Olá leitores deste diário de informações. Peço desculpas pelo erro cometido semana passada, que só fui perceber quando meu artigo já estava editado: troquei um “mau” por um “mal” e erro deste nível é de assustar qualquer pessoa. Desculpem-me. Além da distração, o grande detector de erros não sinalizou, o que me fez ficar seguro, no entanto, erro é erro. Errei. Desculpem-me. E esta semana estranha que avança lenta e silenciosa… Muita informação, muito mi mi mi e pouca coisa útil. Caos por todo lado, poucos avanços significativos e muita especulação, por todo lado. Indecisões, pânico, instabilidade, os surdos que não querem ouvir…
De saída, gostaria de mostrar que algumas informações realmente merecem ser melhor percebidas; uma delas foi a tal da prova de Redação, do ENEM. Realmente não entendi o problema ou a surpresa de tantos professores de Português ou de alunos examinandos. Será que o problema estava realmente no tema ou estava na compreensão do todo?
Fico me perguntando o motivo do susto ou da indignação; será que a coisa era só falar da desigualdade educacional e da falsa ideia que se propaga da inclusão, que pouco existe? Será que isso bastaria? Será que a questão proposta era para despertar a necessidade de aprender Libra, como a linguagem de sinais? Será que era só isso, mesmo?
Porque identifico outros apelos contidos no tema: identifico o apelo aos que tudo ouvem e nada ouvem. Aos que mantêm a inércia diante de todo o ruído do mundo. Aos que não se manifestam diante das arbitrariedades. Aos que seguem a vida sem se incomodar com o choro ou a dor de quem está ao seu lado…Estes também são surdos. Ou não?
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A vida tem mostrado que estes surdos, que descrevi acima, são a maioria e merecem nossa atenção, porque acabam fortalecendo os impostores e a violência vigente. Não se manifestam por nada, não interagem, não questionam. Permanecem surdos diante de tudo, sem esboçar reações algumas….não se sabe o que pensam, não se preocupam com o entorno e não se colocam diante de nada. Talvez não vivam, vegetem. Talvez. Se bem que estudos do Reino Unido informam que plantas ornamentais crescem e florescem quando estimuladas por músicas. Mas estes dos quais falei, nem com muita música.
A surdez social é contagiosa, diferente da surdez física. A física não tem efeitos colaterais, a social tem: produz a imobilidade, a invisibilidade social e seus portadores são vulneráveis a toda sorte de massacre social. Mas não ligam, porque pouco se incomodam com sofrimentos e tormentas sociais dos outros… essa surdez é uma praga e está se alastrando, cada vez mais.
E os professores de cursinhos e ensino médio acharam o tema sem sentido. Triste olhar. Triste consciência.
E o Brasil se acabando em pobreza, em analfabetismo, em insegurança, em falta de saúde, os nobres políticos sendo libertados, as medidas sendo aprovadas aos montes e nós, povo, parando para torcer pelo Brasileirão. Como diria um aluno, isso é “pacabá”. Sem mais palavras.
E o pobre menino rico entra em estado de choque e pede amparo ao técnico da seleção brasileira. Óbvio seria que houvesse um acompanhamento psicológico, para que isso não seja varrido para baixo de tapete e venha a explodir na próxima Copa do Mundo, como aconteceu na ultima. No entanto, este esmo personagem é daqueles que não acredita na Ciência e para quem a Psicologia não tem sentido.
Desta maneira, nossos profissionais da Ciência do Comportamento Humano vão acumulando saberes e buscando ajudar aos mais humildes e necessitados, que não precisam fazer caras e bocas diante das TVs e jornais. Diria que a Psicologia faz efeito entre os mortais. É preciso sair do Olimpo para se deparar com propostas de manejo de comportamento e outras ideações, que não as viciadas e manjadas propostas da auto-ajuda.
Enfim, coisas de pessoas que buscam crescer.
E, novamente estamos em meados da campanha do “Novembro Azul”, que busca divulgar os exames preventivos do exame de câncer de próstata. Muita propaganda, muita divulgação, muita proposta e um nível de conscientização ainda baixo. Acaso não seria motivo de fazer um bom trabalho sobre os exames preventivos do câncer de próstata e dos seios nas séries iniciais da escolarização? Será que não seria o momento ideal de informar e sensibilizar nossas jovenzinhos, para que o hábito fosse se instalando e não os tivéssemos adultos preconceituosos?
Ocorreu-me esta ideia, lembrando-me de que em escolas da Europa a informação sobre doenças sexualmente transmissíveis começa no inicio do ensino fundamental II, o que possibilita que se estude muito, informe muito mais e se sensibilize uma população jovem, antes do período de vida sexual ativa. Não é a salvação, mas ajuda a prevenir. Entendo que aqui será meio difícil tal proposta, porque no Brasil e proibido falar em sexo, na escola.
Nossas crianças são lisas como anjos e não se desenvolvem, no imaginário dos reacionários da extrema direita. Até que, de repente, se vejam tomadas por consequências desastrosas provenientes de pouca ou péssima informação. Neste momento, acontecem as difamações e as distorções sobre as campanhas de prevenção. Infelizmente é bem assim que as coisas têm acontecido.
Vamos estar atentos para estas campanhas de saúde e veicular as mensagens necessárias, da melhor maneira possível. (foto acima: biosom.com.br)
AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduando em Psicologia, editor-chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.