Como superar alguns enganos? Ou como suportar alguns ataques? Serão perguntas diferentes sobre uma mesma coisa ou serão frutos do mesmo caule? Num dia o governo vem às redes televisivas e diz que o Estado e a maioria dos municípios estão à beira do colapso, sem estrutura e sem vagas hospitalares. Que grandes cidades, como a nossa, por exemplo, estão iniciando a construção de hospital de campanha para conter o coronavírus. Passadas 48 horas a coisa está controlada, pode flexibilizar parte do comércio, a coisa já não está tão ameaçadora. Sonho ou realidade? Acreditar em quem?
A situação fica sem controle quando notamos que a conversa não encontra ancoradouro. Fica um samba do crioulo doido e não se assegura, cientificamente, em nada. Países da Europa estiveram em isolamento total, voltam agora para uma flexibilização menor que a nossa e ainda estão se cuidando contra a segunda onda. Aqui tudo é festivo, todos pensam que o comércio tem que abrir geral e a população que sofra o isolamento vertical e se previna como puder. Ainda que ouçamos que nossos lideres políticos estejam muito preocupados conosco.
O que de fato temos é que a preocupação real é com o volume de dinheiro que municípios, estados e país estão deixando de arrecadar. Sendo assim, quanto antes voltar, mais rápido passa a entrar dinheiro. Que nome se dá a isso: insensatez ou despreocupação? Novamente trago a leitura de países europeus, que trancaram fronteiras, de fato, que colocaram seus cidadãos dentro de suas casas e, depois de três longos meses, voltam a abrir suas fontes de renda, lenta e gradualmente.
E o mais sensato: abriram mão do Carnaval. Exatamente como nós, que tivemos o maior número de bloquinhos da história do reinado de Momo. Mal sabíamos que o tal Momo seríamos nós próprios. E diante do quadro de estranhezas, vemos coisas muito malucas: que explicação se dá para o motorista que segue isolado em seu carro, usando máscara? O vírus não vem voando e entra no carro. A propagação é de outra forma; talvez vivamos por longo tempo em contato com este vírus e o pânico será muito mais feroz que ele. É preciso cuidar da saúde mental, junto, com a saúde física. É preciso aprender a conviver com isso, sem sacrificar nossa Vida e sem ficar neurótico e fóbico.
Não há necessidade de desinfetar as superfícies da sua casa, ou ficar na limpeza 24 horas por dia, se não estivermos em contato direto ou exposto ao ambiente infectado: as solas dos sapatos oferecem perigo mínimo. Usar luvas e máscaras dentro de casa é um ritual desnecessário, quando não se tem um infectado no lar. A suavidade e a integralidade devem prevalecer, sem exageros e eufemismos. Alergistas dos mais sérios hospitais do Brasil e do Mundo têm nos alertado que podemos perder o olfato com muitas alergias e infecções virais. Este é apenas um sintoma inespecífico da pandemia, quando associado a outros de igual grandeza, não isolado.
Sim, podemos passear em jardins, em ruas, desde que guardadas as distâncias de segurança: o ar está limpo, o vírus não está no ar. Esta é uma infecção respiratória por gotículas que requer contato próximo, sem o que o perigo fica mais reduzido. Não precisamos transformar tudo numa loucura e num ritual de faxina doentio:usar máscara por longos períodos interfere nos níveis de respiração e oxigênio. É necessário usá-la apenas na multidão.
Como já comentado antes, o uso de luvas, continuamente, também é uma má idéia: o vírus pode se acumular na luva e ser facilmente transmitido se você tocar em seu rosto. Melhor apenas lavar as mãos regularmente, com sabão comum, porque o sabão antibacteriano é para bactérias e isto é um vírus. Mas lavar com eficácia e robustez. Lavar mesmo.
Nossa produção de vitamina D é estimulada quando nos expomos ao sol; isso não cura nem evita o coronavírus. Isto melhora nossa taxa de produção da vitamina que enriquece e favorece nossas funções mentais, por consequência nossa memória. Vivos e sadios, com memória e estados mentais preservados, será a consequência do sol, em nossa vida. É mais uma meta a ser cumprida e assumida como de real importância.
Claro fica que lavar as mãos e manter uma distância física de dois metros é o melhor método para sua proteção, para atravessar esses momentos difíceis e tentadores a que estamos submetidos. Não é uma conspiração política como querem que pensemos, alguns xiitas e desentendidos; é um fato fisiológico, como muitos outros que a humanidade já sofreu e sofrerá. Apenas mais um fato desconhecido mas compreensível, ainda que não saibamos lidar com ele, precisamente. Mas que terá fim ou mudanças num futuro, não tão próximo como pensam os sonhadores: ainda temos muito a aprender.
E o que sobrará disto tudo? Como já analisamos, sobrará um homem mudado, transformado a custas de muita dor e de sonhos destruídos. As distancias serão melhor analisadas, os hábitos serão alterados, as sociedades serão transformadas, porque não seremos os mesmos. Que é isso de novo normal? Que novo normal se nunca existiu o normal? Normal não existe e nunca existiu; existe aquilo que se aproxima da minha realidade, que não é nem nunca será igual a realidade de mais ninguém.
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Teremos, sim, certamente, pessoas que edificaram caminhos e grupos diferenciados para sobreviver em meio à crise de neurose que toma conta da população ensandecida e afoita. Os mais habilidosos emocionalmente terão olhares mais cuidadosos e fortalecedores para o enfrentamento. Aliás, enfrentamento há muito esperado, apenas que não percebemos o quanto a natureza gritava por cuidados e zelos que, negligentemente, teimamos em não ouvir.
Novos homens em novos tempos deve ser a máxima. Sem Armagedon. Sem poesia. Sem ritualística. Mas com razão e afetos que preencherão espaços há muito perdidos e que se reconfiguram neste momento, fortalecendo uma nova época e civilização. Nada apocalíptico. Tudo muito bem científico e adequado. Não será mais tempo dos influencers. Será tempo dos cientistas e dos sábios que conseguirem se enquadrar na sociedade transformadora. Nova humanidade para uma nova sociedade. Pode isso, produção?(Foto: maestroviejo.es)
AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.
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