Viver dói e, em alguns, antes do tempo de ter compreensão da existência.
Dói nas crianças e adolescentes desnutridos, que crescem com passos para trás no raciocínio.
Dependendo do nível de desnutrição, com suas sequelas, são motivo de bullying em meio aos de sua idade.
Dói para as crianças e adolescentes que residem em espaços diminutos, sem privacidade alguma, e as meninas quando crescem são observadas com olhares de malícia pelos homens da casa, seja pai, irmão, avô, padrasto…
Viver dói na menina abusada, comumente em casa ou em seus arredores, temerosa das ameaças que cava uma cratera por dentro.
Viver dói para crianças e adolescentes que ficam em bares, ao longo das rodovias, sob a “proteção” de alguma cafetina ou cafetão, para os “programas” do dia. Vi isso numa rodovia.
Viver dói na criança cuja mãe engravidou de um turista e já existe, em uma boate, o nome dela para ir a leilão na noite de seus dez anos.
Dói na região dos hotéis de luxo das cidades turísticas para crianças e adolescentes que são oferecidas como objeto de consumo. Em uma delas, ouvi o intermediário perguntar ao freguês se queria uma menina com peitinho ou não.
Viver dói para as crianças e adolescentes que são vendidas a comerciantes do sexo para poder comprar alimentos.
Viver dói em crianças e adolescentes que são vitimadas por líderes “respeitáveis”, que os usam para saciar suas taras.
Dói em crianças e adolescente que necessitam de tratamento para a saúde mental e vão se consumindo enquanto estão na fila.
Viver dói em crianças e adolescentes cujo provedor da casa os assedia e a mãe não acredita em suas falas.
Viver dói em crianças e adolescente que não conseguem acompanhar os estudos em sala de aula.
Viver dói em crianças e adolescentes que, na morte da mãe, o pai os coloca para substituí-la na cama.
Viver dói em crianças e adolescentes filhos de pais alcoolizados, que chegam em casa cambaleando e os agridem.
Dói no bebê no ventre materno, vítima de Assistolia Fetal, ao receber, em seu coração, uma injeção de substâncias com cloreto de potássio e lidocaína, que paralisam os batimentos cardíacos.
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Não compreendo o motivo desse clamor pelo uso da Assistolia Fetal na gravidez fruto de estupro, sem a mesma proporção com as outras dores das crianças e adolescentes.
Não compreendo a razão de não se lutar para que o bebê venha à vida e seja em seguida adotado.
Que triste e tenebrosa a luta para que a morte supere o direito à vida!(Foto: Gül Işık/Pexels)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
É professora e cronista
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