Em um posicionamento que só pode ser explicado pela queda óbvia de faturamento após os maiores anunciantes mostrarem-se também os maiores corruptos do país, a mais conhecida revista semanal do Brasil dá uma guinada que já se antevia para atacar frontalmente a Lava Jato e suas franquias que se espalham por vários Estados. Afirma que vivemos num Estado policial, o que não é verdade.
Vazamentos que agora incomodam a revista foram por ela utilizados sem quaisquer escrúpulos enquanto seguia sua linha editorial clássica, liberal e antipetista. Quando se vê alvo de críticas, porém, como as de Reinaldo Azevedo (que vazaram e levaram a seu pedido de demissão), mostra sua visão muito peculiar de democracia – que serve quando ataca, não quando é atacada.
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Houve erro, sim, em dar publicidade ilimitada às delações dos irmãos Safadão Batista. Mas isso não transforma o bom em ruim, nem desmerece a maior investigação contra o colarinho branco que já se fez no Brasil. Contra erros do Judiciário existe o recurso ao próprio Judiciário, aos tribunais superiores ou ao Colegiado, quando a decisão do órgão máximo, o STF, for individual (chamamos de monocrática, e foi o que aconteceu com a decisão equivocada de Fachin em não limitar desde o primeiro momento as interceptações , que acabaram trazendo conversas sem interesse investigativo a público.
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Muito pior do que o suposto Estado policial sempre foi o Estado omisso, na investigação e no julgamento de poderosos anunciantes. Quando estes minguaram, a linha editorial e a ideologia da Veja veio mudando, veio mudando e mudou. Vejam só! Tudo é mesmo muito relativo…(foto acima: www.brasil247.com)
CLÁUDIO ANTONIO SOARES LEVADA
Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Mestre/USP e Doutor/PUCSP em Direito Civil. Professor e Coordenador do Núcleo de Prática Jurídica do Unianchieta. Professor da Pós-Graduação da PUCSP em Direito Civil. Diretor Jurídico da Associação Paulista dos Magistrados.