Hoje depois de comemorar idade nova, antes de começar um novo ciclo evolutivo de existência, farei uma retrospectiva de tudo que até agora assimilei sobre o Natal. Mostrarei três opiniões diferentes já publicadas em três antologias diferentes:, “Você ainda acredita em Papai Noel? “, “Segredos da noite de Natal” e “Feliz Natal para todos”, sempre pela Editora In House, onde completo 10 anos de publicações das mais diversas e que me levaram a ocupar atualmente a cadeira de número 9 na Academia Jundiaiense de Letras. Nasci no dia 24 de dezembro de 1950 e hoje aos 74 anos, só tenho gratidão por existir e pelos verões que acumulo na vida.
As invertidas do tempo – Ao ouvir a canção ‘What a Wonderful World’, do saudoso Louis Armstrong, além de viajar na melodia e perceber a coincidência dos três “W”, pensei: será que foi de caso pensado?
Lembrei da Sagrada Família e da Santíssima Trindade. Natal me lembra presépio, presépio me lembra Jesus, Maria e José e a imagem mais feliz que carrego comigo desde minha infância que é quando ia nas casas da vizinhança levar, com as freiras do Aprendizado “Dom José Gaspar”. Lembro da imagem do menino Jesus durante todo mês de dezembro e minha mãe solicitava a presença dele no dia 24 de dezembro, dia do meu aniversário, na nossa casa. No dia seguinte, logo de manhã, eu ia até o local onde o menino pernoitara e, na minha simplicidade, a felicidade era lhe desejar: “Bom dia, menino Jesus!”. Eu me refestelava com aquele sorriso e com a singeleza da sua presença.
O Papai Noel nem sempre era generoso, mas a alegria era constante e a comemoração era o almoço em família. Todos tinham tempo suficiente de se comunicar e garantir presença no simples ato que era se reunir e comemorar a Boa Nova com fartura, muita paz e alegria compartilhada. Passaram-se os anos, alguns se foram outros vieram, mas o espírito natalino “daqueles tempos” também se foi e nunca mais foi o mesmo. Desejar um feliz Natal hoje em dia é como se desejar um banal “Bom dia” para qualquer um, mesmo que o tempo se apresente nublado ou prometendo um temporal.
Vivo na força do hábito, morto na demonstração do sentimento. As pessoas não passam mais Natal juntas, todos têm muitos compromissos e o WhatsApp com aquele sonzinho irritante (que lembra rã no brejo) substituem a majestosa presença na Noite Feliz. Papai Noel moderno pratica assalto, rouba helicóptero, posa de bonzinho para uma mídia insensível que não se preocupa, nem pede licença para invadir de maneira inconveniente e desrespeitosa nossa casa.
Todo mundo só fala da crise, preocupa-se com mesquinharias ou se comporta de forma individual, egoísta, diante de situações que poderiam ser resolvidas com um pouco mais de criatividade. Então, desejar Feliz Natal é mais um engodo, uma hipocrisia admissível e como disse o psicólogo e filósofo Amus McCoy, “vivemos surtos esquizofrênico coletivos”. Nossa loucura existencial sem ética, os envolvidos são pessoas sem vida social, que gastam um precioso tempo procurando significados ocultos na banalidade”.
Ah! Que saudade dos cartões de Natal, das meias nas janelas dos sapatinhos debaixo das camas, dos cumprimentos e abraços. Coisas reais! Nada virtual. Como aquela historinha do rapaz feliz, otimista e de bem com a simplicidade da vida e que ganhou de presente de Natal uma caixa cheia de esterco. Ao abri-la pronunciou alegremente: “Ganhei um cavalo! Alguém viu ele por aí?”. Vida no nosso mundo é em terceira dimensão, por isso os três “dablios”, mas já não dá mais para afirmar que o mundo maravilhoso.
Só peru morre na véspera – Só eu me lembro do meu aniversário. E alguns amigos que compartilham diálogos comigo no Facebook. Na agenda de lá não falha. Mas eu fico feliz que seja assim. É menos pessoal, mais informal e sem nenhuma obrigação. Cumprimenta quem quer, alguns só fazem um sinal de positivo. Positivo de tudo isso, só o meu sorriso, que conservo desde os tempos de menino. Os anos passam e a alegria da infância permanece intacta. Assim caminha a humanidade. A Noite Feliz é só mais uma entre tantas outras datas.
Segredo da noite de Natal – Os sinos de Belém não tocaram blem, blem, blem. Quando Jesus nasceu Belém estremeceu. Ecoou no universo inteiro em unissono. Os planetas se alinharam, a estrela de Belém brilhou mais que o sino. Não existiam ainda mobiles barulhentos, mas os bons cabritos berraram. Os campesinos aplaudiram. Os magos do Oriente entenderam a boa nova. José improvisou um trono de feno para o rei que Maria trazia na barriga. Nasceu então o menino divisor de águas entre os testamentos antigo e novo. Da maior história de todos os tempos. O Evangelho da história da vida.
‘Palestinamente’ – Jesus ou Oxalá, que importa? Que sentido faz, quem nasceu primeiro? Quem veio para socializar o humano no universo? Seria isso possível? O ventre da Terra se abriu, o filho de Deus se apresentou. Todos nós nascemos da água, a bolsa amniótica que toda mãe carrega. Por isso navegamos. Era preciso. A água infiltrou-se na terra. Por isso o barro é a essência pioneira. Como aceitar o presépio religioso? De adoração excessiva a um menino simples. O menino Jesus na manjedoura nem se imaginava rodeado de Reis Magos. Com ouro, incenso e mirra. Ele se contentaria só com os pastorezinhos e o brilho da estrela guia. Gente humilde de olhos sinceros e admiração pelo inusitado.
Nasceu o Salvador do mundo! Aquele menino era Jesus, filho do Universo e de Deus nosso Criador absoluto. Acreditar ou não, questão de fé, mas duvidar também é inadmissível. A mãe Natureza que é Deusa, nos deu sua imagem e semelhança. Mesmo que muitos duvidem. Na natividade, nascer, renascer, brotar da Terra é construir um caminho de esperança. Seguir deixando pegadas, na poeira da estrada, que será a digital das marcas das nossas pisadas na nossa jornada. Ninguém nunca vai encontrar seu destino, não existe a terra prometida. Glória in excelsis Deo(Glória a Deus nas Alturas), definitivamente, não está escrito na Faixa de Gaza!!!
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Em 5 de novembro de 2015, além do lançamento do livro Senhas & Sonhos, participei da ‘Agenda Mensagens Poéticas’ com o Grupo Coletivo Cultural Palavras sem Fronteiras, onde falo de como me sinto neste dia:
– Nasci num 24 de dezembro. Não faço anos, faço verões. Era um domingo de sol, véspera de Natal. Quase ganhei o nome de Natalino. Como não deu certo, meu nome é Luiz Alberto. Mas, assim mesmo faço rimas com cristalino, iluminado ou divino. Certo ou errado nas dissertações. Assino embaixo no astral do meu signo. Sou um capriconiano iluminado pela lua cheia. Axé! Um bom Natal e feliz Ano Novo!
LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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