Não me lembro de um quadro de tanta indefinição, de incertezas na política brasileira às vésperas de um ano eleitoral. Situação que talvez se explique pelas dificuldades dos dois maiores partidos políticos de nosso País: o PT e o PSDB.
No Partido dos Trabalhadores, a grande dúvida sobre a possibilidade de Lula ser candidato deixa em aberto como se dará a participação do partido no processo eleitoral. O PT – que sempre foi protagonista nas últimas eleições no Brasil – depende (e muito) da sua maior estrela para a disputa, pois se é verdade que a crise abalou fortemente o PT, também é verdade que Lula ainda é a maior liderança popular, conforme mostram as pesquisas. Um plano B, como o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, passa a ser uma alternativa e, apesar de ser um político com trajetória consistente, ainda é uma incógnita, mesmo com o apoio de Lula.
No PSDB, o desgaste daquele que era a maior liderança do partido na última eleição, o senador Aécio Neves, abriu um processo de disputa interna que ainda permanece. Alckmin viu sua criação, o prefeito João Dória, se entusiasmar com os números de pesquisas de início deste ano e entrar na disputa. Ocorre que o prefeito abdicou de governar São Paulo para se cacifar em viagens pelo Brasil, demonstrando um “carreirismo político” que tanto criticou na classe política. Se somarmos os problemas de gestão que enfrenta em São Paulo o resultado foi uma grande queda de avaliação do governo. Basta mais um anúncio de pesquisa e se comprovada a queda, Dória dá adeus as suas pretensões. Com Dória fora do jogo Alckmin terá de enfrentar um outro adversário: seu baixo desempenho apontado nas pesquisas, com alta rejeição.
A crise da política e destes dois grandes partidos fez “sair do armário” a extrema direita até então silenciosa. É o caso do candidato Jair Bolsonaro que além de flertar com o militarismo traz a discussão os chamados temas morais, que vivem um verdadeiro retrocesso no mundo. Visto como um risco a democracia, o candidato está hoje ocupando a segunda colocação nas pesquisas.
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No campo das alternativas temos a Rede Sustentabilidade com a candidatura de Marina Silva e o PDT com Ciro Gomes cujos desempenhos estão associados à confirmação ou não da candidatura de Lula, como também mostram as pesquisas. Ainda temos outras candidaturas sendo cogitadas mas ainda não confirmadas dos partidos como PSD, Podemos, PSOL, dentre outros.
Especialmente por conta da indefinição dos dois maiores partidos e da atual rejeição à política alguns partidos ensaiam lançar outros “Dórias”, ou seja, personalidades da mídia que são populares ou que se dizem “não políticos” mas que na prática se revelam, na maioria das vezes, como aventuras que apenas colocam em risco os destinos do nosso país.
Faltando menos de um ano para as eleições vivemos uma grande indefinição com relação aos nomes que disputarão a Presidência. Em que pese todas as dificuldades atuais, inclusive o desinteresse, é necessária uma profunda reflexão sobre o momento que vivemos e a construção, pelos partidos, de programas consistentes e equilibrados para estabilização da nossa democracia e fortalecimento do nosso desenvolvimento econômico e social.
PEDRO BIGARDI
É jundiaiense, 57 anos, engenheiro civil, casado com Margarete e pai de Patricia, deputado estadual (2009 – 2012) e ex-prefeito de Jundiaí (2013 – 2016).