PALMITAGEM

palmitagem

Palmitagem é um termo usado no Brasil para descrever um relacionamento afetivo entre uma pessoa negra e uma pessoa branca. A pessoa branca é vista como alguém que busca se relacionar exclusivamente com pessoas negras ou vice-versa, muitas vezes por uma idealização estereotipada.

O termo palmitagem, relativamente recente, tem origem remota e algumas discussões e reflexões sobre  relacionamentos interraciais no paíss. A palavra é derivada do termo palmiteiro anteriormente para descrever indivíduos que buscavam relacionamento com pessoas negras, como uma espécie de fetiche racial. Lembrando que originalmente, o palmiteiro é aquele que busca o palmito em meio a mata.

A ideia por trás do termo é criticar a fetichização da pessoa negra, enfatizando a importância de relacionamentos saudáveis e respeitosos,  baseados no amor e na reciprocidade, em vez de estereótipos raciais. Outros acham que é uma forma de perpetuar o racismo, uma vez que reduz a pessoa negra a um estereótipo ou fetiche, desconsiderando sua individualidade e diversidade. Importa ressaltar que o termo palmitagem tem sido objeto de discussões e controvérsias com diferentes perspectivas e interpretações sobre seu significado e uso.

Alguns argumentam que o termo pode ser usado de forma pejorativa ou generalizante, enquanto outros acreditam que ele tem relevância na problematização de certos padrões e atitudes discriminatórias. Infelizmente, casais interraciais ainda podem enfrentar desafios e preconceitos em algumas sociedades. Isso pode incluir discriminação racial, estereótipos negativos, reações familiares e pressões sociais.

Particularmente, acho eu, que o maior problema, está mesmo no caso de casais interraciais, brancos e negros. Conheço casos de diversos tipos de preconceitos, nesse sentido. Mulheres negras, casadas com homens brancos, quando atendiam pessoas que tocavam a campainha da casa onde elas moravam. A pessoa se dirigia a ela perguntando:

– Sua patroa está? Chama ela, preciso falar, mas é só com ela mesma.

Ela disse, pois não. Aguarde. Retirou-se por alguns segundos e voltou.

– Pode falar…

– Mas???

A pessoa ia completar a frase e foi interrompida

-Eu sou a dona da casa! Meu marido é branco…

Coincidentemente era um casal estrangeiro, ela uma negra da Martinica, ele um alemão louro de Düsseldorf. Tinham filhos “mulatos”. Ela foi minha professora de Inglês. O marido era engenheiro, funcionário da Krupp e fazia uma arte asiática chamada Batik.

O mesmo acontece com o homem negro que se relaciona com mulher branca. Aconteceu comigo. Vejam a ironia: fui acompanhar uma amiga branca à uma festa. Todos me trataram com respeito, mas eu mesmo, ouvi um comentário de uma senhora branca:

– “Olha o motorista de fulana”, elegante né? Um tipo bonito…

Justo eu que nem dirijo. Não é uma inconsequência? Dei risada. E comentei com minha amiga na volta. ela me disse:

– Por que você não me contou? Eu teria falado com ela! Respondi que o comentário não tinha sido ofensivo. Mas, aqui no Brasil, preto sempre foi motorista, segurança ou marido de aluguel?(risos). Realmente, não foi ofensivo, mas ficou bem clara a separação da oportunidade de ser um “acompanhante”, sem que eu fosse um serviçal. 

O palmito cru só é branco no miolo, a casca mais grossa, que o envolve é como se diria da cantora Alcione: marron. Mas, até aí é só coincidência, a natureza criou assim é não quis sugerir nada.

Seres humanos comuns, usam isso, como se fossem inteligentes e fazem comparações, assumem brincadeiras sem juízo e anedotas sem graça. E insistem até que acabem no domínio público, o que não tem nada a ver.

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O palmiteiro só se embrenhava na mata, não pelas cores das palmeiras Caiçaras, mas sim porque elas realizam o extrativismo vegetal. Mas pela qualidade excepcional da iguaria, uma das mais caras no mundo, de um sabor raro e inigualável. Coisa fina mesmo, uma das mais apreciadas, será que é a motivação da expressão palmitagem? Um luxo, né? (Foto: Cottonbro Studio/Pexels)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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