LANDÃO sumiu há dois anos. Sofrimento da família só aumenta

LANDÃO
Roberta: “Conviver com isto é angustiante”

Há exatamente dois anos, Orlando Teixeira Peres, o Landão, saiu de casa, na vila Progresso e nunca mais foi visto. Ele tem deficiência intelectual, Mal de Parkinson e completará 62 anos. Sem notícias, o sofrimento da família só aumenta. A gestora de Recursos Humanos, Roberta Peres, colaboradora do Jundiaí Agora contou como vem sendo o drama dos parentes e amigos. Ela é sobrinha de Landão. No ano passado ela, quando o desaparecimento completou um ano, Roberta escreveu uma crônica sobre a dor de quem passa por esta situação. A entrevista:

Quando exatamente seu tio desapareceu? Onde ele ia?

Ele desapareceu no dia 15 de novembro de 2018. Apesar da deficiência de intelecto grave, por morar a 60 anos no mesmo lugar, ia até o final o final da rua ou até uma praça próxima e voltava. Era conhecido por todos na região.

Ele costumava sair sozinho?

Não. Ele sempre estava junto dos seus irmãos.

Orlando tinha deficiência intelectual. Bebia? Ele se desorientava facilmente?

Não bebia, fumava ou algo do tipo. A desorientação por conta da deficiência é algo comum. Fazia uso de remédios controlados e possuía mal de Parkinson.

Sabem se brigou com alguém?

Não teve nenhum tipo de desavença.

O que a família fez na ocasião para tentar localizá-lo?

Ele saiu na hora do almoço e não retornou. Por volta das 17 horas começamos as buscas. A família inteira foi mobilizada. Estávamos em mais de 30 pessoas na rua. Depois, todos os dias durante duas semanas seguidas, familiares e amigos saiam para as ruas. Dividimos Jundiaí por setores. Cada um ia para uma região. Ao todos fomos a mais de 15 cidades vizinhas, inclusive São Paulo. Em todas cidades fomos aos hospitais, falamos com os assistentes sociais. Parávamos nas guaritas das guardas municipais, polícias. A maioria já sabia do desaparecimento dele. Pregamos mais de cinco mil cartazes. Eu e minha prima fomos em todas as estações de trem de Jundiaí até a Luz pregando cartazes. Também estivemos em sopões comunitários, entregas de agasalhos, fomos nos pontos de ônibus, tentamos ver as imagens do transporte público. Divulgamos nas redes sociais. Temos um vídeo gravado com milhares de acessos. Foram publicadas matérias em vários jornais na época. Tentamos também divulgar nos programas de televisão que mostram mais casos policiais. Respondiam que não valeria fazer uma matéria já que ele tem deficiência de intelecto e 60 anos. Perguntavam se ele não tinha cartão de crédito e documentos. O Landão é uma criança. Ele não sabe o que é cartão ou dinheiro. Como não tinha hábito de sair de casa, não levou os documentos. Na época, uma parente trabalhava em um centro comunitário de São Paulo e também conseguiu uma grande divulgação do desaparecimento. Todos os abrigos de moradores de rua do Estado de São Paulo tinham foto do Landão. Também estivemos em todos os Institutos Médicos Legais(IMLs) das cidades vizinhas. Entramos em contato com hospitais psiquiátricos. Fomos em casas de reabilitação para dependentes químicos. Falamos com moradores de rua, paramos embaixo de viadutos. Muitas vezes correndo o risco de sofrermos assalto.

Não houve nenhuma pista concreta sobre onde ele estaria?

Nunca tivemos nenhuma pista.

Como vocês estão dois anos depois? Qual o sentimento? Impotência?

Conviver com isso é angustiante, não saber onde ele está, se está se alimentando ou alguém cuidando nos traz sim um sentimento de impotência… Cada dia que passa esse sentimento aumenta e muitas vezes nos faz pensar que talvez não conseguiremos mais achá-lo. Mas o que nos faz seguir é a esperança e o amor que sentimos por ele.

Como é conviver com esta dor de não saber o que aconteceu com ele?

É sufocante… nos perguntamos diversas vezes o que aconteceu e o que pode ter ocorrido. Infelizmente passa muitas coisas pela nossa cabeça… isso nos coloca no chão!

A família crê que ele está bem?

Temos esperança que sim, mas também temos consciência das limitações físicas e mentais dele. Então isso se transforma em um misto de sentimentos. Queremos uma resposta.

Neste período vocês conheceram outras famílias que têm entes queridos desaparecidos? Se sim, como é este relacionamento? Há uma corrente de ajuda? 

Conhecemos muitas histórias, estamos em algumas ONGs. Alguns casos já tiveram um desfecho. Mas não mantemos contato diretamente. Estamos sempre informados e principalmente antenados quando localizam alguém.

Se alguém tiver informações sobre Landão como deve proceder?

Entrar em contato com o 190. Infelizmente o número de pessoas que nos ligam é grande e muitas informações são desencontradas. Por orientação da Polícia e visando nossa segurança, fomos orientados a manter o canal de informações apenas através deles.

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