Já foi razão de reflexão e manifestação a alterada participação de Neymar nos grandes certames de futebol. Desta vez vamos comentar notícias de jornais europeus, visto que pouco se tem dado destaque para este atleta tão controverso. Seguiremos as reflexões, pontuando temas que se destacaram na semana, como o ataque governamental às Ciências Humanas, o avanço da depressão entre jovens e demais assuntos igualmente pulsantes. Um retrato da anatomia da nossa sociedade.
No período da Copa do Mundo, quando o assunto estava em evidência, cheguei a comentar sobre o desconhecimento e a falta de fair play em nosso atleta-símbolo. Dizia das trapaças em campo e na Vida, que eram divulgadas como se fossem trunfos, pela imprensa, que tenta manter Neymar na mira das objetivas. Muitas luzes e muitas infantilidades sempre marcaram a trajetória deste que é tido como referencia nacional.
Agora, em meados de 2019, depois de várias traquinagens, eis que Neymar é exposto numa mídia menos clemente e menos protecionista que a nossa: a Europa começa a olhar Neymar com olhares pouco complacentes. De um tempo para cá, numa frequência bem acentuada, lemos e ouvimos cada uma das novas atitudes descompassadas do não tão jovem atleta brasileiro.
Sim, não tão jovem, porque as atitudes infantilóides são incondizentes com uma pessoa que já participou dos maiores campeonatos do Mundo, atuou nas grandes e poderosas equipes do Brasil e Europa e já não tem 18 ou 20 anos. Alguém que desperta interessa entre crianças e adolescentes, que se miram em seu deslumbre financeiro e não medem esforços para reproduzir seus atos.
Como dito no parágrafo anterior, Neymar é chamado de infantilóide, de sociopata, de agressivo, de inconsequente. Suas artes no futebol estão sendo superadas por suas artes em Vida. Tem se mostrado descontrolado, pouco acolhedor e muito agressivo em atitudes corriqueiras. Sinal eminente de que algo não anda bem, com seu estado emocional e suas relações humanas.
Talvez ele esteja esperando algum conselho providencial de seu pai ou de seu líder religioso, uma vez que não acredita na Psicologia. Vamos acompanhar os próximos capítulos desta novela que já perdeu a graça.
Esta semana entrei em discussão por várias vezes, com pessoas queridas minhas, a quem deposito muita confiança e muito carinho. E os motivos da discussão foram sempre pautados num tema a que tenho certo distanciamento: politica partidária. Costumo dizer sempre, em público e no reservado, que em se tratando de política partidária, vale a norma: neste puteiro não tem virgens.
A primeira alteração e bem profunda diz respeito ao corte de verbas que resultará no corte de vagas para as Ciências Humanas. Muito mi-mi-mi e muita defensoria do tipo “pau mandado”. Por que “pau mandado”? Porque não entendo como uma pessoa que sempre fugiu das aulas de disciplinas humanas, alguém que dizia odiar Psicologia-Sociologia-Filosofia-Antropologia pode agora, já adulta e formada, e ocupando cargos públicos, dizer que sente falta das Ciências Humanas?
Como alguém que não teve contato com a Filosofia ou Sociologia pode lutar a favor daquilo que não conhece? Qual o propósito disso? Não vejo ancoragem na ideia e na ação; consequentemente a práxis não resultará positiva. E pensando no “paumandadismo”, vejo lógica a favor do desmanche da universidade e do ensino público: faz-se barulho, engrossa-se as fileiras e brota-se a fumaça sobre algo mais importante que esteja acontecendo ou por acontecer.
Será que a retirada dos estímulos às Ciências Humanas é fato ou mais uma cortina de fumaça, diante da tão combatida reforma da Previdência que só vai atingir ao povo e deixar de fora os políticos. Tudo de novo. Tudo do mesmo. E o tão choramingado 30% do corte da verba dos Institutos Federais e Universidades Federais? Quanto temos de fato e de boato nisto? Sabemos que se trata de fato, mas a sintonia do tema com o contexto não está casando; há algo estranho nesse meio de caminho.
Temo que seja mais uma cortina de fumaça que estamos atravessando e ajudando a engrossar, uma vez que ainda teremos muito mi-mi-mi. Estranho que, hoje, se grita pela verba que previamente foi cortada, mas não se gritou quando tivemos o desmanche das universidades públicas no decorrer de 12 anos, diante de verbas que existiam mas eram cortadas ou desviadas para algo emergente do momento. Tudo de novo. Tudo do mesmo.
O que me deixa chateado é que os defensores das Ciências Humanas não têm formação para tal nem têm cacife para bancar uma discussão forte e não enviesada sobre a questão. Por outro lado, nos últimos 12 anos eu vivi (eu disse vivi, não disse que ouvi ou que li) o desmanche do ensino público paulista porque estou dentro do ambiente educacional por apenas 38 anos.
Vi a criação do ensino em tempo integral, sem estrutura e sem profissionais com formação para tal gestão; vi criação de escolas sem merenda e sem energia elétrica para período noturno; vi bibliotecas com estantes vazias; vi formação de docentes com conteúdos eminentemente técnicos, sem formação humana (e quando havia, era política partidária). Eu vi. Eu vivi. Isso não é novo, não é coisa de janeiro de 2019 para cá.
No entanto acabo de ouvir um pronunciamento do vice-presidente da República que diz que os cortes de 30% serão temporários. Logo no segundo semestre, com a reforma da Previdência, as coisas voltarão ao normal. Mas a reforma da Previdência não é para dar resultado daqui a cinco, 10 anos? Então eu ouvi errado ou a notícia é enganosa?
Como já disse, é preciso pensar muito e analisar cada detalhe, sem sair acreditando naquilo que sicrano ou beltrano diz ser verdade; lembram-se da mensagem do puteiro, dita logo no inicio de nosso artigo? Cansa-me ver brasileiros torcendo contra o Brasil. Não precisa ser fã do presidente nem de seus ministros. Não tem que acreditar neste ou naquele comentarista ou canal de TV. Basta torcer para o país dar certo. E fazer sua parte para que isso aconteça, sem continuar a fraudar, a trapacear, a burlar. Torcer contra o país é ignorância.
Mas que o vice-presidente da República deve ter se confundido com a melhora do país, neste segundo semestre, por conta da reforma da Previdência, ah….isso ele se enganou.
E de repente estamos de volta com algumas questões relativas à saúde mental. A depressão sempre foi e sempre será forte fonte de discussões e controvérsias de questões patológicas e filosóficas, numa mistura individual e coletiva, em especial, quando notamos a sequencia de atos suicidas em sociedades atuais.
Também retomando a assunto já aqui analisando, a depressão é uma dor que toma espaço na sociedade, seja ela reconhecida ou não. Envolve as questões mais sérias nas implicações biológicas, históricas, sociais, químicas, médicas e psicológicas. Ou questões bem menos sérias: as dores do cotidiano, as dores da rejeição, as dores da exclusão, se estas dores são menos sérias. Aliás, existem dores maiores e dores menores?
Há os que falam em cura pela fé, ou cura pelo enfrentamento, mas poucos confirmam a cura pela via neurológica, com acompanhamento de médicos e psicológicos. Depressão é doença. Depressão é caso de saúde pública. Mas quem está se preocupando com isso? Em cursos de Psicologia vemos muitos graduandos em um estado depressivo, sem a devida orientação psicológica. Estes, futuros profissionais da saúde mental, acreditam na depressão como doença?
Temos conhecimento de questões depressivas, já na antiga Grécia. Muito depois a ascensão do Cristianismo modela as atitudes dos fiéis para um estado de bem estar inexistente, mas adequado ao falso puritanismo. Em seguida vemos o apogeu da Medicina com a terrível adoção dos eletrochoques e dos choques de insulina. Nada mudou: a tristeza continuou e a depressão (que não é tristeza) não perdeu tempo: aumentam os casos depressivos.
Entender da depressão é entender do Homem e de suas variáveis, seus caminhos, suas incursões. É acreditar que se pode ser solitário em grupo. É possível se sentir sozinho mesmo que estejamos bem acompanhados. É viável sentir dor, vazio existencial, solidão, medo e vontade de desaparecer do Mundo, num passe de mágica. Sim, é possível.
Por favor, acredite, depressão é doença. Preciso ser tratada com medicamentos e terapia; tomando esse caminho é bem possível mudarmos pensamentos e salvarmos vidas. Vamos viver?
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