Creio que o abuso sexual infantojuvenil é assunto a ser comentado em todas as oportunidades. Mesmo que não deixe marcas no corpo, fere a alma e as lembranças para sempre. Jesus Cristo foi claro, como relata o evangelista Mateus (18,6.8): “Quem provocar a queda de um só destes pequenos que creem em mim, melhor seria que lhe amarrassem ao pescoço uma pedra de moinho e o lançassem no fundo do mar. (…) Se tua mão ou teu pé te leva à queda, corta e joga fora…”
Antes de conhecer a história de mulheres em risco, em situação ou que passaram pela prostituição, considerava raro o abuso de crianças e adolescentes e que seria provocado por tarados que habitavam os bueiros da humanidade. Bastaria, portanto, ensinar prudência aos menores. Ledo engano. Pode-se até instruir a “dizer não”, mas de que adianta quando o abuso acontece dentro de casa ou por adultos próximos, “trajados” de forma a merecer o respeito dos que o cercam e da sociedade? E sabe-se que o abusador, com sua sedução, estrangula o sentimento de crianças e púberes, os quais perdem até mesmo a noção de sua individualidade e assumem o perfil de marionetes.
Penso que inúmeros fatores contribuem para o “exercício” da pedofilia: repetição do que fizeram com ele; problemas psicológicos e psiquiátricos; certa indiferença dos que notam algo estranho, se a criança for de família desagregada e em estado de miséria; acobertamento do abusador, caso desempenhe um papel significativo para um grupo menor o maior e que a revelação possa causar danos à imagem de alguma organização e outros. E a vítima permanece em segundo plano.
Prudência demais, quando há um fato sobre pedofilia a ser divulgado – a comunicação pode inibir pedófilos e proteger crianças – , amplia o espaço dos abusadores.
OUTROS ARTIGOS DE MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Algumas coisas não compreendo: por que um pedófilo, que tem consciência do que é certo e do que é errado e condições de buscar ajuda para se superar, não o faz? Por que, inúmeras vezes, os que se encontram no entorno do abusador, em lugar de inocular mais máscaras para defendê-lo, não o ajudam a assumir a verdade e, a partir dela, perseguir caminhos que salvam?
Há uma colocação do Livro do Apocalipse (3, 15.16) que tenho sempre comigo: “Conheço a tua conduta. Não és frio, nem quente. (…) Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca”.(Foto: Jano Gepiga/Pexels)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
É professora e cronista
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES