Vivências DOLOROSAS

Ah, as vivências dolorosas de tanta gente da periferia! O ponto nevrálgico da senhorinha são três dedos do pé. Os pés estão na periferia do sistema circulatório e por isso sofrem mais com qualquer obstrução da corrente sanguínea. Doença arterial, causando o estreitamento ou até mesmo a obstrução completa. A diabetes, o colesterol, a pressão alta… E como dói. Dói sem parar. Dói com os medicamentos. Dói pela dificuldade em resolver. E ela já carrega tantas outras agonias…

É mestra em dissipar prenúncio de tempestade sobre os filhos e netos. Sempre se colocou em segundo lugar. Dessa vez, contudo, a doença, de certa forma, a imobilizou e a colocou em destaque.

Remédios diferentes para acalmar o sofrimento foram indicados nesses dois meses e meio de espera para a resolução. É no hospital do município vizinho que tratam problemas vasculares. Entrou na fila de urgências, interrompida pelo pronto-socorro com suas emergências. Meu Deus, quantas impossibilidades no setor de saúde!

A miséria dói nas periferias das cidades maiores e menores. A miséria dói no atraso de soluções que necessitariam ser de imediato. O ponto nevrálgico da falta de vagas na saúde está na obstrução pelos desvios tantos que vão para o ilícito e o que é lícito encolhe.

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Enquanto isso, na Vejinha São Paulo de 29 de agosto, a matéria sobre “Instagram Ostentação”. Destaque para aqueles que exibem artigos de grife a fim de conquistar seguidores na rede social. “Bolsa da Fendi de R$ 14 mil vale 4.400 curtidas. Já um par de óculos de sol da Chanel de R$ 4.800 rende 1000 likes”.  Uma das entrevistadas, com 347.000 seguidores na rede social, exibe sua coleção de acessórios, que chega a R$ 250 mil e, segundo a matéria, parte deles comprados exclusivamente para exibição.E a socialite com 14.900 seguidores, dentre sapatos e bolsas, sendo que uma delas custou R$ 135 mil.

A senhorinha, sem redes sociais e seguidores, exibia o pé inflamado a quem pudesse se condoer diante de suas carências que a pensão de um salário mínimo não resolve. (Foto: www.pixcove.com)


MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.