O ator José Renato Forner(ao lado), 37, é fã de Raul Seixas. Foi na adolescência que o Maluco Beleza começou a fazer parte da vida do jovem Renato. A admiração é tanta que ao se apresentar em Salvador, terra de Raul, Forner decidiu ir ao cemitério. Diante do túmulo do artista, fez um poema.
Quando você descobriu Raul Seixas?
Minha admiração pelo Raul se deu quando eu ainda era adolescente. Costumo dizer que ele fez parte da minha formação filosófica, ideológica e artística. Lembro-me de passar horas e horas no quarto ouvindo seus discos. Ficava maravilhado com a mistura de sons (que vai do rock ao baião) e a inteligência de suas letras.
E depois?
Do quarto para as ruas noturnas de Jundiaí: conheci a banda Rock Seixas(abaixo). Lembro do impacto que foi ouvir a banda pela primeira vez. Pensei que tinham aumentado o som mecânico, de tão perfeito que estava o som, e só no meio da primeira música percebi que era uma banda ao vivo.
E música ao vivo tem essa de atualizar a mensagem. No ao vivo, parece que tudo fica presente. Num show você canta com o outro e sente e repensa a música. Raul ficou mais próximo de mim com a banda Rock Seixas. Fizemos juntos um espetáculo no teatro Polytheama chamado Saindo do Baú. Foi um evento histórico na cidade.
Como foi sua passagem por Salvador?
Eu estava excursionando peloo Brasil com uma peça e passamos por Salvador. Tínhamos um dia de folga e todo mundo se programou para seus passeios. Eu disse “gente, não vou com vocês. Vou visitar o túmulo do Raul”. E eu que não sou de cultuar morto, fiz minha gratidão em prece diante do seu túmulo. E saiu esse poeminha:
Grato, Raul
Por ter contado tantas histórias
Por ter me feito gritar em praça pública, talvez não tão notória
Por abrir um baú encantado de alma e boas memórias. Valeu, Bicho
Pela voz rasgada
Pela guitarra em forma de espada
Que invade corações noturnos
Em noites, um tanto atravessadas. Obrigado, Raulzito
Por ter soltado a mosca e reclamado
De um mundo um tanto confuso e retardado
E uma palavra no dicionário da censura ter ganhado. Agradeço, Raul
Pela Ave Maria das Ruas
Por revelar Pedras Nuas
Pelo poder de identificar minhas palavras nas tuas.E de agradecimentos, gratidões, valeus e obrigados ⇓
⇓ O meu coração se entusiasma bem forte com Raul cantando alto em meus
ouvidos.
Na mais perfeita harmonia me reconheço Carpinteiro Do
Universo, Metamorfose Ambulante e dou o grito do Tarzan.
Krigha Bandolo! Ainda hoje agradeço. Raul é raro. Consegue ainda hoje e sempre conseguirá libertar cabeças. Raul é um revolucionário da guitarra. Do microfone. Da poesia. Cara, eu amo o Raul!
Krigha Bandolo – O advogado Douglas Mondo (foto ao lado) conheceu Raul Seixas em 1973. Naquele ano comprou o LP Krigha Bandolo. “Eu tinha 19 anos. Ele me impactou com Ouro de Tolo, uma música que tem mais letra que música e que mostrava como a sociedade de consumo trazia muito tristeza e aprisionamento do que satisfação social.
Mondo lembra que o disco trazia outras obras primas como Metamorfose Ambulante e Al Capone, em parceria com Paulo Coelho. “A música que mais gosto é Maluco Beleza sobre a loucura controlada”, conclui. (ilustração abaixo: produto.mercadolivre.com.br)
MAIS TOCA RAUL
EM 1974, SÓ A SOM CHARLE TINHA O LP GITA
BIGARDI FOI AO FESTIVAL DE ÁGUAS CLARAS E VIU RAULZITO