O ano de 2017 vai chegando ao fim. Novamente, a exemplo dos últimos dois anos, foi um ano difícil na economia brasileira com reflexos nas contas das prefeituras do país. Em Jundiaí não foi diferente, mas ao invés do governo municipal fazer os esclarecimentos necessários e corretos sobre as questões orçamentárias e financeiras, preferiu utilizar a prática da velha política mal intencionada. Durante alguns meses até funcionou, mas o governo insistiu em atravessar todo o ano com o mesmo discurso que a culpa é minha, é do governo anterior.
Já tive a oportunidade de esclarecer que a atual gestão confunde a opinião pública com informações sobre a situação financeira da Prefeitura criando um clima de terror para culpar ainda mais a administração anterior. A chamada dívida fundada (de longo prazo) teve uma queda de 47% nos últimos quatro anos, colocando Jundiaí como um dos municípios menos endividados do país. Os “restos a pagar” de 2016, ou seja, os compromissos que não conseguiram ser pagos representam de 3% a 4% do orçamento, ao contrário da maioria dos municípios do País onde as dívidas de 2016 comprometem de fato os governos. Chegaram ao ponto de atribuir a meu governo as históricas dívidas tributárias e trabalhistas do Hospital São Vicente, já conhecidas antes da minha posse.
Mas o caminho escolhido pelo atual governo foi o da exposição negativa do adversário político, culpando-me por tudo. O atual governo viu na crise econômica do País a oportunidade de destruir politicamente o adversário. Mas a estratégia não deu certo, e digo isso, como quem anda nas ruas, nos mercados, nos parques e sempre é respeitado.
Em meio a tantos cortes de recursos contraditórios destaco o cancelamento da participação de Jundiaí nos Jogos Regionais, uma atitude inédita na cidade, que fez o esporte mais triste, imagem que contrasta com a alegria do encerramento dos Jogos Regionais de 2015 que Jundiaí orgulhosamente sediou. Escrevo sobre o esporte, mas a cultura também retrocedeu na sua importância na cidade com o cancelamento de muitas atividades.
Triste dizer isso, mas a Feira da Amizade jamais seria realizada mesmo se houvessem recursos sobrando, pois virou uma marca do governo anterior, que na atual lógica, precisa ser esquecido ou destruído politicamente.
As UPAS, outra marca do governo anterior, foram anunciadas como “obras comprometidas pela engenharia”, informação rapidamente desmentida em requerimento da Câmara. Mas tentaram jogar a culpa no governo anterior.
O BRT (Sistema Rápido de Transporte) que passou por três anos de estudos, projetos, captação de recursos e estava prestes a ser licitado (contratação da obra), teve um retrocesso extraordinário. Um projeto com três viadutos, segregação dos ônibus, estações de pré-embarque, reforma dos terminais, transformou-se na calada da noite, através de aprovação na Câmara, em faixas exclusivas de ônibus. Seria interessante o Ministério Público, sempre muito atento ao projeto questionar a aprovação sem debates, nem mesmo audiência pública.
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E o funcionalismo, passou o primeiro ano deste governo sem sequer a reposição da inflação. A culpa também foi colocada no governo anterior, que deu reajustes acima da inflação e corrigiu categorias que estavam defasadas. Segundo o atual governo a folha de pagamento do funcionalismo atingiu índices muito altos em relação ao orçamento. Uma grande mentira, pois o grande salto dos índices na folha de pagamento ocorreu em 2011, no Plano de Cargos e Salários, portanto anterior ao meu governo.
A boa notícia do ano foi a entrega dos viadutos da via Anhanguera realizadas pelo Governo do Estado, conquistadas durante nosso governo, e mesmo neste caso o atual governo fez um grande esforço para negar todo o trabalho que realizamos, como as desapropriações de 100 mil m² de terreno que foram decisivas para a concretização da obra.
Este ano vai chegando ao fim, com Jundiaí despencando na avaliação ambiental feita pelo Governo do Estado conforme o Jundiaí Agora divulgou em primeira mão, a vaia ao prefeito por causa do projeto de aumento de 25% do IPTU e a população mostrando sua força e revertendo a trapalhada com forte pressão pelas redes sociais e assistindo a um incrível abandono da cidade, com mato cobrindo parques infantis, pontos de ônibus, praças sem nenhuma explicação lógica do governo. Este matagal também foi alvo de várias matérias neste site de notícias.
2018 vem aí. Espero, sinceramente, que a cidade retome seu rumo de desenvolvimento, de gestão comprometida com a cidade e seus habitantes, e não com a mera disputa política que não constrói nada. Afinal, governar é antes de tudo assumir as responsabilidades. Desejo a todos um FELIZ ANO NOVO. (foto acima: www.thingsinteens.com)
PEDRO BIGARDI
É jundiaiense, 57 anos, engenheiro civil, casado com Margarete e pai de Patricia, deputado estadual (2009 – 2012) e ex-prefeito de Jundiaí (2013 – 2016).