Moradores e comerciantes da rua Prudente de Moraes estão com medo. No dia 11 de julho deste ano, a Casa de Passagem do SOS passou a funcionar embaixo do viaduto Joaquim Candelário de Freitas(viaduto da Vila Rio Branco). Desde então, convivem com furtos e abordagens que intimidam. O local tem capacidade para 32 pessoas. Algumas passam a noite nas calçadas da entidade. Calçadas e praças viraram banheiros. Invólucros para drogas sempre são achados. Até um caso de sexo em público que terminou numa briga entre vários moradores de rua já foi testemunhado por um comerciante. Para evitar represálias, nenhum entrevistado desta matéria será identificado.
O que agrava ainda mais a situação é que o SOS é vizinho de duas escolas. Abaixo-assinados foram feitos. Até uma liminar, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, foi entregue à Justiça antes da chegada da casa de passagem. Nada surtiu efeito. “Quando a Marilena Negro era secretária de Assistência e Desenvolvimento Social a questionamos. Ela assegurou que o SOS não viria para a rua Prudente. Estranhamente, a Marilena deixou a secretaria e a entidade veio para cá”, contou um comerciante que já teve o estabelecimento furtado seis vezes. “Levaram torneiras e deixaram água vazando a noite toda. Furtaram ainda ralos de alumínio e ferramentas. Um jardineiro que prestava serviços para mim e deixou o equipamento aqui também foi furtado. O meu prejuízo foi de R$ 1.500”, informou.
Com receio, o comerciante decidiu investir em segurança. Para trocar e automatizar um portão gastou R$ 5 mil. Agora, ele pretende instalar câmeras e fechar algumas áreas de fácil acesso. “Vou gastar mais uns R$ 15 mil”, disse. Ele lembra que os criminosos que se aproveitam do SOS para furtar ou intimidar a vizinhança são minoria. “Há pessoas necessitadas e que precisam deste serviço. Contudo, a solução dada foi equivocada. Montaram uma casa de passagem no final de uma rua, embaixo de um viaduto, sem condições de segurança. Creio que o convívio seria possível se tivessem colocado um posto da Guarda Municipal nas proximidades. O que não dá é ficar à mercê de criminosos e viciados em drogas”.
Ele não se conforma com o fato de as calçadas ao lado do SOS servirem de dormitório. “Os pedestres, inclusive crianças e adolescentes de uma escola, precisam andar na rua correndo o risco de atropelamento. Sem contar que estas pessoas urinam e defecam nas calçadas e praças. Este comerciante flagrou, em um final de semana do mês passado, um casal fazendo sexo na rua. “Não sei qual foi o motivo, mas vários moradores de rua acabaram se envolvendo em uma briga. Chamei a Guarda Municipal. Uma viatura veio até aqui”, lembrou.
O comerciante lembrou que o atendimento aos moradores de rua era feito no bairro do Anhangabaú que enfrentou uma onda de criminalidade, inclusive com assassinatos. No Anhangabaú, a população se uniu e pressionou o poder público até que o atendimento deixasse o bairro. “Tiraram a sujeira de lá e empurraram para a rua Prudente. Assim como o Anhangabaú, aqui também temos muitos idosos. Em breve acontecerão homicídios”, previu. Quanto ao prefeito Luiz Fernando Machado, que assume hoje a Prefeitura de Jundiaí, ele espera que a situação envolvendo o SOS seja tratada de forma digna. “Não adianta colocarem os moradores de rua literalmente embaixo de um viaduto e não observarem a situação da vizinhança”, concluiu.
Há 53 anos vivendo na rua Prudente de Moraes, uma idosa afirmou que nunca sentiu tanto medo do local. Ela teve o quintal invadido recentemente. “Meu cachorro começou a latir na porta da cozinha. Quando acendi a luz, ouviu um barulhão. Na manhã seguinte encontrei uma cadeira de plástico quebrada, encostada na parede. Ela foi usada na fuga. O sujeito não levou nada”, explicou. A moradora mandou colocar arame farpado nos muros do quintal. O custo: R$ 830. “Todo mundo na vizinhança está com medo. Eu escuto gritaria na rua durante a noite. Pode acontecer a pior coisa que eu não saio para ver o que está acontecendo. Eu gostaria muito que o SOS fosse embora”, disse.
Um outro comércio já foi furtado três vezes. Na última, o prejuízo foi de R$ 10 mil. “Os moradores de rua estão por aqui o dia todo e também ao sábados, quando o movimento é maior. Minha clientela é de idosos. Meu movimento já caiu 40% desde que o SOS chegou. Os idosos são abordados quando estão chegando e têm medo. Por isto deixaram de frequentar a minha loja”, argumentou. A esperança da comerciante, que está na rua Prudente há 30 anos, é de que o novo prefeito dê atenção especial para o problema. “Ninguém quis nos ouvir antes da instalação da entidade. Tomara que o Luiz Fernando se sensibilize com a nossa situação”, afirmou.
PRESIDENTE DO SOS DIZ QUE NÃO QUER ENTIDADE EMBAIXO DO VIADUTO
CLIQUE AQUI E LEIA HISTÓRIA DE ARTESÃO QUE DORMIU SEIS NOITES NA CALÇADA DO SOS
Em outro estabelecimento, a proprietária também reforçou a segurança. Segundo ela, moradores de rua entraram no local para dormir. Também furtaram algumas peças de plástico do local. Ela instalou câmeras de segurança e, até o momento, não ocorreram novas invasões.
LEIA TAMBÉM