A moça observava livros diversos, um pouco distraída, sem se fixar em algum deles. De repente, teve um impacto ao se deparar com “Aladim e a lâmpada maravilhosa”. Ouvira a história nos raros meses em que estudava. Sua família, embora não fosse de origem cigana, era nômade. Um dia aqui, outro dia ali.
Aladim, o jovem adolescente rebelde que se recusou a aprender o ofício de alfaiate do pai. A mãe o considerava imaturo e que não percebera ainda que a infância passara. Com a morte de seu pai, surgiu o feiticeiro ou mágico. Aladim, a pedido do mágico, entrou na caverna que continha jóias e moedas de ouro, para retirar de lá a lâmpada. Ludibriado pelo mago, acabou preso na mesma. Após um gesto acidental de esfregar a lâmpada, um gênio bom se manifestou e concedeu a Aladim a realização de seus pedidos. O gênio, na interpretação de alguns estudiosos, seria uma espécie de entidade, designado para cada pessoa, quando do seu nascimento. O ato de esfregar a lâmpada trouxe luz e consciência ao rapaz. Ele ainda enfrentou provações, entretanto as venceu com a ajuda do gênio.
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A moça, menina ainda, foi na conversa do mágico. Ele era capaz de tirar da cartola coisas incríveis. Quando a levou, até a “caverna” na beirada do rio, imaginou que ali encontraria um baú com brinquedos, aqueles que vira com as meninas das localidades por onde passara e que jamais tivera. Sem poder reagir, experimentou carícias sombrias. Transformou-se, em segundos, de criança em boneca-fantoche. Não viu a lâmpada e a lamparina estava sem azeite. Por mais que friccione as “lâmpadas” que encontra, o gênio da luz não aparece. Existe apenas um raiozinho anêmico em suas memórias turvas. Deve ser por isso a sua perturbação ao dar de encontro com histórias que dizem de ilusionistas. (Foto: www.universal.org)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de vulnerabilidade social. Acesse o Facebook de Cristina Castilho.