Sorte ou VONTADE?

Menino pobre, família carente, nasceu em Guarantã e logo viu que para sobreviver precisaria trabalhar. Fez sua própria caixa de engraxate, atraía clientes com sua simpatia e ao ser atendido num Pronto Socorro por causa de uma fratura, resolveu ser médico. Sonho impossível, para os acomodados. Não para Edson de Godoy Bueno, que estudou sozinho, conseguiu passar na Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio e, para se sustentar, trabalhava no curto período que lhe restava do ensino integral, num hospital em Duque de Caxias.

Foi assumindo funções, mostrou sua liderança e, antes de concluir o curso, já era dono da Casa de Saúde São José. E disparou. Fundou a Amil Assistência Médica na década de 1970, quando os planos de saúde começaram a ser descobertos. De ousadia em ousadia, sempre com trabalho incessante e uma vontade inabalável, tornou-se um dos homens mais ricos do Brasil. Em 2016, a Forbes o classificou em 18º lugar na lista de bilionários brasileiros. Vendeu a Amil à americana UnitedHealth Group por U$ 4,9 bilhões, em 2012. Continuou a ser o maior acionista do grupo e ainda assumiu o controle da Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina, titular da Delboni Auriemo, Lavoisier, Cytolab e outros.

Tive o privilégio de conhecer Edson de Godoy Bueno, que promoveu inúmeros encontros para discutir a judicialização da saúde. Num deles, em Santiago, descobriu em meu filho José Renato o perfil ideal para se tornar um campeão de Tênis. Outra coincidência: meu cunhado, José Eduardo Martins, o “Penaforte”, se diplomou com ele no Rio. Participou das celebrações de aniversário de formatura que ele propiciava a toda a turma. Orgulhava-se de sua origem, conclamava a juventude a reagir e a assumir protagonismo, de maneira a controlar o seu futuro.

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Chegou a elaborar um pequeno filme de motivação, com o qual abria suas formidáveis palestras. Costumava repetir: “Quando você sonha sozinho, você chega longe, mas quando você compartilha os seus sonhos com colaboradores e com a sociedade, chega a lugares inimagináveis”.

Ao jogar tênis, sofreu um infarto e partiu no dia 14 de fevereiro de 2017. Se era alguém que dispunha de recursos e conhecimento sobre vida saudável, era ele. A morte, a mais democrática das ocorrências, mostrou a quem queira prestar atenção, o destino próximo ou remoto de todos nós. Sem exceção. Resta o seu exemplo. Vontade e trabalho, não sorte, é o que muda a vida das pessoas. (foto acima: cardiotraumaipanema.blogspot.com.br)