A respeito da vivência da eternidade, acabo de ler o livro “Nascemos e jamais morreremos”, escrito por Simone Troisi e Cristiana Paccini – Cultor de Livros – 3ª. edição – 2018. Impactante e da luz.

É a história da jovem italiana Chiara Corbella Petrillo(foto acima), que faleceu em 2012, com 28 anos. Casada com Enrico Petrillo, mãe de três filhos, dois deles a precederam, com poucos minutos de vida, na Eternidade. Ela e o marido viram que seus rebentos não eram da carne, mas do Senhor. A marca de Chiara, ao passar por aqui, foi além dos limites a que estamos acostumados. Contou com a força de Deus e como encontraram em suas anotações: “Para ouvir a Deus, é preciso aceitar não entender; estar disposto a sofrer, renunciar ao mal, isto é, escolher o bem”.

Na apresentação, Padre Vito D’Amato, que a acompanhou até a partida, traduz de maneira exata que a história dela causa admiração e, ao mesmo tempo, assusta e fascina.

Chiara e Enrico se conheceram em Medjugorje e se casaram em Assis. A primeira filha teve como diagnóstico a anencefalia. Maria Grazia Letizia não possuía a calota craniana, mas estava viva. Ofereceram-lhes o aborto provocado. Recusaram de imediato. Era uma vida de fato. Estavam prontos a cuidar de uma criatura que, como encontramos no relato do livro, muitos já descartaram, odiaram e esqueceram no cesto de lixo de algum hospital.

Quando souberam da gravidez, imaginaram que acolheriam uma criança saudável, mas não que a acompanhariam, assim que nascesse, até o Céu. No velório, os pais tocaram, ele o violão e ela o violino, e entregaram uma mensagem que dizia, dentre outras coisas: “Nós a acompanhamos até onde pudemos, agora você conhecerá o Pai…”

Pouco tempo depois, ficou grávida de David e Giovanni. No resultado da ecografia, faltava uma perna e a outra era um toquinho. De início se prepararam para receber um filho com limites. Mais tarde, contudo, foram constatadas as malformações viscerais múltiplas na pelve (bexiga e rins). Como a irmã também não sobreviveu do lado de cá. Em meio às palavras escritas para David na despedida: “Vai, nós lhe acompanharemos com o olhar, meu amor, vai… Vai ver o que existe depois das montanhas, é uma bela surpresa que lhe espera”.

Grávida pela terceira vez, de Francesco, os exames mostraram que não possuía limite algum. Descobriu-se que ela possuía um carcinoma. Por decisão própria, atrasou o tratamento, a fim de que o filho não ficasse sujeito às consequências da medicação. Não aceitou nem mesmo antecipar o nascimento do bebê, para não arriscar a vida dele.

O marido e ela viveram na lógica da Cruz, constataram a força de Deus, foram testemunhas da ressurreição e ofereceram a claridade divina. Viveram o que afirmou São Francisco de Assis: “o contrário do amor não é o ódio, mas a posse”.

Pouco antes da partida, Chiara afirmou ao Padre Vito que o candelabro de Jesus é a Cruz e ele lhe respondeu que era luminosa porque estava sobre o candelabro com Jesus.

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Essa história denuncia minha autossuficiência e minha renúncia à Cruz. Que o Senhor me ajude a contar somente com a força dEle e a ser testemunha de que “nascemos e jamais morreremos”. Bendito seja Deus pelas marcas que Chiara deixou nos caminhos da humanidade!(Foto: www.semprefamilia.com.br)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.