Vivências do CIRCO

Quando vejo uma lona de circo estendida, há um ângulo em meu coração que faz festa, mesmo que não vá ao espetáculo. Parece que estendo a corda de um lado e prendo a estaca no céu.

O primeiro circo no qual estive foi em 1961. Encontrava-se na Rua Atílio Vianelo, onde residíamos. Rua de terra e, pelo mato, pirilampos. Tudo era motivo de alegria. E o circo?! Que coisa boa sair na calçada e verificar que ele permanecia lá. Dentro de mim misturavam-se: palhaços, maçã de amor, trapezistas, perna de pau, pipoca, algodão doce, atirador de facas, contorcionistas, mágicos… Havia animais também e desejava, de todas as maneiras, afagá-los. Não imaginava, na época, o que sofriam para serem treinados. Quanta crueldade!

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Mais tarde, em Poços de Caldas, em 1962, instalaram, na praça central, uma espécie de barraca e um homem ficava dentro de uma caixa de vidro, deitado em cacos, e com uma serpente. A propaganda, que convidava para visitação, dizia que ele passaria quarenta dias no pequeno espaço, alimentando-se somente de líquidos. Despertava o interesse, mas não me enternecia. O cidadão se chamava Ben-Hur. Nos altos falantes se ouvia: “Ben-Hur passará quarenta dias sem ver a luz do sol; Ben-Hur passará quarenta dias sem se alimentar…”

Em um terreno, próximo ao local em que moro, na década de 90, por duas vezes, foi armado o Circo do Tareco. Achava o máximo aquela lona colorida perto de casa, a simplicidade dos atores, a propaganda, a cabra e os cachorros que integravam o show.

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O circo é, para mim, mesmo que o veja apenas por fora, um momento de magia. Nele se encontra o picadeiro de minha infância com contos de fada, bonecas, fantasias, aquarelas, massinha, lig-lig; com o boizinho rosado de pelúcia que me acompanhou por muitos anos… O circo vai e vem, como o pêndulo do relógio que canta as horas. E como diz a música: “Vai, vai, vai terminar a brincadeira, /Que a charanga tocou a noite inteira, /Morre o circo e nasce na lembrança,/ Foi-se embora eu ainda era criança”. (foto acima: www.diariodocirco.com.br)