AMÉRICA para os americanos. Mais um artigo de Heródoto Barbeiro

américa

A esquerda não se conforma. Organiza uma reação contra o Ministério de Relações Exteriores. Afinal, ele coonesta a indicação do novo embaixador do Brasil em Washington. Para os críticos do governo é uma manifestação de submissão do Brasil aos interesses imperialistas americanos, que se inicia com a proclamação da Doutrina Monroe: a América para os americanos. Do norte, completam. Essa relação desigual e interesseira passa pela Política de Boa Vizinhança do governo de Franklyn Roosevelt e chega ao auge com a Guerra Fria e a ameaça de um confronto nuclear com a União Soviética. Por pouco não ocorre durante a crise dos foguetes em Cuba. Dai por diante o departamento de Estado dá mais força ao subsecretário para a América Latina, para que fizesse uma maior aproximação entre o gigante do norte e as instáveis repúblicas latino-americanas, situada ao sul do Rio Grande. A América para os americanos!

A presença americana no continente está cada vez mais atrelada a ameaça da instalação na América Latina de governos comunistas como o de Cuba. Esta, por sua vez, apoia os movimentos de esquerda pacíficos ou revolucionários na forma de guerrilhas. O modelo cubano de tomada do poder pelo processo revolucionário tem o apoio político e econômico de potências como a União Soviética, República Popular da China e os países da chamada Cortina de Ferro. Expressão de Churchill. A direita, por sua vez, rejeita o que chama de social imperialismo praticado pelos soviéticos e a impressão que passa é que o Brasil está a mercê de dois sistemas imperialistas de raízes opostas. Um dos grande conglomerados financeiros e industriais com sede no Estados Unidos e outro com o modelo de coletivização dos meios de produção, a começar pela reforma agrária nas fazendas, que a esquerda rotula de latifúndios. Os dois últimos governos do Brasil iniciam uma guinada na política externa que busca um caminho distante das duas potências e a aproximação com países do chamado terceiro mundo.

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A reviravolta na política externa se dá com a declaração do embaixador brasileiro que diz que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil. Em outras palavras é um alinhamento político ao lado dos americanos que não se via desde a Segunda Guerra. Contudo, Jutahy Magalhães apenas expressa a decisão do governo e do novo ministro das relações internacionais. Afinal os militares estão no poder em 1964 e mais do que nunca alinhados às diretrizes de Washington. Acaba o namoro com os países ditos neutros. Os geopolíticos dizem que não há neutralidade possível em uma guerra nuclear. Todos perecerão. E a forma de impedir essa catástrofe é repetir o clima anterior a Primeira Guerra, ou seja a perigosa paz armada. É uma vitória do Departamento de Estado dos Estados Unidos – afinal, a América é para os americanos – que com essa declaração amplamente divulgada pela mídia dos dois países, mostra que o maior país da América do Sul é um aliado importante. O governo militar já faz reformas de cunho liberal, inicia uma ampla perseguição aos partidos e líderes da esquerda e deixa claro de que lado está.(Foto: Freepik)

HERÓDOTO BARBEIRO

Editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multiplataforma. Palestras e midia trainingwww.herodoto.com.br

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