ZEZINHO, 70 anos. Cinquenta dedicados ao Tênis Clube

Dos 70 anos de vida, José Orvando de Abreu trabalha nas quadras do Tênis Clube há 50. Virou até sinônimo da instituição. Ele é o Zezinho do Tênis para todos. De pegador de bolinha, passando por jogador, professor e técnico da seleção de Jundiaí, Zezinho é um daqueles ícones do esporte local que merecem ser reverenciados. E nada melhor do que fazê-lo numa data importantíssima: no dia 1º de setembro de 1969 ele começava uma jornada cheia de vitórias e amizades no Tênis. O Jundiaí Agora publica hoje entrevista com Zezinho. E, nas próxima semanas, publicará também entrevistas com alunos e amigos.

O senhor é jundiaiense?

Não. Eu sou mineiro de Ouro Fino.

Veio de uma família grande?

Além do meu pai e minha mãe, eu tinha sete irmãos. Hoje somos em quatro…

Quando veio para Jundiaí?

Eu era criança. Minha família morou na Fazenda Malota. Meus pais eram colonos. Eles colhiam café. Eu ajudava um pouco. De lá, a gente se mudou para o Anhangabaú.

Antes do tênis, o senhor praticava outro esporte?

Eu jogava futebol na Igreja de Santo Antônio, no Anhangabaú. Depois, atuei no Vai Quem Quer e no Brasa, considerado um dos melhores times que o futebol amador de Jundiaí já teve. Além disto pegava bolinha no Bolão. Um senhor, engenheiro do DER, chegou a arrumar testes para mim no São Paulo e também no Corinthians. Eu era meia-esquerda e também jogava na ponta. Diziam que eu jogava bem. Até me comparavam com um jogador chamado Baiano, do São Paulo. Não fui fazer os testes. Recebi o convite para ser treinador de tênis…

Qual era sua idade quando começou a pegar bolinha?

Comece com 11, 12 anos. Tive muita ajuda. O Osvaldão, que foi presidente do Clube Jundiaiense, na época era uma das pessoas que mais incentivava este esporte na cidade.  Assim como o Nelson Cardin, que foi o primeiro treinador de tênis de Jundiaí e me ensinou muito. Depois comecei a jogar pela cidade. Joguei Porto Alegre, em Curitiba. Não era profissional. Mas jogava bem…

Tem ideia de quantos torneios participou e ganhou defendendo Jundiaí?

São 52 anos jogando e também sendo técnico da equipe da cidade. Não tenho ideia de quantos campeonatos participei…

Na família, só o senhor se dedicou ao esporte?

Só… Naquela época todo mundo precisava trabalhar. Não tinha opção de esporte, apesar de morar perto bolão. comecei a jogar futebol na igreja de Santo Antonio. Fui catador de bola nas quadras do Bolão até que cheguei ao Tênis Clube.

Sua família não pressionava o senhor a encontrar um emprego mais ‘normal’

Sim. Nós não tínhamos condições financeiras. Todos tinham de trabalhar. Meu pai foi vigia na Vigorelli. Não faltava comida em casa. Mas todos se arrebentavam de tanto trabalhar. Estudei no Sesi da Vigorelli. E sempre procurei trabalhar para ter um dinheirinho. Assim podia ir na matinê, sair com alguém e comprar algumas coisas.

O senhor chegou a trabalhar na Vigorelli também, não é?

Trabalhei três anos e meio lá. Eu era encarregado de administrar o controle da fábrica. Mas o dono, o Giuseppe ‘Pepo’ Franco, me chamava para jogar tênis no horário de serviço. Ele já me conhecia do Bolão. Eu tinha uns 14 anos. Ele pedi para o médico da empresa me liberar para jogar com ele…

E como foi o convite para trabalhar no Tênis Clube?

Em agosto de 1969 recebi convite para ser treinador. O Flávio Ribeiro era diretor de tênis e o Alfredo di Franchesco, diretor de esportes, me viram jogar. Na época eu atuava pelo Clube Jundiaiense. Eu tinha feito um jogo muito bom e perdido. Foi aí que eles me convidaram para ir trabalhar no Tênis como professor. Falaram que eu tinha de começar no dia 1º de setembro. Eu não entendi muito bem o motivo da data. Só depois é que me explicaram que era aniversário do Tênis. José Sarpi Filho era o presidente na época.

O tênis era um esporte mais elitista do que hoje?

Era muito mais. Quando ia jogar em Porto Alegre, andávamos pela rodoviária escondendo as raquetes. A gente tinha vergonha já que poucas pessoas praticavam este esporte. O Brasil só falava de futebol e o tênis era esporte de rico. Com a ajuda de muitas pessoas pude viajar e jogar.

Sofreu preconceito por ser pobre?

Só uma vez, logo no meu começo no Tênis, uma pessoa disse que eu não ficaria um mês no Tênis. Não por preconceito. Mas porque era mesmo difícil trabalhar ali, principalmente por conta da mentalidade dos ricos daquela época. Mas por ser pobre, nunca sofri preconceito. Esta é uma satisfação minha. Quando a gente se entrega ao trabalho, tem postura, educação, tudo dá certo. Acho que isto é um mérito meu.

O senhor viu vários presidentes passarem pelo Tênis…

Muitos! Nem vou conseguir lembrar o nome de todos. Mas teve o Sarpi, quando entre. Depois vieram o Luizinho Bocchino; o Valter; o dr. Renato Furtado, o Arnando Guimarães; Flávio Ribeiro – que foi um dos que mais batalhou pelo clube -; o Hélio Maffia. Depois veio uma geração mais nova que deu um grande impulso para o Tênis Clube: João Luiz Tomazzoni, que me homenageou, Henri Guiotti, o Paulinho Puttini, João Guilherme Maffia.

Quando o senhor começou a dar aulas no Tênis, o clube tinha muitos praticantes?

As pessoas jogavam mais no Bolão. Não tinha muita gente que jogava no Tênis…

E o senhor acabou virando sinônimo de Tênis Clube…

Sim. Eu sou o Zezinho do Tênis. Acho que isto se deve por eu tentar ser uma pessoa boa, respeitosa, dedicada e também capacitada. Minha formação como tenista foi das melhores por mais de 30 anos…

Quantos alunos o senhor teve nestes 50 anos de carreira como professor?

Uns 500…

Quais vingaram?

O destaque principal é o Júlio Silva. Ele veio de uma favela. Começou como eu, com 10 anos, pegando bolinhas. Lembro que quando fiz o primeiro pagamento dele, R$ 40, ele disse que iria comprar uma coisa que ele não tinha, uma cama. Ele cresceu muito com o tênis. É claro que não foi fácil. Mas, o Júlio venceu. Chegou a ser o 142º do mundo. E hoje é sócio do Tênis Clube. O Júlio teve ajuda de muita gente como o dr. Guilherme, o juiz Edgar, o Juvelino Peixoto, o César Traldi e a Astra. Também tem o Ricardo José Silva que trabalha comigo há muitos anos. Ele faz um trabalho muito bom com crianças. Diferentemente do Júlio que optou por ser jogador, o Ricardo – que é muito talento – quis ser professor.

E os destaques femininos?

A Priscila Ortega foi o maior! Ela começou com oito anos. Foi campeã brasileira. Com 12 anos era a primeira no ranking. Chegou a ser a 700ª do mundo. Depois acabou se desinteressando um pouco. Mas jogava muito bem. Era canhota de alto nível. Também treinei a Vanessa Menga por dois anos. Ela foi campeã de duplas no Panamericano de Winnipeg, em 1999. Chegou a ser a 120ª do mundo em duplas.

O senhor nunca pensou em dirigir a seleção brasileira?

Ter o sonho, eu tive. Mas é algo muito difícil. Tem muita política envolvida…

O senhor faz parte da história do esporte de Jundiaí. Acha que é tratado com o devido respeito?

Creio que sim. Não reclamo. Sou feliz. Acho que outras pessoas que igual a mim ajudaram muito o nosso esporte poderiam ter um trabalho na cidade. Ainda hoje jogo por Jundiaí no Jori e continuarei defendendo a cidade até o momento que não der mais…

O senhor será homenageado pela Câmara Municipal neste ano?

Sim. Por ser mineiro, sempre achei que receberia o título de Cidadão Jundiaiense. Vou receber o diploma de Mérito Esportivo, que me deixa igualmente feliz.

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