Transplante: Saiba como é a avaliação e captação de ÓRGÃOS

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O Dia Nacional da Doação de Órgãos é celebrado hoje(27). Um único doador pode salvar até oito vidas e transformar a realidade de várias famílias. Coração, fígado, rins, pulmões, pâncreas e intestino são órgãos que podem ser transplantados, além de tecidos como córneas, pele e ossos. Apesar disso, muitas vezes o transplante não se concretiza por falta de informação e comunicação.

“É fundamental conversar com os familiares e deixar claro o desejo de ser doador. No Brasil, mesmo que a pessoa tenha manifestado sua vontade em vida, a doação só acontece com o consentimento da família. Sem essa autorização, os órgãos não são doados, mesmo que estejam em perfeito estado”, reforça a enfermeira da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante (CIHT) do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Raíssa Fileli(foto ao lado).

Uma corrida pela vida – Nos bastidores, uma série de protocolos são adotados para segurança do doador e dos órgãos doados. Quando há a confirmação da morte encefálica, ou seja, a morte definitiva do cérebro, começa um processo delicado e urgente. Uma equipe médica especializada fica responsável por avaliar a viabilidade dos órgãos, garantindo que estejam saudáveis para serem transplantados. “São feitos exames clínicos, laboratoriais e de imagem. O coração, por exemplo, precisa apresentar bom funcionamento no ecocardiograma; o fígado deve ter enzimas em níveis seguros e estrutura preservada; os rins são avaliados pela função urinária e níveis de creatinina. Além disso, é preciso verificar se há infecções, lesões ou doenças que possam comprometer a segurança dos receptores”, explica a enfermeira.

Mas nem todos os pacientes são aptos a doar. Existem situações que impedem totalmente a doação, chamadas de contraindicações absolutas. Entre elas estão infecções graves e ativas, como sepse (infecção generalizada), HIV, hepatites em fase aguda e pacientes com câncer no geral. Também há contraindicações relativas, que dependem de uma avaliação mais aprofundada da equipe médica, como o uso contínuo de drogas, idade avançada, ou um tempo de parada cardíaca prolongado antes da morte encefálica, o que pode comprometer a qualidade dos órgãos.

Após o diagnóstico de morte encefálica, manter o corpo funcionando até a retirada dos órgãos exige cuidados intensivos. O paciente permanece na UTI, com ventilação mecânica, medicamentos para manter a pressão arterial, controle de temperatura, reposição de hormônios e monitoramento constante. Mesmo sem atividade cerebral, esses cuidados são essenciais para que os órgãos não entrem em falência antes da captação. “É um trabalho que exige dedicação, respeito e responsabilidade. É o cuidado com quem já partiu para salvar quem ainda tem chance de viver”, evidencia Raíssa.

Vida nova – Luana de Oliveira Machado(fotos ao lado e abaixo), de 33 anos, enfrentou uma longa jornada até conquistar qualidade de vida. Ela passou por dois transplantes renais e faz questão de reforçar a importância da doação de órgãos. “Nunca imaginei passar por tudo o que vivi. Nasci com apenas um rim, que quase não funcionou. Fiz meu primeiro transplante, mas tive complicações e precisei de outro. Foram 9 anos em hemodiálise, e nesse tempo ainda sofri um AVC enquanto aguardava uma nova chance. Mas, pela graça de Deus, estou aqui”, relata.

O segundo transplante foi realizado há cinco anos no Hospital do Rim, em São Paulo. Desde então, Luana conta que sua vida se transformou. “Hoje posso viajar, me divertir, viver sem a pressão da hemodiálise. Ganhei várias chances e tento honrá-las todos os dias. Sou diabética e não posso ser doadora, mas, se pudesse, ajudaria com certeza. Sei exatamente como é estar do outro lado. A quem espera, eu digo: não desista. Deus age na hora certa. E a quem pode doar, por favor, doe. A doação salva vidas, e eu sou prova disso”, finaliza, emocionada.

Hospital Amigo do Transplante – Desde 2018, o HSV possui o selo de “Amigo do Transplante” da Central Estadual de Transplantes de São Paulo.  “Receber o título de Hospital Amigo do Transplante é o reconhecimento de um trabalho sensível e comprometido, que vai muito além dos procedimentos técnicos. Ele valoriza todas as etapas envolvidas na doação de órgãos, desde a identificação de um possível doador, passando pelo acolhimento respeitoso da família em um momento de dor, até a atuação conjunta com a Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes. Fazer parte desse grupo de hospitais é uma prova de que o trabalho que realizamos no Hospital São Vicente, desde o primeiro atendimento até a concretização da doação, é feito com excelência, responsabilidade e humanidade”, destaca Raíssa.

A doação de órgãos envolve amor, empatia e informação. Quanto mais pessoas estiverem cientes da importância desse ato e se manifestarem com clareza, mais vidas poderão ser salvas. Falar sobre isso em casa é um passo essencial. Afinal, doar é um gesto que ultrapassa a dor da perda e oferece esperança a quem está à espera de uma segunda chance.

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