Vendo uma senhora negra, dona de um restaurante camaronês que serve iguarias e culinária de matriz africana numa cidade tão importante como São Paulo, analiso a diversidade que se alimenta de churrascos, diga-se (carnes, aves e peixes) e acompanhamentos, arroz, farofa, saladas. É a preferência das famílias brasileiras que optam pelo mais fácil e mais rápido e sem muitos segredos. E até adaptaram estes costumes com uma frase estupidamente ridícula e fora de propósito, como: “Vamos queimar umas carnes”, num total desrespeito a tantos churrasqueiros profissionais que se dedicaram a elevar o churrasco ao status que ele merece e que eles conseguiram colocar.
Fora isso, o churrasco é universal seja nos bifes, steaks ou filés individuais. Mas, no Brasil, o povo é adestrado, uns paus mandados, acostumados a comprar ideias e piadas prontas e padrões importados. Colonizados que se prezam, imitam o que parece lucrativo e não se importam com a concorrência desleal e a qualidade do produto. Todos abrem pizzaria e depois numa disputa com provocações para conseguir mais clientes, quase obrigam população a se alimentar na “máfia da pizza” com atrativos oportunistas e o serviço de entregas.
A mesma senhora camaronesa disse não entender o motivo que leva um país com mais de 50% da população declarada negros e pardos, não ter mercado para outros tipos de culinárias – com exceção das casas do norte e comidas relacionadas ao Candomblé, as comidas de Santo. Mas, em shoppings ou lojas de rua, as culinárias exóticas já engatinham, mesmo que de maneira tímida, se arriscando a entrar nesse segmento.
Alguns insistem em dizer que a feijoada é de origem europeia por causa da semelhança com o cassoulet, que é também feito com feijão. Até nisso existe preconceito. O cassoulet é feito com feijão branco. A feijoada. com feijão preto. Mas os ingredientes são diferentes. No cassoulet vai carne de frango, pato, carneiro, Na Feijoada, carnes de suínos. Inclusive, o acompanhamento mineiro que todos apreciam, que é o torresmo.
Tudo isso faz parte da necessidade da supremacia branca querer se impor. Não sei se por medo de mostrar fragilidade ou por inveja de não ter pensado antes. A inveja branca é disfarçada em todos os sentidos, como se isso lhes aliviasse a possibilidade de se manterem em destaque nos posicionamentos.
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A insustentável leveza do ser se apresenta sem precedentes. Se houvesse mais diversidade, maior seria a culinária dos povos, na consolidação da Gastronomia Universal, dos sabores e saberes, de maneiras ativa, passiva e reflexiva e não para conseguir destaque de formas de gustativas e deglutidas.
Poderíamos conviver mais civilizadamente como no Canadá onde se servem as comidas típicas daquele país como o Cajun, a culinária Creole, que só enaltecem as formas de apresentação como o Jambalaya e outras criações da culinária negra.(Foto: agenciagov.ebc.com.br)

LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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