Comemora-se o “Dia do Escritor Jundiaiense” em 2 de dezembro. Por coincidência, arrumando meus arquivos, encontrei cópia do Projeto de Lei 3.478/80, autoria do então vereador Ary Castro Nunes Filho, recentemente falecido. Uma coincidência feliz, tanto para relembrar o autor do projeto, quanto de quem o atendeu e sancionou a Lei que instituiu esse dia, o prefeito Pedro Fávaro!
Não foi só esse ato pela cultura que o então prefeito atendeu, houve inúmeros outros! Em sua homenagem, um grupo de escritores fundou, no ano de seu falecimento, 2004, uma associação com o nome: Grêmio Cultural Professor Pedro Fávaro. Não temos conhecimento de outra homenagem a esse homem público que tanto fez pela cidade.
Voltando ao dia dois de dezembro, “Dia do Escritor Jundiaiense”, 2 de dezembro foi escolhido em homenagem a Wenceslau de Queiroz, nascido nesse dia, em 1865 e falecido em 1921. Hoje, restam poucas lembranças desse jundiaiense que foi jornalista, juiz de direito, deputado estadual, escritor, crítico literário e musical. Formado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de São Paulo buscava, na metrópole, informações sobre o que acontecia no mundo das artes.
Jundiaí, nessa época, possuía poucos habitantes e, nas ruas estreitas do centro, trafegavam carroças carregadas, levando tropeiros e produtos para venda. A sede de conhecimento de Wenceslau de Queiroz não era saciada pela pacata cidade daquela época e ele trazia, de São Paulo, notícias dos grandes acontecimentos.
Foi redator-chefe do “Correio Paulistano”, do “Jornal do Comércio” e do “Diário Popular”. Fez parte de vários grupos com outros intelectuais; criticava, com veemência, a literatura e a arte baratas.
Inteligente polemista vencia com facilidade os seus adversários. Escrevia impressões e fundamentos sobre o movimento simbolista no Brasil. Promovia reuniões que contavam com a presença de gente ilustre como Raul Pompeia, Edmundo Lins, Afonso Arinos, Vicente de Carvalho e outros intelectuais da época.
Em 1905, criou, com amigos, o Conservatório Dramático e Cultural de São Paulo e foi um dos fundadores da Academia Paulista de Letras, onde ocupou a cadeira número 9, tendo escolhido Alvares de Azevedo para patrono.
Recebeu o cognome de “Baudelaire Paulista” porque escreveu “Rezas do Diabo”, obra parecida com “Flores do Mal” do francês Charles Baudelaire.
Assim como o escritor francês, o jundiaiense Wenceslau, respeitado pelos escritores e artistas da época, teve uma vida muito sofrida, perdendo vários filhos ao mesmo tempo. Tinha, como catarse, dedicar-se mais e mais à Literatura e às Artes, essas atividades faziam-lhe bem.
A cidade de Jundiaí, em justa homenagem, instituiu a Lei Municipal 2479/81 – pelas mãos do Prefeito Pedro Fávaro – o “Dia do Escritor Jundiaiense” na data de nascimento de Wenceslau de Queiroz.
No artigo 2º da Lei citada reza: “ A Secretaria da Educação, Cultura e Esportes (a pasta era assim na época) organizará o programa de comemoração alusivo à data, com a colaboração das Academias de Letras e entidades civis ligadas à atividade literária.A comemoração instituída por esta Lei deverá integrar o Calendário Municipal de Eventos”.
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A Academia Jundiaiense de Letras, em justa homenagem, tem seu nome como patrono da cadeira número 21. Quem fez a escolha foi o escritor Aristides Prado, falecido, que foi o primeiro ocupante. Hoje, a ocupante é a professora e escritora Mara Lígia Biancardi.
O presente artigo é para lembrar a todos que labutam na área literária que existe uma data alusiva e, também, para não deixar o nome do jundiaiense Wenceslau de Queiroz, nascido em 2 de dezembro de 1865, ficar esquecido.(Foto: www.nyugat.hu)
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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