TORRES e CID: Isto não é dupla sertaneja!

torres

Por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, o ex-ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro, deixou a prisão na semana passada. Não porque foi considerado inocente, mas porque não se pode manter alguém por muito tempo fora de circulação antes de um julgamento final. Lógico que ninguém vai ver Torres viajando para a Europa ou Estados Unidos – onde ficou junto com o ex-presidente – talvez seu sonho em visitar a Disney. Até porque, não pode deixar Brasília, tem tornozeleira eletrônica, não pode usar as redes sociais, e outros “nãos” menos importantes.

O advogado de Torres, Eumar Novacki, avisou a imprensa que não trabalha para que o cliente faça uso da delação premiada, mas garantiu que vai colaborar com a Justiça sobre a suposta participação nos atos terroristas de 8 de janeiro. Torres era o secretário de Segurança do Distrito Federal, não ocasião, tinha tomado posse no dia 2 nesta função e no dia seguinte saiu em férias e viajou para os Estados Unidos, estando ausente, portanto, no dia dos fatos.

Sem esquecer Torres, é bom saber o que está acontecendo com Mauro Cid, o tenente-coronel e ex-ajudante de ordem do ex-presidente Jair Bolsonaro. Cid foi preso por suspeita de envolvimento na falsificação da carteira de vacina do seu ex-chefe. Além disso, Cid trabalhou – e muito – para a liberação das joias que entraram ilegalmente no Brasil e que eram presentes para a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. O caso das joias ainda vai render muita história e a vacina tem um complicador: o ex-candidato a deputado, Ailton Barros – que concorreu as eleições do ano passado pelo PL, mesmo partido do ex-presidente – chegou a dizer a Cid, que sabe quem mandou matar Marielle Franco, em 2018, quando era vereadora no Rio de Janeiro.

Mas vamos abrir o livro de histórias de Cid, além do já contado aqui e o que o futuro espera a todos os “ex” já citados aqui: Assim que Cid foi preso, quem apareceu como seu advogado, foi Rodrigo Roca, que também atua junto à família do ex-presidente. E Cid, claro, orientado Roca já anunciou que não iria envolver Jair na história da carteira de vacinação. Jamais pode-se dizer que o ex-presidente não sabia nada sobre a vacina, porque, ao viajar aos Estados Unidos apresentou a carteira da mesma, “provando” que fora vacinado contra a Covid. Se tinha a carteira em mãos, claro que sabia o que havia nela… E sabia também que não virara jacaré e nem contraia HIV, que chegou a declarar em suas “lives” que quem tomasse a vacina estaria sujeito a uma destas duas consequências. Claro que ninguém no Brasil virou jacaré e ninguém contraiu HIV, mas milhares de pessoas morreram sem serem vacinadas…

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Como se vê, o livro sobre a vida de Cid ainda está no prefácio: semana passada Roca deixou de ser o advogado do ex-braço direito do ex-presidente. E se o homem que trabalhava na intenção não envolver Jair no caso da vacina, os substitutos do mesmo Bernardo Fenelon e Bruno Buonicore, chegaram como advogados que podem trabalhar visando delação premiada. Fenelon já trabalhou em casos de delação e tem um livro sobre o assunto. Buonicore já foi assessor do ministro do STF, Gilmar Mendes. E delação premiada, pode sim, permitir a Cid envolver o ex-presidente, já que o advogado da família de Bolsonaro não trabalha mais para ele. Delação premiada sempre reduz o tamanho da condenação e cria uma nova para o delatado…

Sem ter ao seu lado Torres e Cid que poderiam ser dupla sertaneja, mas preferiram trabalhar para o ex-capitão que agora é ex-presidente, Jair pode estar envolvido num mato sem cachorro. Talvez que preferisse, agora, entrar na internet, buscar duplas sertanejas e não encontrar Torres e Cid…(Foto: Joedson Alves/Agência Brasil/www.redebrasilatual.com.br)

NELSON MANZATTO

É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.

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