Na era da Barbie, quem se lembra da boneca SUSI?

susi

Não sei quantos anos eu tinha quando ganhei de Natal uma boneca Susi. Naqueles idos dos anos 1970 essa boneca era a grande diva entre as garotas, um verdadeiro ícone fashion. Lançada pela empresa brasileira Estrela, a Susi foi objeto de desejo de 10 entre 10 meninas da minha geração e até hoje eu tenho a minha Susi, só que agora bem velhinha, com cabelos ralinhos, roupinhas adaptadas e corpinho endurecido pelo desgaste do plástico. Mas as estórias que eu vivi com essa bonequinha estão gravadas na minha memória e voltaram à tona com o filme da Barbie, que está levado multidões aos cinemas nestas férias. Apesar de ser a pioneira no Brasil, hoje Susi está relegada ao ostracismo.

Sob licença da empresa americana Toy Company, a boneca Susi foi lançada no Brasil em 1966 com uma proposta contemporânea. Quem foi criança nas décadas de 60 e 70 sabe que as bonecas de então tinham uma roupagem mais infantil, ou eram bebês ou menininhas. Mas a Susi derrubou esse paradigma se apresentando como uma jovem bem arrojada para sua época, vestindo roupas da moda, que poderiam servir de inspiração para qualquer humana. A pegada da Susi era mais adulta, mais independente, mais feminista.

Lembro-me que a minha Susi usava minissaia preta com franjas, um cinto dourado, blusa com estampas psicodélicas e uma bota de cano alto. O cabelo, bem comprido, permitia alguns penteados, como trancinhas, rabo de cavalo e chiquinhas. Foi um dos grandes presentes da minha vida, posso dizer com certeza. E pra ajudar, ainda veio com o quarto completo, com cama, penteadeira e guarda-roupa (esses itens não faziam parte do kit da boneca, mas foram improvisados pelos meus pais).

Muitas amiguinhas vinham na minha casa para brincar comigo e, claro, com a Susi. Mas, na maioria das vezes, eu passava horas e horas brincando, solitária, tendo apenas a Susi como companheira. Frequentemente, minha mãe abria sua máquina de costura e fazia uma roupinha nova para a minha bonequinha, ampliando ainda mais o seu guarda-roupa. E assim foi durante muitos anos. Já adolescente, e com outros interesses, guardei minha bonequinha numa caixa com todas as suas roupinhas e por muito tempo a Susi hibernou no armário, mas nunca cogitei me desfazer dela.

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Em 1982, com a chegada da concorrente Barbie, a Susi foi obrigada a ceder seu lugar, até deixar de ser fabricada pela Estrela. Na década seguinte, uma nova versão da Susi foi relançada, mas aí já não tinha o mesmo charme, o mesmo significado. Minha Susi foi tirada do seu descanso com o nascimento das minhas filhas. Apesar das meninas terem várias outras bonecas, inclusive versões diferentes da própria Barbie e da Polly, elas gostavam de brincar com a minha velha e surrada Susi, e eu não entendia o motivo desta preferência, a não ser o fato da minha bonequinha carregar em seu corpinho anos e anos das minhas próprias brincadeiras de menina. Isso fez dela um item especial, pelo menos para mim.(Foto: Amazon)

VÂNIA ROSÃO

Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.

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