontece que o sistema não compreende a existência humana em pluralidade e vida que pulsa naturalmente, gera ódio das nossas presenças no Planeta Terra como mulheres, negras e negros, refugiados, ciganas, indígenas e L.G.B.T.Q.I.A.P+.

Então, aprendemos a nos aquilombar. Juntas e juntos em nossas comunidades escolhemos a nossa família, somos acolhidas e acolhemos e isso incomoda tanto, que muitos por aqui passaram o dia oito de dezembro com raiva da nossa trajetória, pois são incapazes de enxergar que família é onde existe amor. Aquilombadas e aquilombados sentimos efetivamente o efeito da palavra coragem, pois seguimos o caminho do coração, que não significa ausência de medo, mas  ir em frente apesar do medo.  Compartilhamos palavras e afetos e se faz  o fermento para crescer nossas vozes pelos nossos antepassados, por nós e por quem ainda vai chegar. E nossa fala potente ecoa nos sindicatos, grêmios, associações, na Alesp, na Câmara Federal, no Senado e em breve na Câmara Municipal.

Historicamente, o sistema sempre tenta nos apagar, já fomos pra fogueira, pro manicômio, expulsos da escola, na UBS não sabem da nossa saúde, dia da família, nas delegacias da mulheres nos violentam. É a polícia que fere nossos corpos e dignidade, é Stoneawall, Ferro’s Bar, Bar da Dê (que na época já era Opção dirigido por Maria e Loli), é a economia anti-vida que nos empurra para a prostituição, é o machismo que estupra por correção…

Mas em Jundiaí, somos abraçadas pela Mata Atlântica e Cerrado, que nos ensina que podemos ficar enterradas por 100 anos como sementes. Nós rigidamente confiamos que com o sol, a chuva (e o arco-íris) sempre germinaremos na mesma história por justiça, equidade e por de fato uma Terra querida de todas, todos e todes.

PALOMA SOARES

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