Tese apresentada na USP aborda estudo do ZIKA em Jundiaí

ZIKA

A pesquisadora Nuria Sanches Clemente apresentou tese recentemente com o título “Infecção vertical pelo vírus Zika e suas repercussões feto-maternais: achados de uma coorte de gestantes em Jundiaí”. A cidade, em especial o Hospital Universitário, é um dos centros de pesquisa da doença em São Paulo. Segundo a apresentação de Nuria, os estudos dela descobriram que a maioria das mulheres grávidas com Zika na urina são assintomáticas (sem sintomas) e não engravidam com microcefalia. Além disto, os sintomas físicos por si só não diferenciam gestantes de alto risco positivas ou negativas.

Nuria (foto ao lado/rede social) afirma ainda que “as definições de casos clínicos atuais têm baixa sensibilidade para detectar mulheres com a doença e que vivem em áreas ativas de transmissão. A infecção em gestantes de alto risco, de acordo com a pesquisadora aumenta substancialmente o risco de microcefalia desproporcional.

Ela propõe a revisão de casos clínicos para uso em gestantes que moram em áreas com transmissão ativa do vírus. Para Nuria, a desproporção entre perímetro cefálico e peso durante o desenvolvimento fetal deve ser considerada como uma ferramenta diagnóstica para a presença do Zika.

Sobre este assunto, o Jundiaí Agora conversou com o responsável pelas pesquisas, Saulo Passos(foto abaixo), que é do laboratório de infectologia pediátrica da Faculdade de Medicina de Jundiaí(FMJ):

O que é infecção vertical e coorte?

Coorte  é um conjunto de pessoas que tem em comum um evento que se deu no mesmo período. Exemplo: coorte de pessoas que nasceram com Zika entre 2015-2020; coorte de mulheres casadas entre 1990 e 2000; coorte de vítimas do terremoto do Haiti;

Transmissão vertical é a transmissão de uma infecção ou doença a partir da mãe para o seu feto no útero ou recém-nascido durante o parto. As principais vias de contágio são a gestação, o parto e a amamentação. Esse risco pode ser diminuído com medicações e medidas na dose certa.

Quando este estudo da pesquisadora Nuria Sanches começou?

O estudo é da Coorte Zika Jundiaí  iniciou em março de 2016. Eu sou o pesquisador e idealizador do estudo. A Nuria foi pesquisadora-colaboradora da pesquisa indicada pela London School. Ela utilizou dados para o seu doutorado. Ela não é de Jundiaí, é aluna da Faculdade de Saúde Pública da USP.

A tese prova que antes de 2014, o Zika não era tão perigoso. Depois do surto, isto mudou?

Não se sabe se o virus Zika circulava antes de 2014.

Quantas mulheres foram pesquisadas? Por quanto tempo?

No total, 782 gestantes até nascimento da última criança. A pesquisa da dra. Nuria durou em média dois anos. Porém, a coorte Jundiaí continua realizando esta pesquisa e futuramente apresentará resultados bem expressivos.

A hipótese só foi comprovada após o nascimento dos bebês?

 Sim.

Quais os números de bebês infectados? Quais problemas apresentavam?

20% dos bebes infectados tem problemas de acuidade visual, dificuldade de engolir alimentos e/ou atraso desenvolvimento neuro psicomotor. A coorte Zika Jundiaí continua avaliando os bebês pois novos dados aparecem com o desenvolvimento das crianças.

Quais as principais descobertas deste estudo?

Existe 50% de casos de Microcefalia sem diagnóstico etiológico que precisam novos técnicas para sua identificação. Por exemplo, existe um grupo estudando placenta das mães que indica haver receptores nessa placentas que facilitariam a entrada do vírus. Isto é importante para utilizar fármacos no futuro.

A pesquisadora propõe revisão dos casos clínicos. Por quê?

A infecção pela Zika é dinâmica e as crianças precisam ser acompanhadas pelo menos três anos para saber o que aconteceu de fato.

O que estes dados trazem para as pesquisas do Zika?

Somos a única coorte que estuda mães e crianças doentes e não doentes.
Fazemos parte do grupo de estudo das coortes brasileiras lideradas pelo Ministério da Saúde. Recentemente fomos convidados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para integrar o grupo de estudo mundial.

As informações já estão sendo colocadas em prática de alguma forma?

Atendemos crianças infectadas e não infectadas da região semanalmente por meio de mutirões. Estas pessoas são acompanhadas pelos alunos da Pós-graduação da FMJ e voluntários. Mais de 2500 atendimentos já foram realizados  em crianças. Em breve será inaugurado o Ambulatório de Zika da FMJ. Será o primeiro desse gênero. Estamos colaborando com os municípios pois absorvemos esta demanda de atendimento.

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