DISCURSO DE ÓDIO e suas consequências

discurso de ódio

Quem segue redes sociais deve ter percebido que, nos últimos dois ou três anos, o discurso do ódio cresceu no mundo e, de um modo especial, no Brasil. Um dos grandes nomes ligados a este tipo de ação, chama-se Donald Trump, milionário americano que se elegeu presidente dos Estados Unidos e iniciou luta ferrenha contra a forma como era realizada a eleição americana. Mesmo se elegendo dentro deste sistema. No Brasil, coincidência ou não, a direita elegeu o ex-capitão, Jair Messias Bolsonaro, em 2018, e viu o mesmo seguir o discurso do americano. Pode o leitor perguntar: “mas onde o discurso do ódio se encaixa neste texto?” E a resposta é clara simples: “calma que eu chego lá!”

Para não ficarmos longe do mais próximo, o Jair, que não tem nada a ver com Messias, assim que assumiu o governo iniciou uma série de críticas e perseguições ao ex-presidente e, naquela época, presidiário, Luís Inácio Lula da Silva. As palavras, que se transformaram em perfeitos palavrões saídas da boca do ex-capitão, cresceram quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a suspensão dos processos que envolviam Lula e terminaram na libertação do mesmo.

Jair engrossou a voz, transformou seu dia a dia no Planalto, onde trabalhava, segundo a grande imprensa, quatro horas apenas por dia, numa continuação do palanque eleitoral de 2018 – se é que chegou a discursar, porque a história da facada acabou sendo o motivo de sua eleição. Como se o Brasil precisasse de mártires para ser um grande país.

Mas se Charles André Joseph Marie de Gaulle, teria dito, quando era presidente da França que o Brasil não era um país sério, o ex-líder político da ditadura militar brasileira, Francelino Pereira, chegou a perguntar “que país é esse?” que depois se transformou num grande sucesso musical na voz da Legião Urbana, porque Renato Russo, autor da melodia, era o grande nome da banda.

Mas entre questionamentos e poemas a história do discurso do ódio cresce, porque “este não é um país sério!” E Jair sobe no palanque ou em caixas de madeira, ou em carrocerias de caminhões, ou se coloca em pé numa moto para dizer que o processo eleitoral brasileiro era fraudulento. Esquecendo ele que sempre se elegeu deputado e presidente da República, dentro deste mesmo sistema eleitoral. Voltou a pregar o voto impresso, esquecendo que o Brasil já tinha o Pix e que seria difícil para o brasileiro voltar a assinar cheques…

Além de criticar o processo eleitoral, porque Lula já estava fora da cadeia e já liderava as pesquisas, o chefe do bolsonarismo reforçou seu ódio contra o Judiciário brasileiro, criticando os ministros do STF, do TSE, principalmente Alexandre de Moraes, chegando inclusive a cogitar a criação de um processo de impeachment contra o homem que iria comandar o processo eleitoral de 2022.

O discurso cheio de ódio de Jair se espalhou entre seus seguidores que já haviam tentado invadir o STF. A fala odiosa de Jair inflama seus seguidores, sua ação, ao reunir embaixadores em Brasília para criticar o processo eleitoral, em mais um episódio triste, é um desfecho de sua não eleição. Os líderes mundiais passaram a ignorar tudo o que este homem, que afirmava não haver corrupção em seu governo, dizia contra a forma de se votar no Brasil não era confiável.

E Jair perdeu, deixou o Brasil dois dias antes de acabar seu mandato para não passar a faixa presidencial ao seu sucessor, insistindo assim em não reconhecer a derrota nas urnas, porque a forma eleitoral não lhe era confiável. Forma esta adotada por seus grandes seguidores.

Se o discurso já era odioso com relação às eleições e contra o Judiciário, a fala começou a ser adotada por seguidores para propor um golpe militar no País. O ódio cresceu, seus seguidores, que já acampavam em frente aos quartéis e eram mantidos por empresários, decidem invadir o Palácio do Planalto, o STF e o Congresso Nacional.

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O final deste episódio mostrou que, depois de quatro anos, os poderes nacionais – Legislativo, Executivo e Judiciário – se unem para mostrar que a Democracia estava viva no Brasil. Coisa que “capengava” no governo de Jair.

E se Jair já era, e se ele insistia em dizer que não havia corrupção em seu governo, as coisa não caminharam neste sentido: ainda em seu governo, o ministro da Educação foi preso, o ministro do Meio Ambiente foi afastado, suspeito de envolvimento da destruição da floresta Amazônica; o ministro da Justiça está preso, suspeito de ter ajudado nas invasões de 8 de janeiro e de ter participado da criação de um documento golpista encontrado pela Polícia Federal. E, então, Jair é descoberto na tentativa de reaver joias sauditas e que eram de posse do Governo, não dele. O homem teve que depor na Polícia Federal – a mesma que ele comandava, dando ordens para que tudo fosse feito como ele queria.

E se “quem tudo quer, nada tem”, Jair ficou sem as joias e pode se tornar inelegível, frustrando seus seguidores que queriam vê-lo de novo na Presidência da República…(Foto: Alan Santos/PR/Agência Brasil)

NELSON MANZATTO

É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.

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