RECUPERARThales não é filho de Maiza. Ele veio para a casa da cuidadora de idosos através de uma filha legítima que morava no Rio de Janeiro. A mãe biológica do menino não tinha casa nem condições de cuidar dele e resolveu entregá-lo. O bebê passou o primeiro aniversário, no dia 3 de fevereiro de 1998, na casa da mãe de coração. No dia 18, os oficiais de Justiça apareceram. “Tiraram o Thales do meu colo, não mostraram nenhum documento, disseram que receberam uma denúncia anônima e teriam de levá-lo para o juiz ver”, conta Maiza. A família só iria ver a criança um ano depois. Hoje, com quase 30 anos, Thales é lutador de MMA, mora em Manaus, no Estado do Amazonas, e agradece a Deus por não ter sido adotado por um casal estrangeiro.

Enquanto o garotinho passava os dias na Casa Transitória Nossa Senhora Aparecida, no Anhangabaú, Maiza lembra que ia para o Fórum. “Conheci um senhor cujo o neto também tinha sido retirado pela Justiça, o seu Manoel. Foi quando começou o movimento das Mães da Praça. A gente se reunia todas as segundas-feiras em frente ao Fórum pedindo que a justiça fosse feita e pedindo também ajuda da imprensa. Ficávamos lá debaixo de sol e de chuva. Todos os dias aparecia uma mulher falando que o filho tinha sido tirado dela sob a acusação de maus tratos e desnutrição. Lembro que éramos em 55 pessoas”, relembra.

RECUPERAR

RECUPERAR

RECUPERAR

As Mães da Praça do Fórum chamaram a atenção da imprensa e foram destaque em programas de televisão. Também foram para Brasília conversar com o então ministro da Justiça, Renan Calheiros, e participaram da CPI do Judiciário, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Mas não eram unanimidade em Jundiaí. De acordo com Maiza, muitas pessoas passavam pelas mulheres e desejavam sorte. “Outros diziam que era melhor para as crianças terem sido retirados das famílias”.

O drama da cuidadora de idosos só acabou no dia 29 de janeiro de 1999. Segundo ela, nesta época várias mudanças ocorreram na Vara da Infância e da Juventude de Jundiaí. O juiz Luiz Beethoven Giffoni Ferreira fora promovido a desembargador e tinha sido transferido para São Paulo. No lugar dele assumiu o juiz Jefferson Barbin Torelli. “Naquele dia recebi um telefonema e falaram que eu poderia ir buscar o Thales na creche da Parmalat”, explica. Na época, a indústria mantinha uma creche cujo nome correto era Aldeia M & M Tanzi e também recebia crianças apreendidas pela Justiça.

RECUPERAR

Thales só ficou sabendo de sua história na adolescência. “Para mim não fez a menor diferença. Sempre a tive como minha mãe”. O lutador de MMA foi para Manaus já que lá, segundo ele, há mais oportunidades. Ele afirma que nunca parou para pensar como teria sido sua vida caso tivesse sido adotado por um casal estrangeiro. “Fiquei com ela não por sorte e sim por Deus”, conclui ele.


RECUPERAR

“DEUS MARCOU DIA E HORA PARA EU REENCONTRAR MEU FILHO”

DA PEQUENA LIDINEIA SOBROU APENAS UMA IMAGEM DESFOCADA

O SOFRIMENTO INFINITO DE FABIANA, HÁ 20 ANOS SEM VER OS FILHOS

ADOTADOS POR HOLANDESES, IRMÃOS DE JUNDIAÍ QUEREM REVER FAMÍLIA BIOLÓGICA