Bem, tecnicamente ainda não, e não será um gato, mas dois. Em breve meu lar receberá irmãos gêmeos, pretinhos como a noite, de olhos verdes grandes e expressivos. Um menino e uma menina.
Há tempos meus filhos pleiteavam um animalzinho de estimação e meu marido refutava. Talvez porque ele não tivera essa maravilhosa experiência infantil, o fato é que ele dizia não gostar, ser alérgico, entre tantas outras desculpas.
Quando criança eu sempre tive bichos de estimação: vários cachorros (sempre vira-latas: lembro-me bem da Chiquita e do Sultão), um papagaio (chamávamos de Palhaço porque ele dormia e caia do poleiro), duas tartarugas (a Cascuda, mau-humorada que só ela, e o Pedrinho – um fofo) e um pintinho dado por um supermercado que (pasmem!) sobreviveu aos cuidados de uma criança e tornou-se um galo.
Todos foram doados ou achados.
Muitos benefícios estão associados à presença de um animal de estimação, pois envolvem muita paciência, tempo e esforço, afinal, são crianças que nunca vão crescer. Eles sempre dependerão de nós. E isso pode significar uma dependência de muitos anos. E uma responsabilidade monstro por parte de quem os adquire.
Ao contrário do senso geral, crianças que crescem com animais desenvolvem menos problemas respiratórios e alergias. Brincar com os animais tira a atenção de jogos eletrônicos, faz o pequeno se mexer, diminuindo o risco de sobrepeso e todos os problemas associados a ele.
Acredita que até o caráter pode ser moldado junto aos cuidados com os animais? Claro que sim! Principalmente se parte das tarefas das crianças incluem cuidar dos bichinhos, pois terão que ter compromisso, cuidado, responsabilidade, pontualidade entre outros.
É possível observar que crianças que têm animais de estimação exibem melhor controle de impulsos, habilidades sociais e auto estima, além de que, acariciar um animal, comprovadamente reduz o estresse, a solidão e a ansiedade.
Eu nunca tive gatos, mas foi o que meus filhos escolheram. Estou aberta para aprender e amá-los. Estima-se que no Brasil há 23,9 milhões de gatos, sendo que, 1,25 milhão destes estejam na capital paulista. É gato que não acaba mais.
Há 10 anos observa-se um aumento no número de criadores de bichanos. Talvez pela facilidade nos cuidados, no tamanho reduzido e em sua relativa independência. Não se engane: eles amam seus donos, talvez expresse de maneira menos festiva que cães, mas eles adoram estar com seus “humanos”.
O que entristece é que ainda há muita gente que abandona ou não castra deixando que os animais se multipliquem de uma forma catastrófica para os inocentes bichinhos e para a saúde da população em geral. Para cuidar disso existem inúmeras ONGs e particulares que cuidam daqueles que conseguem, castrando, vacinando e entregando em lares onde serão bem tratados, porque se depender do Governo, os pobrezinhos continuarão na rua até serem atropelados ou morrer de alguma doença.
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Ainda não estou com meus bichanos, pois a fêmea foi castrada recentemente (o macho já foi), mas assim que eles estiverem bem adaptados tenho certeza que terei mais histórias para contar e assim como eu, vejo por aqui que há muitas pessoas adotando esses adoráveis bichinhos, o que traduz em um fato: a capital paulista está cada vez mais felina.
“Mulheres e gatos agirão como quiserem. Homens e cães devem relaxar e se acostumar com a ideia”. Robert A. Heinlein.(Foto: www.fundosanimais.com)
ELAINE FRANCESCONI
Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.
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