MARTINELLI: 100 dias de governo ‘com transparência e economia’

martinelli

O prefeito Gustavo Martinelli(União Brasil) conversou com o Jundiaí Agora sobre os 100 primeiros dias de administração. Ele é o protagonista da maior virada eleitoral já vista em Jundiaí. Perdeu o primeiro turno para o candidato do ex-prefeito Luiz Fernando Machado, José Antônio Parimoschi(ambos do PL). Venceu o segundo, mostrando que nada é impossível. Afinal, Machado estava com a faca e o queijo na mão: comandava a Prefeitura há oito anos e o candidato dele era o homem que controlava as finanças da cidade. Tinha tudo para dar certo. Mas havia o então vice-prefeito no caminho. Nesta entrevista, Martinelli diz que economia e transparência continuarão sendo seus principais objetivos. Ele confirma que Jundiaí deve cerca de R$ 1 bilhão. Algumas dívidas foram contraídas em dólar. A renegociação de contratos já chegou a R$ 21 milhões, segundo ele.

Quanto às obras herdadas, o chefe do Executivo chama a ponte estaiada do Complexo Viário da Avenida Frederico Ozanam de “obra faraônica e desnecessária”. No Hospital São Vicente, Martinelli afirma que foi informado por funcionários que a antiga administração da entidade contava com vários cargos de chefia, o que aumentava os custos. Quanto ao asfalto, o prefeito é enfático: houve gasto desnecessário nos últimos oito anos. Se fosse vereador, Gustavo diz que atuaria na abertura de CPIs para apurar os gastos com o São Vicente e os valores pagos pelo asfalto. Ele revela que na administração anterior foi “sabotado e isolado”. Martinelli também comenta os principais avanços da atual gestão, como casas populares e regularização de matrículas na habitação, e redução da fila do Cadastro Único. “A nossa preocupação é com a população”, explica. Confira:

Martinelli, o vereador Juninho Adilson divulgou vídeo há cerca de um mês com o gestor adjunto de Finanças, José Roberto Rizzotti, que afirma que Jundiaí está endividada. A antiga gestão afirma que não. Afinal, Jundiaí está endividada? De quanto é a dívida do município hoje?

Jundiaí tem uma dívida de longo prazo, referente aos empréstimos realizados pela última gestão, inclusive em dólar, que pode chegar nos próximos anos em aproximadamente R$1 bilhão.

Para quem a Prefeitura deve?

Antes, é preciso ressaltar que estamos renegociando todos os contratos com os fornecedores e vamos cumprir com os compromissos. São muitos fornecedores e não dá pra listar aqui todas as dívidas, mas no portal da transparência dá para acompanhar o balancete. Mas muito da dívida vem de empréstimos, alguns em dólar. E outro fator que também pesa muito foi o orçamento provisionado pela gestão passada, que teve um redução de R$ 400 milhões comparado ao ano anterior. Ou seja, hoje estamos trabalhando com menos recursos. São R$ 150 milhões a menos na área da saúde; R$ 100 milhões a menos em serviços públicos e R$ 50 milhões a menos na área da educação.

Quantos contratos já foram revisados e renegociados até o momento?

Ao todo foram 20 contratos com nossos fornecedores em diversas áreas. E virão mais.

Qual a economia obtida, Martinelli? O que será feito com estes recursos?

Com essas renegociações, realizadas desde janeiro de 2025, a economia para os cofres públicos já ultrapassa R$ 21 milhões. Vale ressaltar que essa economia foi feita em apenas 100 dias de governo. Esses recursos serão destinados aos serviços essenciais para atender a população.

HSV: O senhor acredita que pela falta de transparência, os cofres públicos foram lesados nos últimos oito anos?

Hoje, o São Vicente de Paulo apresenta uma dívida de R$ 9 milhões com fornecedores e isso não era mostrado. Enfatizo que a Prefeitura adiantou repasses para auxiliar o hospital, que é um patrimônio de nossa cidade. Segundo relatos dos próprios funcionários, na gestão passada havia diversos cargos de chefia, tendo um grande custo com isso. Agora estamos acompanhando de perto para garantir transparência e eficiência.

Esperava uma polêmica tão grande quando decidiu romper o contrato, Martinelli?

É preciso deixar claro que a nossa maior preocupação é com a população que deve, necessariamente, ter um bom atendimento lá na ponta. Por isso renovamos o contrato, mas precisamos de transparência para poder ter respeito pelo dinheiro público.

Asfalto: na sua opinião houve gasto desnecessário nos últimos oito anos?

Sim. A antiga administração pagava R$ 830 a tonelada do asfalto e agora estamos pagando R$ 482, uma economia de 42%. Um outro exemplo está nas obras de prolongamento da Avenida Frederico Ozanam. Dentro do novo complexo viário tem uma ponte estaiada que é uma obra faraônica e desnecessária, onde queriam um cartão postal e não atender às reais necessidades da cidade. O vão do Rio Jundiaí não é tão grande para justificar uma ponte dessa magnitude, um exemplo é a Ponte Estaiada de São Paulo e Guarulhos, onde no mínimo teria que ser 150 metros. Uma ponte comum resolveria o problema como as duas outras pontes que foram construídas na mesma obra. E com essa economia, daria para prolongar ainda mais o asfaltamento da Frederico Ozanam por alguns quilômetros no sentido Itupeva.

O senhor foi vice-prefeito da gestão anterior. Muitos moradores da cidade fizeram nas redes sociais uma pergunta ainda sem resposta: o Gustavo Martinelli não sabia o que estava acontecendo? Como funcionava o oitavo andar do Paço? O senhor era excluído das decisões?

O meu desgaste com a administração anterior começou aí. Eu fui sabotado, ficando totalmente isolado do governo. Eu fui tirado de grupos de Whatsapp nos quais eram passadas informações das reuniões de plataformas. Chegaram a inaugurar obra colocando placa com meu nome e, no dia seguinte, substituíram a placa, onde não havia mais o meu nome, como se isso fosse acrescentar alguma coisa na vida dos munícipes. Fiz questionamentos de alguns empréstimos e não fui respondido. Foi por essas e outras que deixei de participar das decisões da gestão passada.

Se o senhor fosse vereador nesta legislatura, atuaria pela abertura de CPI para investigar a compra de asfalto e o convênio com HSV?

Sim. O papel do vereador é fiscalizar o Executivo. E se não houve transparência, se teve práticas irregulares, gastos desnecessários do dinheiro público, é importante termos uma auditoria. A CPI cumpre bem esse papel de investigação.

A administração do senhor mostrou que está preocupada com os recursos públicos. Além desta preocupação, quais os principais feitos destes 100 dias de mandato?

Na saúde, além de colocar a casa em ordem, com uma gestão transparente e pagamento de fornecedores do Hospital São Vicente, ampliamos a Frota do Samu com a aquisição de mais três ambulâncias e conseguimos a renovação dos contratos; também avançamos com a adesão do consórcio CISMETRO. E com a nossa campanha contra a dengue, diminuímos consideravelmente os casos da doença comparado ao ano passado. Em 100 dias, instalamos mais de 30 quilômetros de iluminação em LED para aumentar a segurança das pessoas. Ao todo, 25% da cidade já possui iluminação moderna. Lançamos o programa Escola da Gente, que traz uma metodologia de ensino revolucionária com base nos princípios ESG, de sustentabilidade, sociabilidade e governança para 37 mil alunos da rede pública. Também inauguramos a quadra da EMEB Luiz Bárbaro e aumentamos o número de alunos do CMEJA de 900 para 1.400. Estamos empenhados no compromisso com uma educação mais inclusiva. Prova disso é que aumentamos 56% no valor da bolsa para estagiários de pedagogia. E a primeira-dama, a Ellen, também vem fazendo um excelente trabalho à frente do Fundo Social. Um dos programas de maior visibilidade é o Clube de Mães Atípicas. No Social, reduzimos em 70% a fila do Cadastro Único com mais famílias elegíveis sendo atendidas. Ainda no Social, inauguramos o CREAS 2 – Centro de Referência Especializado de Assistência Social, no bairro Novo Horizonte, oferecendo mais apoio para pessoas e famílias em risco social. E também houve o lançamento do Programa de Segurança Alimentar e nutricional Cesta do Bem para famílias do Programa Criança Feliz. No esporte se destaca a inauguração da quadra Leo Nogueira, Medeiros e Sarapiranga. E na habitação, 500 matrículas foram regularizadas, tornando real o sonho da casa própria de muitas famílias em Jundiaí. Também, através da FUMAS, reformamos 25 casas e anunciamos a construção de 132 novas unidades habitacionais. Na Festa da Uva, evento tradicional da cidade, tivemos recorde de público, alcançando mais de 314 mil visitantes, contemplando mais de 50 entidades, expositores, agricultores, etc.

O ex-prefeito Luiz Fernando Machado disse ao Jundiaí Agora que será candidato a deputado. Não sabe se a estadual ou federal. Se ele se eleger, conversará com ele pelo bem de Jundiaí ou isto é algo impossível?

Precisamos entender que o Luiz Fernando Machado fez sua escolha política. Independentemente das divergências, o bem de Jundiaí deve estar sempre acima de tudo. Além disso, teremos outros nomes da Região Metropolitana de Jundiaí, podendo eleger até três deputados, assim como já ocorreu no passado.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES