Quem tem mais de 40 anos foi atormentado durante longo período da sua infância e também juventude por dogmas alimentares assustadores, que com certeza influenciaram decisivamente no cardápio das suas refeições atuais. Lembram do pavor de misturar manga com leite numa vitamina? Ou comer ovo todos os dias? Nos últimos anos a ciência derrubou muito destes mitos e alguns vilões gastronômicos da minha infância atualmente são festejados como heróis. Em compensação, criaram-se novos vilões, como o leite, a carne e as gorduras vegetais. É uma verdadeira ditadura culinária que muda a cada ano, dependendo das novas pesquisas realizadas por especialistas. E a gente fica no meio do fogo cruzado, sem saber se estamos comendo ingredientes saudáveis ou que servem de veneno.
É só acessar a internet e de imediato trombamos com dezenas, centenas de “especialistas” dizendo o que você deve ou não deve comer para ter o corpo perfeito, para ter o cabelo brilhante, para ter os dentes fortes, para ter a pele de bebê, para ter longevidade,para conquistar a juventude eterna. E para nossa surpresa, o que hoje é considerado saudável, amanhã é execrado do cardápio. Vira veneno para nosso organismo. Veja o exemplo da carne: estão querendo transformar o consumo de um simples bife de alcatra num crime inafiançável. Agora a moda é ser vegetariano ou vegano. Mas eu pergunto para meus botões: “o ser humano não é carnívoro por natureza”? Deixo a resposta para os especialistas…
Não é de hoje que a grande indústria alimentícia vem fomentando uma verdadeira ditadura do cardápio. E isso não acontece só no Brasil, mas também em todo o mundo. E o marketing por trás deste trabalho de convencimento é enorme. Quando eu era criança, era saudável tomar leite (por causa do cálcio). Todo dia minha mãe vinha com um copão de leite com café ou achocolatado, acompanhado com uma fatia generosa de pão com margarina(aquela dos comerciais de TV que fazia bem ao coração). Hoje esses alimentos são condenados por 10 entre 10 nutricionistas. O leite virou vilão, considerado danoso por causa da lactose e gorduras (a vaca produz leite para o bezerro, não para você!), o pão é carboidrato ruim e a margarina, então, nem se fala…
No almoço daquela época, mais veneno: muita carne e batata fritas e para ajudar a descer,suco em pó ue a criançada adorava, e tingia até a língua tal a quantidade de química na formulação. Realmente, as gerações dos anos 70, 80, 90 sobreviveram a uma verdadeira catástrofe alimentar. Quem nunca comeu um doce de bar, daqueles que ficavam na vitrine sem qualquer preocupação com as boas práticas de higiene e, pasmem, sem prazos de validade? Hoje seriam considerados veneno. Mas, eu nunca soube que alguém morreu por que comeu uma bananada em forma de triângulo (que tinha um bonequinho espetado) ou um suspiro rosa (coberto com bolinhas coloridas) ou ainda a maria-mole cheia de coco. Que tempo bom!(Foto: hqscomcafe.com.br)
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Hoje o que estamos vivendo é uma imposição do politicamente correto no que se refere aos ingredientes deuma alimentação equilibrada. Com certeza, isso é positivo para qualidade de vida, mas convenhamos,muitas vezes o “politicamente correto”deixa tudo muito chato! Comer bem é um dos grandes prazeres da vida, mas ser cerceado de degustar o que a gente gosta por que está fora dos padrões sazonais sugeridos por“especialistas cibernéticos” é uma bobagem muito grande. Tudo com moderação faz bem, até pastel de feira com torresmo…
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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