Dezembro chegou e normalmente traz consigo um clima de reflexão. Dia destes o portal Tudo.com.vc publicou uma matéria sobre as dificuldades da ‘esquerda” em Jundiaí neste momento e as lideranças ouvidas conferem a mim a responsabilidade por esta situação, que não é diferente do restante do País. Tais lideranças afirmam que minha saída do PCdoB em 2016, após 32 anos de militância no PT e PCdoB, acabou gerando dificuldades para a eleição de vereadores neste campo, o que é parcialmente verdade, apesar de serem muito mais amplas e complexas as explicações para os resultados eleitorais.
Mas deixando a crise da esquerda para outro momento, o que me impressionou foram alguns posicionamentos sobre o nosso governo, ainda que na superficialidade já que não era o tema principal da matéria.
Ao contrário do que foi dito, houve durante nosso governo, uma clara mudança de foco em relação ao passado. Passou-se a ver a cidade como um todo, com forte prioridade para as periferias que viviam esquecidas em relação a investimentos. O jardim Novo Horizonte, Almerinda, o São Camilo, o Tamoio, a Vila Ana, o Sorocabana, o Tarumã e outros receberam investimentos e passaram a pertencer ao mapa da cidade. A habitação foi feita, pela primeira vez na história, para quem mais precisava, pois nunca o programa Minha Casa Minha Vida tinha sido direcionado aqui na cidade para a faixa de renda até três salários mínimos.
O enfrentamento se deu na ação concreta e priorização da população que mais precisa. Por isso subsidiamos pela primeira vez na cidade a tarifa de ônibus mantendo em R$ 3 durante todo o governo, com o benefício do Bilhete Único e frota em constante renovação. Isso foi feito no passado?
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Através de uma educação com inclusão entregamos todos os anos o uniforme e o kit de material escolar com qualidade. Isso não era peso no orçamento como alguns vêem, era a satisfação e o compromisso de ver as crianças indo pra escola com mais autoestima, amor próprio, alegria. Sem falar nas outras conquistas que deram a oportunidade as pessoas que retornaram aos estudos através do EJA (Educação de Jovens e Adultos) e a vinda do Instituto Federal para Jundiaí.
Outra mudança de foco foi a reestruturação da Saúde. Ouço hoje um monte de baboseiras sobre esta área. As dificuldades de atendimento existem e se agravaram com a crise do País, mas a raiz dos problemas não está no município, está na omissão, incompetência e irresponsabilidade dos governos Estadual e Federal.
Espertamente, nossa oposição na cidade soube imputar ao nosso governo a crise da saúde, e agora já mudaram o discurso colocando na mesa a responsabilidade dos demais governos. A reestruturação do Hospital São Vicente havia sido iniciada, a repactuação das responsabilidades com os municípios da região estava em andamento e a construção das UPAs seria o alivio para que os hospitais cumprissem seu verdadeiro papel. Esta mudança que estava sendo executada não é, nem nunca foi igual a políticas anteriores.
E o que dizer da visão de cidade do nosso governo. Uma cidade planejada e de todos, não fonte de ganhos especulativos. Foi assim com o Plano Diretor, vencemos as negociatas, preservamos nossos mananciais, a Serra do Japi e a Zona Rural. Não houve enfrentamento?
A cidade passou a pertencer às pessoas, na cultura das sextas-feiras, nos novos parques, nos parklets, no esporte presente em todos os cantos, nas pontes que ligam bairros como no Novo Horizonte sobre o Rio Jundiaí e da Ponte Torta que nos liga ao passado. Das escadas nas favelas do Tamoio que faz uma família comemorar o acesso, até o Escadão do centro, antes esquecido, agora revitalizado.
Nós conquistamos as alças e viadutos da Anhanguera junto ao Governo do Estado, a maior obra viária da história de Jundiaí, e sabemos, que nossa conquista é muito maior e mais importante que os falsos discursos e ingratidões.
Trabalhamos para buscar empregos em meio a crise, mas soubemos pensar o futuro, fazendo uma incubadora de empresas de verdade e não ” pra inglês ver” ,iniciamos o Parque Tecnológico, fomos selecionados pela Universidade da Alemanha para pesquisa de tratamento de lixo e projetamos o sistema de ônibus BRT, como da Colômbia.
Respeitamos o funcionalismo como nunca se fez, ao invés de tratá-lo como um problema, um gasto da folha, como ocorre habitualmente. Foi assim que contratamos e valorizamos guardas municipais, professores, cozinheiros e centenas de outros profissionais.
As Coordenadorias que criamos inovaram e colocaram o negro, o idoso, o jovem, o deficiente, a mulher, a população LGBT no debate e na concepção das políticas.
A Festa teve Uva, teve Amizade, o parque se enfeitou de artesanato feito a mão, as pessoas brincaram marchinhas nas ruas sem gás lacrimogêneo.
Erros existiram, e devemos ser analisados e julgados pelos erros, acertos, e principalmente pelo que de fato nos move e não por rótulos que nos atribuem. (foto acima: Erika Sarti)
PEDRO BIGARDI
É jundiaiense, 57 anos, engenheiro civil, casado com Margarete e pai de Patricia, deputado estadual (2009 – 2012) e ex-prefeito de Jundiaí (2013 – 2016).