Desde o final da transição no começo de dezembro passado, um zunzunzum sobre o preço do asfalto que a antiga administração pagava era motivo de comentários entre os integrantes da equipe de Gustavo Martinelli. As conversas também davam conta de que o então futuro vice-prefeito, Ricardo Benassi(Novo), teria dado um murro na mesa ao tomar conhecimento do valor. E não foi só uma pessoa que relatou isso. A posse aconteceu, o assunto esfriou e ninguém falou mais nada. Somente no dia 11 último durante a primeira sessão, é que um vereador – Juninho Adilson, do União Brasil, mesmo partido do prefeito – comentou o tema durante a sessão da Câmara Municipal. E repetiu a dose na sessão seguinte, na última terça(18). Agora se sabe que as desconfianças sobre um possível superfaturamento do asfalto comprado pela Prefeitura de Jundiaí vem desde outubro do ano passado. Neste mês, o Executivo recebeu pedido do Ministério Público(MP) para esclarecer as suspeitas. Segundo fontes ligadas à antiga administração, os esclarecimentos foram feitos e o MP teria arquivado o caso.
Ricardo é engenheiro e empresário do ramo da construção civil. Por lidar diariamente com materiais de construção, é de se imaginar que conheça os valores deles. Talvez isto explique a suposta reação que teve. Com a publicação desta reportagem, o vice-prefeito entrou em contato com o JA e disse que não bateu na mesa “até porque toda a equipe da Prefeitura está alinhada em fazer mais com menos”. Mas uma coisa é certa: a nova administração contratou um novo fornecedor de asfalto pagando R$ 482 por tonelada. Antes, o município pagava R$ 830 pelos mesmos mil quilos de asfalto. A Prefeitura afirma que a decisão reduziu em 58% os custos, ou R$ 3,5 milhões, comparado aos fornecedores da gestão Luiz Fernando Machado. Questionada se a gestão Martinelli poderia pedir o ressarcimento aos cofres públicos, a UGISP alegou que “por se tratar de uma compra realizada dentro dos trâmites legais da época, não há possibilidade de devolução dos valores pagos anteriormente”.
Os contratos, de acordo com a atual gestão, foram firmados através de processo licitatório conduzido pela Unidade de Gestão de Infraestrutura e Serviços Públicos que era administrada por Adilson Rosa. Contextualizando: além de gestor de Serviços Públicos, Adilson é presidente do PL de Jundiaí e se envolveu numa enorme polêmica no início deste ano, depois da votação para a presidência da Câmara Municipal. Três vereadores do PL – Madson Henrique, Tiago Da El Elion e João Victor – votaram no candidato do prefeito, vereador Edicarlos Vieira. A candidata do partido era Quézia de Lucca. Adilson Rosa postou um vídeo no qual chamou os parlamentares de ‘traidores’ e pediu que deixassem a sigla. Os três continuam na bancada do PL e Rosa, sobre a suposta ‘traição’, está em silêncio desde então.
O presidente do Partido Liberal de Jundiaí não fala sobre o episódio mas é bastante ativo nas redes sociais, onde faz elogios a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e critica o governo do presidente Lula, do PT. Só que Rosa foi do partido de Luiz Inácio no início da década de 2000, quando foi candidato a vereador e recebeu 1.488 votos. Suplente, assumiu, em março de 2003, a cadeira de Mauro Menuchi que elegera-se deputado estadual. Na eleição seguinte, Adilson disputou as eleições pelo PL, que não tinha o perfil de extrema direita de hoje. Foi eleito com 2.129 votos. Nas duas eleições seguintes concorreu à Câmara pelo PR e ficou com a suplência em ambas.
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Nas redes, Adilson Rosa também publica fotos com integrantes do PL e divulga a Casa Publicadora Paulista, que fica no bairro dos Medeiros. A gráfica, que existe há duas décadas, é especializada em imprimir bíblias. Segundo o próprio Adilson, é a única do mundo que usa a tecnologia full collor. Na última quarta-feira(19), Rosa publicou uma foto dos tempos de vereança e uma atual, lado a lado. A legenda: “comece onde você está, use o que você tem. A evolução acontece com o tempo”, a nova modinha das postagens.
O Jundiaí Agora entrou em contato com Rosa e o questionou sobre as informações relacionados ao preço do asfalto. Até o momento, ele não deu retorno.
“O governo atual fez uma compra de 10 mil toneladas de um único tipo de massa e limitou o preço a R$ 600 a tonelada. E fez por dispensa de licitação. Isto não tem nada a ver com a ata de registro de preços licitada pela gestão Luiz Fernando Machado, cujo vencedor do certame se obrigava a entregar a massa na obra, independente do local, para aplicação, sem limite de quantidade e de acordo com os preços de mercado. Este assunto foi objeto de investigação do Ministério Público(ao lado) e o processo foi arquivado diante do que foi esclarecido e apresentado como elemento de prova, principalmente dos preços pesquisados”, afirmou a fonte ligada à gestão do ex-prefeito. O Jundiaí Agora está aguardando retorno do MP para confirmar o arquivamento da denúncia.
Tapa-buracos – Com o asfalto mais barato, as equipes da Prefeitura estão realizando uma operação para tapar os muitos buracos das ruas da cidade. Todos os dias, os funcionários atendem as solicitações feitas pelo telefone 156 e às necessidades identificadas pela fiscalização. Cada equipe carrega, em média, 10 toneladas de massa asfáltica por dia, e, no total, a administração adquiriu 10 mil toneladas para os serviços serem prestados ao longo do ano.
De acordo com o gestor da UGISP, Marcos Galdino, “é importante lembrar que o atraso na operação se deu porque não houve o empenho de massa asfáltica no final do ano passado, o que deixou a cidade 83 dias sem o serviço. Como consequência, cerca de 1.500 buracos se acumularam nas ruas e avenidas, aumentando a demanda por reparos”, explicou. Já Martinelli afirmou que “a nova massa asfáltica é mais econômica e mantém alta qualidade de compactação. A nossa negociação foi bem-sucedida e permite que mais ruas sejam atendidas sem comprometer o orçamento público”.(Atualizada em 12h30 de 23 de fevereiro de 2025).
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