A década de 1930, nos Estados Unidos, ficaram marcados pela grande depressão econômica causada pela quebra da Bolsa, em 1929. Naquele época o governo americano criou uma série de políticas para tentar mitigar o drama de milhões de pequenos agricultores que vagavam pela área rural em busca de trabalho ou apenas de comida. Este movimento ficou conhecido como New Deal. De olho em suas políticas o Presidente Roosevelt, criou um programa para registrar fotograficamente suas ações e a situação dos agricultores, o Farm Security Administration e é considerado um marco na fotografia documental. Este projeto revelou grandes fotógrafos como Dotothea Lange, Walker Evans, Russel Lee e Arthur Rothstein, que fotografou uma série de tempestades de areia tal como as vistas recentemente no interior paulista. Aliás, Rothstein é o autor da imagem que ilustra este texto, feita em 1936, no Texas.
As imagens de Rothstein causaram muita preocupação entre especialistas que imediatamente implementaram uma série de ações para tentar amenizar os estragos provocados na agricultura. Isto modificou as práticas de plantio. Era o início da sustentabilidade. Numa época em que não havia televisão e o rádio ainda não estava na casa de todos americanos, ficou para a fotografia registrar este momento histórico. Os fotógrafos encarregados desta missão flagram a miséria e tempestades de areia, cenas impensáveis para nós, acostumados a ver os Estados Unidos como um país rico. A pobreza era tanta que se tornou comum famílias venderem os pneus de seus carros para comprar comida e assim passavam a morar na beira das estradas. Foi uma destas famílias que acabou por se tornar um símbolo deste período. A foto feita por Dorothea Lange ficou conhecida como “Mãe Migrante” e a tornou um ícone da fotografia norte-americana pelo talento e também pelo pioneirismo. Dorothea foi a única mulher a participar do projeto.
ARI VICENTINI
Repórter-fotográfico desde 1989, com passagens pelo Estadão e Jornal da Tarde. Foi fotógrafo e editor de fotografia do Diário Lance, atualmente é professor de Fotojornalismo na Faculdade Cásper Libero. É jundiaiense.
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