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Você tem comedões? Claro que sim!

Comedões! Palavra estranha para identificar o “cravo”, aquele pontinho preto que teima em residir, principalmente, no seu nariz. E no meu. Mas, pode também, aparecer em qualquer lugar do corpo.

Um dia desses, tirei um imenso comedão de dentro da orelha de meu filho. Foi uma gritaria, mas consegui retirá-lo. Há uma forma correta de extrair esses pequenos incômodos e trataremos disso nesse artigo.

Na verdade, o cravo ou comedão, pode ser o início do processo de formação da acne, tratando-se de acúmulo de células queratinizadas que formam um tampão no folículo piloso.

Pode parar por aí ou, por causa do aumento dos hormônios sexuais (principalmente na adolescência ou não SÓ nesse momento), ocorre um aumento concomitante na produção de lipídios pelas glândulas sebáceas, que ficam retidos e obstruídos pelo tampão formado no folículo.

Esse “caldo” rico em lipídios transforma-se numa refeição saborosa para algumas bactérias, que passam a se multiplicar e a desenvolver um processo inflamatório, formando então, a acne (ou espinha).

A bactéria comumente encontrada no processo inflamatório é o Propionibacterium acnes, entretanto, o Staphylococcus epidermidis e Malassezia furfur também podem ser observados.

Por isso, a dor, o rubor, o calor e o edema observados nos locais acometidos por acne. Lembram-se dos sinais de inflamação? Pois é. Aqui estão eles. E se não tratada adequadamente, a acne pode deixar cicatrizes inestéticas, principalmente, no rosto.

Muitos são os fatores desencadeantes da acne, tais como: questões genéticas e hormonais; uso de medicamentos; cosméticos; estresse e muito açúcar na dieta, embora, questões dietéticas ainda não terem sido comprovadas, o açúcar especificamente, parece alterar a produção de hormônios relacionados à acne (nesse sentido, existem alguns artigos científicos, que afirmam haver influência da dieta na melhora e na piora do quadro).

A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) recomenda o tratamento o mais precocemente possível. Ela afirma que não há mais restrição de idade para tratar o problema, pois, o acometimento emocional e as sequelas são mais dramáticas do que tratar o indivíduo muito jovem.

O tratamento varia de acordo com a localidade e a gravidade das lesões, podendo ser tópico ou medicamentoso por via oral.

Nas formas mais leves, recomenda-se o uso de ácido salicílico, peróxido de benzoíla, retinoides, antibióticos (associados, no mesmo produto, aos retinoides ou peróxido de benzoíla) e ácido azeláico.

Caso o quadro não evolua satisfatoriamente, associa-se o uso oral de antibióticos (da classe das ciclinas, macrolídios ou sulfas) ao tratamento acima descrito.

Especificamente, no caso de mulheres, o uso de anticoncepcional pode ser o tratamento de eleição, desde que não haja contraindicações.

Se for observada tendência à formação de cicatrizes, um importante impacto negativo na vida do paciente, ou ambos, a Sociedade Brasileira de Dermatologia, recomenda o uso de isotretinoína oral, mesmo nos casos moderados.

Particularmente importante o uso por mulheres, pelo risco de gravidez, deve-se descartar totalmente essa possibilidade, pois, esse medicamento pode causar graves má formações no feto atual, porém, nenhum problema para gestações futuras.

É importante associar tratamentos complementares, que auxiliarão no controle da acne, como extração dos comedões (cravos), drenagem de abcessos, peelings químicos, microdermoabrasão, lasers e luzes. Manobras realizadas por esteticista treinada, que manterá a pele limpa e ajudará no controle do processo inflamatório.

Existem níveis de classificação para a acne. Acnes de primeiro grau são as que o paciente apresenta, praticamente, apenas comedões; já, as de segundo grau, apresentam comedões e “espinhas” inflamadas e purulentas. Acne de terceiro grau se manifesta com “espinhas” internas; as de quarto, com comedões e “espinhas”, unidos entre si, formando canais; e, finalmente, as de quinto grau, surgem repentinamente, acompanhadas de febre, leucocitose, dores nas articulações, dentre outros sintomas. Face, peito e costas são as principais regiões acometidas.

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Algumas dicas para evitar transtornos: use sempre cosméticos específicos para pele oleosa/acneica. No caso de protetor solar, evite fatores muito altos de proteção, pois, o ativo é lipossosúvel, portanto, quanto maior o fator de proteção, mais óleo deverá ter a formulação. Vale mais, nesse caso, usar um FPS mais baixo e repassar várias vezes.

Outra dica: evite o excesso de limpeza. Aparentemente melhora o aspecto, porém, com o tempo causa irritação e piora o quadro de acne.

Última dica: após a exposição solar, a pele tem uma melhora, mas é apenas temporária. Cuidado, o processo inflamatório gera inúmeras substâncias que tingem a pele, e o sol pode perpetuá-las.

Nunca, nunca, nunca, deixe alguém “espremer” seus comedões ou pior, a acne inflamadíssima, sem ter noção do que está fazendo. Pai do céu! Quando eu era pequena, observava minhas tias fazendo isso nos meus futuros tios e achava muito nojento. Ainda acho. Isso pode piorar o quadro e deixar cicatrizes terríveis na pele.

As agressões provocadas por má manipulação e pelo próprio processo inflamatório, causam depressões na pele, difíceis de tratar. Portanto evite!

Ahhhh… lembra daquela história que os mais velhos contavam, que meninos que eram muito ativos sexualmente (com as mãos ou não) tinham mais acne? Puro mito meninos! Relaxem.

E, por favor, PASTA DE DENTE não melhora a acne!

Se tudo isso não funcionar, siga a máxima: “Contra cravos e espinhas use photoshop!”


ELAINE FRANCESCONI

Bacharel em Zootecnia (UNESP Botucatu). Licenciatura em Biologia (Claretiano Campinas). Mestrado (USP Piracicaba) e doutorado (UNICAMP Campinas) em Fisiologia Humana. Professora Universitária e escritora.

 

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