A queima de livros sempre foi tema bastante retratado no cinema: A Menina que Roubava Livros, 451 Fahrenheit, Jojo Rabit são apenas alguns exemplos atuais. Mas esse ato nunca foi exclusividade da ficção. Hoje, obras não são queimadas. Mas existe a taxação dos livros.
Desde os faraós, como Akhnatón que exterminou quase 75% dos papiros existentes na época, à destruição da biblioteca de Alexandria em 642, à inquisição espanhola que chegou a queimar inclusive autores, até os nazistas e às ditaduras, essa prática foi utilizada com o intuito de eliminar obras nocivas à nação.
Ou seria medo de uma população instruída?
Atualmente enfrentamos uma situação parecida. Não há livros sendo efetivamente queimados, mas estão sendo impostas barreiras para que cada vez menos pessoas tenham acesso a eles.
O governo defende a taxação dos livros se apóia na seguinte justificativa: pobres não leem. Essa afirmação tem como base os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2019 que mostra que famílias que recebem menos de 2 salários-mínimos não consomem livros não didáticos. Mas é claro, meu caro Watson! Como é que elas vão gastar com esse item se mal conseguem colocar comida no prato?
Ainda argumentam que a tributação irá permitir políticas mais direcionadas. A que? À leitura? Segundo o ministro da Economia, livros são produtos de luxo, então taxá-los não afetaria a venda e complementa que se os pobres não puderem comprar, o governo dará livros de graça.
Quem irá escolher os livros que serão dados? Os mais pobres não terão nem direito de escolha? Isso é interessante para quem?
Livros têm poder e os governantes sabem. Livros instruem e possibilitam que as pessoas tenham opinião. Opinião própria. Governos fracos não querem populações instruídas, pois sabem que dessa forma terão vida curta.
OUTRO ARTIGO DE ADRIANA JUNGBLUTH
Em um cenário carente de políticas públicas de incentivo à leitura, em que livrarias estão fechando, editoras estão mal das pernas, tal proposta só corrobora para que os brasileiros sejam ainda mais desestimulados a esse ato tão libertador. É esse o país que queremos?(Foto: blog.cancaonova.com)
ADRIANA JUNGBLUTH
Escritora e roteirista com formação na EICTV de Cuba e pós-graduanda em Cinema pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Economista de formação, mudou de carreira em 2016 para se dedicar exclusivamente à escrita. Publicou seu primeiro livro, intitulado “Uma Lenda Japonesa”, na Bienal do Rio de Janeiro de 2019. Tem participação em diversas antologias e em setembro lançará o livro infantil “Timóteo e as Árvores”.
VEJA TAMBÉM
DORES MUSCULARES NAS GESTANTES? ASSISTA AO VÍDEO DA GINECOLOGISTA LUCIANE WOOD
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES
PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI