Quando tinha apenas nove anos, Joaquim viu a mãe chorando. A mãe, a empresária e biomédica Ana Carolina Dias Calligaris, estava vendo os cabelos caírem por conta de uma doença autoimune. O garoto decidiu que deixaria os cabelos crescerem para doá-los para ela. E, quatro anos mais tarde, o menino cumpriu a promessa. Os fios chegaram aos 70 centímetros Leia a entrevista com Ana Carolina, que mora em Jundiaí. Assista aos vídeos que mostram quando Joaquim cortou os cabelos e o mega hair da mãe:
Qual é doença que a senhora tem?
Tenho uma doença chamada espondilite anquilosante (EA), que é uma doença reumática crônica que afeta as articulações da coluna vertebral e no meu caso irradia para as articulações das pernas e braços. Sim, esta correta, as dores são crônicas e constantes, quanto a rigidez da coluna, trato com medicação especifica para evitar a evolução da doença e evitar a fusão das vertebras.
ASSISTA AOS VÍDEOS QUE VIRALIZARAM:
Quando foi diagnosticada? A queda dos cabelos foi o primeiro sintoma?
O diagnóstico de uma doença chegou aos meus 18 anos, como doença autoimune. Meu primeiro diagnóstico foi de Fibromialgia, passando posteriormente por Artrite Reumatóide até o diagnóstico atual de Espondilite Anquilosante, Axial e Periférica em 2015 com 28 anos. A queda dos cabelos se deu devido aos tratamentos, especialmente o citotóxico (metrotexato), o Leflunomida (ARAVA), golimumabe (SIMPONI), infliximabe (REMICADE), dentre outros nesta jornada.
Aos nove anos, Joaquim disse que deixaria os cabelos crescerem para dá-los à senhora. A senhora achou, naquele momento que ele levaria a promessa tão a sério?
Achei lindo, emocionante e reconfortante. Mas, inicialmente não tive a expectativa de que a promessa seguiria. Mas aí, todos em casa também começaram a deixar os cabelos crescer, meu marido e meu filho mais novo também, assim como o irmão mais velho já tinha cabelo grande. Todos se ajudaram nesta jornada.
Levou quatro anos para os cabelos dele serem cortados. Como foi este período? Como a senhora lidou com a perda que continuou? Teve de usar peruca ou não chegou a este ponto?
Durante estes anos, a queda dos fios não era apenas física, mas uma etapa dolorosa da batalha por conta da doença. Além do tratamento com a reumatologista Bruna Giusto, faço acompanhamento com a nutróloga Lana Torres e a nutricionista Natalia Pereira. Desenvolvi uma terapia capilar com laser, produtos naturais e ledterapia nas minhas clínicas em Jundiaí e São Paulo. Permaneço com pouco cabelo, apesar dos fios estarem maior no comprimento, mas pouco no volume, sigo disfarçando as falhas para lidar melhor com toda esta situação. Não precisei usar peruca, consegui me confortar com a volumização através do mega hair.
Como funciona o mega hair?
O Megahair é utilizado para dar volume e alongamento aos cabelos atuais. Na técnica ponto arabesco, é utilizada uma ou mais faixa capilar que é costurada como crochê com o próprio cabelo. Esta técnica não utiliza nenhum tipo de química e nem de cola para ser colocado no cabelo. Não existem contraindicações e pode ser colocado em qualquer tipo de cabelo. Porém, antes de começar o processo, o fio e a textura dos cabelos naturais são analisados para definir qual o melhor cabelo para ser colocado. Outro ponto a ser considerado é o efeito natural que ele proporciona. Além disso, não estraga e nem causa fungos nos cabelos naturais. Para que o mega hair dure por mais tempo, exige cuidados especiais na rotina, que vai desde a forma de lavar, pentear e até a maneira de dormir, escolher um bom shampoo e lavar com muito cuidado e delicadeza, principalmente o couro cabeludo, pois movimentos fortes podem afetar a durabilidade da técnica. Na hora de pentear, separo os cabelos em mechas e escovo uma mecha por vez. Seco com uma ponteira especial no secador para não danificar os fios. A manutenção periódica para manter as telas aplicadas é realizada entre 30 e 45 dias. Não precisarei mais de cabelo para esta técnica, pois já tinha duas faixas de cabelo artificial e agora com as duas telas de cabelo do Joaquim já estou bem feliz e satisfeita.
E os outros sintomas? Estão controlados?
Infelizmente não. Sigo com muita dor na lombar e quadril, dores no peito devido inflamação das articulações entre as costelas, o que me dificulta as vezes na respiração e constante inflamação dos olhos. Busco diariamente seguir meu dia a dia intenso, de mãe e esposa, gestão das clínicas e meus atendimentos como biomédica estética, através de medicações que controlam as dores e as inflamações. Não é fácil, principalmente pela manhã, onde todos os dias me pergunto se vale a pena, mas oro e sigo com meu propósito maior.
Como Joaquim lidou com os cabelos enormes? Os colegas o apoiaram ou sofreu algum tipo de bullying?
Ele tinha um pouco de vergonha, andava apenas com os cabelos presos, em poucas ocasiões andava com os cabelos soltos. O mais difícil para ele eram os cuidados diários, lavagem e escovação, pois ele treina futebol todos os dias e exigia estes cuidados. Sofreu bullying neste período e constantemente as pessoas o chamavam de menina, mas sempre lidou de maneira bem tranquila pois como toda a família usava cabelo comprido, sempre conversávamos sobre este assunto. Todas as vezes que tinha que lidar com a situação de ser chamado de menina ele respondia educadamente “Não sou meninas, más tá tudo bem”. Agora com os cabelos cortados, esta se sentindo mais confiante. Fez algumas sessão de fotos e esta investindo na carreira de modelo, além das participações em campeonatos de futebol e peneiras.
Como é estar usando os cabelos do seu próprio filho?
Usar o cabelo do meu filho é uma experiência que vai além da estética. Cada vez que olho no espelho sinto-me envolvida por uma onda de emoções que é mais do que uma questão de estilo, é um sentimento de amor que não consigo nem descrever.
O Joaquim já pensa em voltar a ser cabeludo ou ficará com cabelo curto por um bom tempo?
O Joaquim está amando o novo corte e a praticidade de ter o cabelo curto. Esta se sentindo mais bonito e ficou mais confiante. Seu novo estilo encantou a todos…
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