Prezado senhor Pedro Álvares Cabral: as linhas abaixo servirão para mostrar que o feito de 1500 acabou se transformando em vergonha para, hoje, 200 milhões de brasileiros. Poderíamos, todos nós brasileiros, estarmos felizes por morarmos num país onde não há terremoto, maremoto ou qualquer outro fenômeno da natureza, como tufões, por exemplo. Mas os tufões, maremotos e terremotos estão sendo postos em prática por seres humanos. Se é que podemos chamá-los de seres humanos! Sim, porque além de serem vergonha para os brasileiros acabam sendo também vergonha para o que se chama de seres humanos.
Talvez fosse preferível que tivesse encontrado o caminho para as Índias, não se perder no Oceano e ouvir o grito de “terra à vista!” e se entusiasmar com a descoberta! O entusiasmo hoje, 517 anos e alguns meses depois, é decepcionante. Há políticos neste País, senhor Cabral, que estão presos porque são corruptos. Há políticos que são presos hoje, soltos amanhã mas voltam para o presídio depois. Há outros que não têm tornozeleira eletrônica porque os presídios estão ficando lotados ou porque fizeram acordos de delação premiada e têm suas penas abrandadas. Há um político, senhor Cabral, que tem seu sobrenome e, imagino, possa ter algum parentesco contigo e que vive dando ordens ou tendo privilégios dentro da prisão onde está há mais de um ano. O estado do Rio de Janeiro que tem uma cidade maravilhosa, imagino, que esteja vivendo as maiores decepções. As denúncias de corrupção são incontáveis.
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Se são incontáveis as denúncias neste estado citado acima, diria que elas passam, inclusive, pelo Palácio do Planalto onde há um homem com o título de presidente da República e que troca parlamentares do Congresso para se garantir no cargo. Há neste Congresso, senadores que mudam penas para manter no local, políticos acusados de corrupção. Enfim, senhor Cabral, o povo elegeu políticos para serem suspeitos de crime e criminosos são presos e colocados atrás das grades. Mas as penas são sempre abrandadas: há juízes que liberam presos, há juízes que prende novamente políticos. Há, enfim, senhor Cabral, falta de acertos entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário neste País onde as leis são alteradas para manter no crime muitos políticos. Claro que não todos, senhor Cabral, mas a lista de denunciados é tão grande que os não suspeitos desaparecem da mídia para não dar sinais de que podem estar envolvidos.
Senhor Cabral, este é um pequeno relato de como está este país que sua frota descobriu em 1500. Melhor seria, como disse, que o caminho das Índias fosse encontrado antes daqui porque acabamos descobrindo que há pessoas por aqui que se pode dizer que o crime compensa!
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com