Templários, uma ordem ENIGMÁTICA(Parte 2)

ENIGMÁTICA

A perseguição aos membros da Ordem dos Templários empreendida pelo rei da França, Felipe IV, e pelo Papa Clemente V, deflagrada em 13 de outubro de 1307, provocou sua dispersão pela Europa Ocidental. Na verdade, a maioria das prisões, torturas e execuções de templários ocorreu na França, onde se localizava a sede da ordem enigmática. Os demais membros dela não capturados terminaram por tomar rumos diversos, levando consigo as riquezas materiais da organização e, principalmente, o conhecimento científico haurido durante sua presença em terras orientais.

Especula-se que parte do grupo dirigiu-se à região onde hoje se situa a Suíça, isolada e de difícil acesso, então sob dominação francesa, onde teria auxiliado as pequenas comunidades de pastores que ali viviam em sua luta pela independência do povo dominante. Os historiadores chegaram a tal conclusão pela coincidência entre a queda dos Templários e uma revolta de camponeses contra seus senhores franceses, surgida naquelas paragens.

Mesmo sem nenhum treinamento militar, os revoltosos lograram vencer os dominadores, tendo surgido lendas naquela época de cavaleiros vestidos de branco apoiando os primeiros. Outro indício da presença templária naquela região seria o sistema bancário suíço e a tradição do sigilo bancário, que teriam sido herdados da Ordem.

Há relatos também da presença templária na Escócia, onde os cavaleiros teriam patrocinado as primeiras organizações de construtores e fundado as primeiras Lojas Maçônicas delas oriundas, dando início ao que se chamou mais tarde de “maçonaria operativa”.

Mas foi em Portugal que os templários desempenharam seu mais relevante papel, impulsionando vigorosamente a indústria náutica e os estudos cartográficos e celestes imprescindíveis para a épica jornada que se desenvolveria nos anos seguintes, que desaguaria nos grandes descobrimentos.

O patrono dos templários em Portugal foi o rei D. Diniz. Em 1317 aquele soberano recebeu em Portugal muitos deles, oriundos de várias regiões da Europa, juntamente com suas riquezas e conhecimentos. Enfrentando a autoridade papal, D. Diniz declarou que os templários não tinham praticado crime algum em Portugal, logrando conseguir a doação formal de todos os bens deles à Coroa Portuguesa, mas nomeando um administrador templário para cuidar de tal patrimônio.

E para obstaculizar qualquer manobra da Inquisição Católica no sentido de atingi-los, integrou-os numa nova organização, a Ordem dos Cavaleiros de Cristo, reconhecida em 1319 pelo Papa João XXII, que adotou como símbolo a cruz templária, de braços iguais, a mesma que passou a ser vista nos velames das caravelas utilizadas nos grandes descobrimentos.

Com isso, Portugal apropriou-se dos conhecimentos científicos dos templários necessários para um grande surto de desenvolvimento da indústria náutica e para a formação de uma classe profissional completamente voltada para as grandes navegações. No âmbito desta escalada de progresso foram surgindo exímios pilotos e grandes cartógrafos, que se tornaram os protagonistas da exploração da costa africana, da descoberta do caminho das Índias, e do Brasil.

A Ordem dos Cavaleiros de Cristo desenvolveu-se sobremaneira em Portugal, empreendendo várias expedições à África para retomar dos mouros as regiões por eles ali dominadas e agindo de forma independente da Coroa Portuguesa, a quem eventualmente entregavam o domínio territorial das regiões conquistadas. Em 1418, seu mais famoso grão mestre, o Infante D. Henrique, conseguiu o aval do Papa a um projeto expansionista, iniciando-se ali o ciclo das grandes navegações.

A partir de então, nos 100 anos seguintes, os papas editaram onze bulas que privilegiavam a Ordem com monopólios de navegação na África, a posse de terras, isenção de impostos eclesiásticos e a autonomia para organizar a ação da Igreja Católica nos locais que viessem a ser descobertos.

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Todavia, com a descoberta de ouro na Guiné, em 1461, e da consolidação da rota das Índias, descoberta em 1498, a Coroa Portuguesa passou a absorver os poderes da nova Ordem, de tal sorte que em 1550, por iniciativa do rei D. João III, o Papa Júlio III promoveu a fusão desta última à primeira.

Os conhecimentos náuticos templários, por força da atuação de mercadores de Lisboa, Flandres e Espanha e de espiões genoveses e espanhóis que se infiltravam em solo português, terminaram por chegar à Coroa Espanhola, desencadeando o início das grandes navegações também naquele reino, que culminariam com a descoberta da América.

Como se vê, conquanto a Ordem dos Cavaleiros do Templo tenha sido formalmente extinta pela Igreja Católica em 1307, o espírito templário não o foi, continuando a reverberar nos séculos seguintes e a causar relevantes alterações na sociedade européia, grandemente beneficiada pelos vastos conhecimentos detidos por aquela instituição, e à descoberta de novas terras e novas civilizações.(Foto: conceitos.com)


MAURÍCIO CAMPOS DA SILVA VELHO
 
É juiz substituto em Segundo Grau do Tribunal de Justiça de São Paulo, atuando na 4ª Câmara de Direito Privado daquela Corte.

 

 


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