O Museu Histórico e Cultura de Jundiaí, o Solar do Barão, está em obras desde o finalzinho de maio. E as portas deverão continuar fechadas até 1º de dezembro. A reabertura está marcada para este dia, justamente com o início da exposição dos presépios. Aliás, a promessa é de que a exposição deste ano venha com novidades. Quais, ninguém revela. Com as imensas portas abertas, os jundiaienses conhecerão espaços que antes ficavam trancafiados, como os porões. Muito antes da tragédia que transformou em cinzas o acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o Solar já não vinha recebendo visitas. E o motivo da reforma é evitar que Jundiaí perca parte de sua memória com um incêndio ou umidade. A água é um problema para o prédio construído em 1862(segundo o site da Prefeitura de Jundiaí), pelo Barão de Jundiaí, Antônio de Queiroz Teles. A eletricidade, porém, poderia transformar o casarão em escombros tamanha a quantidade de gambiarras encontradas nas fiações.
A primeira fase dos trabalhos começou com a revitalização dos jardins. Embora os operários estejam no Solar, o pequeno paraíso em pleno centro da cidade está aberto e recebe visitantes a todo instante. São pessoas que utilizam o local para descansar. A arrumação levou mais de um ano, segundo Marcelo Peroni, gestor de Cultura de Jundiaí. Um projeto paralelo para os jardins está sendo preparado: ter músicos no local. Depois das melhorias nos jardins começou a retirada de boa parte do acervo, hoje no Museu da Cia Paulista e também na Pinacoteca. Lá, as peças estão sendo muito bem cuidadas e esperam o momento certo para voltar para casa.
A última revisão na parte elétrica ocorreu nos anos 90. De lá para cá, os fios foram sendo cortados e remendados por fitas isolantes que desapareceram com o tempo. As luminárias antigas contavam com reatores que produziam calor, podendo incendiar o forro de madeira de 156 anos de idade. Estes equipamentos já foram trocados(fotos abaixo).
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Segundo Paulo Vicentini, diretor do museu, o local deve contar com quilômetros de fiação. Marcelo Peroni explica que a Prefeitura e a Associação das Irmãs de São Vicente de Paula, proprietária do imóvel, deverão gastar em torno de R$ 500 mil para resolver todos os problemas da rede elétrica. Agora, a bola da vez são as calhas. Alguns pontos do Solar também foram afetados pela umidade. No total, a reforma custará algo em torno de R$ 8 milhões.
Peroni lembra que as obras e o ritmo delas não dependem apenas da Prefeitura. Tudo o que é feito no Solar precisa de autorização do órgão competente já que o local é tombado pelo Condephaat. O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está envolvido no processo, assim com a Universidade de São Paulo (USP), cujos especialistas levaram um pedaço de estrutura de madeira para estudar os cupins que ali habitavam (acima).
Quando o museu for reaberto, o público conhecerá o fundo do casarão que antes era usado como administração. Também poderá ver os porões(foto principal com Marcelo Peroni). Uma espécie de passagem entre os porões e a rua Barão de Jundiaí, que mostra toda a estrutura do solar também poderá ser visitada(ao lado).
Sem ozônio – A Pinacoteca, de acordo com o gestor, é o prédio de Jundiaí que mais se aproxima do ideal para receber peças importantes. A parte do acervo do solar que foi transferida para lá está desfrutando de todos os cuidados para melhor conservação. A temperatura correta e utilização de ozônio são exemplos.
Já as peças que ficaram no Solar do Barão, mais precisamente nos porões, estão protegidas Não da forma ideal. Mas da maneira que é possível com os recursos atuais. “Hoje não temos ozônio no Museu. Mas um dia teremos”, garantiu Vicentini.
Depois que a reforma no casarão for concluída, o gestor de Cultura promete dar atenção especial para o Museu da Cia Paulista que já recebeu algumas melhorias ganhando salas que antes não podiam ser usadas tamanha quantidade de objetos que guardavam. O museu que fica na avenida dos Ferroviários também receberá os cuidados que merece.
Visita virtual – Enquanto o solar permanece fechado, os visitantes interessados em acompanhar memórias do Museu poderão fazer a sua visita virtual gratuita. Já os jardins permanecem abertos à visitação, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados, domingos e feriados, das 9h às 16h. O acesso é pela rua Barão de Jundiaí, reaberto pela Prefeitura em maio do ano passado, quando foram reinaugurados os jardins com novo projeto paisagístico quatro anos após acesso restrito à população. O Departamento de Museus continua com atendimento normal. O Museu fica na rua Barão de Jundiaí, 762, Centro. Mais informações pelo telefone (11) 4521-6259.