Para que tanta INSENSATEZ?

INSENSATEZ

Quando pensamos que nada de pior pode acontecer, vem o STF e mostra que pode sim. Num movimento caótico, de idas e vindas, acredito que não tenhamos sido surpreendidos pelo acontecido. O que me assusta é perceber que a reação foi a de estagnação: nenhuma manifestação, nenhum ato mais pontual; parece que estávamos esperando por isso e que, agora, está tudo certo. Que anestesia é esta, meu Deus? E por que tanta insensatez?

Será que se está cumprindo o final do poema que inicia com “…uma noite, no silêncio da escuridão, entraram em nosso jardim e roubaram uma rosa…” e vai terminar com a frase impactante: “… e já não podemos fazer mais nada” ? Não é possível que uma democracia se porte desta forma calada e doentia, sem ao menos dizer que não gostou do resultado da votação. Não é possível.

Interessante, também, foi saber do numero de ausentes no Enem. E a análise sobre tal número é porque aumentaram os candidatos. Surreal. Totalmente insensato. Por que o estudante de classe média ou baixa deixa de ir a um exame que o qualifica para uma universidade pública? Qual motivo tem afastado nossos jovens dos bancos das faculdades estaduais ou federais? Quais os reiais motivos, além das cotas, das diferenças sociais, das desigualdades? Por que nossos jovens desistiram de lutar?

Quem nos responderá a estas questões? Em minha prática, enquanto professor de uma das mais conceituadas universidade pública do país, sinto um total descaso pelo ensino acadêmico, por parte de um grupo de alunos. Não diria que seja um grupo majoritário, mas suficiente para ser melhor investigado. Acredito que devamos rever nossas posturas diante da atual juventude e criar novas possibilidades de retomar, na universidade, o sentido de transformação, que se perdeu.

Acredito mesmo, que o próprio corpo docente sofre desta anestesia, diante das impossibilidades e mudanças em sua autonomia. Mas não posso deixar de dizer que toda revolução tem sua contrarrevolução, coisa que na Educação não se está fazendo presente. Não é falta de saber; trata-se de falta de fazer.

Alegra-me ver que, a cada dia, mais um gênio das Ciências, seja ela qual for, brilha na América do Norte ou na Europa ou na Austrália e, sondando, descubro ser mais um brasileiro que migrou em busca de espaço e de apoio; alegro-me porque alguns conseguem potencializar cada vez mais o seu saber e o seu fazer. Que cresçam fora e façam a diferença onde forem bem acolhidos, ampliando fronteiras e demonstrando poder. Os bons entendedores sentirão orgulho de serem brasileiros e serem bem representados.

E hoje eu acordei com o barulho das minhas próprias risadas. Sonhava com meu pai (primeira vez que isso acontece depois de 45 anos). No sonho, eu era uma criança que me divertia com uma fábula que ele sempre me contava. Cada vez que eu pedia para ele me contar, ao final, eu chorava de rir. E sempre me pego pensando nela, mas nunca de forma tão real quanto nesse sonho.

Trata-se da conhecida fábula da coruja que pede ao gavião para cuidar de seus filhotes, enquanto ela sai a procura de alimentos para seus pequenos. E o gavião, prestativo, pergunta como iria reconhecer os filhotes da coruja, ao que ela responde que são os mais belos, os mais fortes pássaros no ninho daquela árvore. E após concordarem na vigília, a coruja sai em busca de comida.

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Ao retornar, percebe que seus filhotes não estão no ninho e cobra do gavião o seu empenho. O gavião responde: Comadre, eu só comi uns pequenos pássaros feios, despenados, olhudos, que estavam num ninho, sozinhos. Você disse que os seus eram lindos, então eu entendi que não seriam os seus!!!! E, quando criança, eu ria, ria sem parar, com o fim da história. Acho mesmo que nem entendia, mas ria muito.

Foi com esta história e imagem que acordei gargalhando. Fixei a imagem e percebi que aos olhos do dono, o que é feio bonito lhe parece. E assim é nossa vida. As vezes, diante de tantas alterações, ficamos inertes e felizes, ao mesmo tempo, a contemplar algo que não temos ou seremos, mas esperançoso. Tempos difíceis e paradoxalmente bonitos se pensarmos em possibilidades, ainda que remotas. Ri muito. Ri com meu pai. Aquela criança que mora dentro de mim se sentiu segura e feliz ao lado do pai. Faz total sentido neste momento da minha Vida.

Aquele momento em que se deve virar a mesa, mas não se sabe ao certo se é isso que se quer. E deixamos a saudade bater, a dor esfacelar, o silêncio se perpetuar, mesmo sabendo que isso tem que passar e que breve acabará. Mas sempre sobra a dúvida: será que quero que acabe? Acabar com isso não significa romper com uma história de vida? E vamos. E vamos vivendo, um dia por vez: fora as gargalhadas relativas á fábula, num momento pueril, já matei três leões nesta manhã. E muitos outros me aparecerão para que eu entre em luta e os mate. Sucumbir no chão está fora dos meus propósitos. Em frente e sempre lembrando: cabrito bom grita sim…(Foto: animais.culturamix.com)


Afonso Antonio Machado é docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.


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