BARREIRAS para o amor. Sabia que elas não existem?

Quando criança, lembro-me de estudar na escola o impacto de grandes tragédias, como guerras, divisões políticas, onde milhares de pessoas foram afetadas. Assisto até hoje documentários pelos canais especializados em história aonde alguns sobreviventes, em depoimento, relatam momentos e gestos de caridade, amor, compaixão e as mudanças que toda aquela experiência acarretou em suas vidas, suas marcas. Atravessamos um momento tão delicado quanto, com um inimigo invisível, que está onde menos imaginamos. Ele pode estar até mesmo na sola de nossos sapatos; não conseguimos contê-lo com muros. Estamos aflitos por não saber como combatê-lo e derrotá-lo. Um inimigo invisível que aos poucos tornou nossa civilização refém. A nossa única certeza é que não existem barreiras para o amor.

São milhares de mortes e a cada noticiário que vemos, a nossa incerteza se agrava, a sensação de não termos controle da situação toma conta, a ansiedade vem à tona e muitos se desesperam. Ainda não existe uma cura para essa pandemia; nem vacina, nem remédio. Neste momento, é preciso seguir orientações de especialistas e ficar em casa, junto com a família. É tempo de quarentena, de isolamento domiciliar. Tudo o que antes era tão normal, tornou-se um risco para a vida: não devemos sair de casa, não podemos mais abraçar, beijar, nem mesmo dar um aperto de mãos.

Peguei-me refletindo sobre quantas vezes, cansada de determinadas situações, não desejei me isolar do mundo, me refugiar em algum lugar ermo. Quantas vezes eu preferi ficar no silêncio do meu quarto porque não queria falar com ninguém… A verdade é que eu sabia que sempre ia ter alguém lá; que mesmo sem falar, eu poderia ver pessoas diferentes, o vaivém das pessoas… Eu queria me afugentar da situação e não das pessoas. O silêncio do meu quarto não era silêncio total, porque eu sabia que se abrisse a porta do meu quarto eu teria a minha família sentada na sala. Quando eu dizia para os meus amigos que não ia sair naquele dia é porque eu sabia que poderia sair qualquer outro. Eu sabia, dentro de mim, que haveria alguém lá, haveria outras oportunidades, estava tudo sob o meu controle, a decisão estava nas minhas mãos.

Hoje, esse controle já não existe. Estamos solitários e, muitas vezes, isolados por necessidade, para conter essa doença que está tomando conta do mundo. Nossa quarentena se faz necessária por motivos que todos já conhecemos. É hora de parar e nos voltar para nossos lares, nossas famílias,desacelerar, focarmos em nós. Coisas que nunca tínhamos tempo, hoje conseguimos fazer e ainda damos crédito à falta do que fazer. Porém, nos sentimos mais leves ao ver tais coisas concluídas.

Nos reinventamos, criamos outras maneiras de conexão com nossos amigos. Passamos a dizer bom dia aos nosso vizinhos, mesmo de longe, e até perguntamos como ele está! Já não existe a pressa, e conseguimos sentar com nossos familiares e ter conversas, intimidade, jogar uma partida de algum jogo antigo; conseguimos expandir nossos horizontes e redescobrimos prazeres que o dia a dia havia levado embora.

Não falta exemplos de amor, caridade, fraternidade, compaixão… Despimos a máscara que criamos, deixamos o ego de lado e passamos a nos espreitar em laços puros. Evidenciamos o que temos de melhor involuntariamente, porque temos mais tempo para nós e para quem nos cerca. E saber que tudo isso estava dentro de nós!

OUTROS ARTIGOS DE ROBERTA PERES

À DISPOSIÇÃO DO BEM E DO MAL. A ESCOLHA É NOSSA

DESCONSTRUINDO PARA CONSTRUIR

COMPAIXÃO E AMOR

AMAR É UM PROCESSO EVOLUTIVO

Não sabemos o que nos aguarda, como será nossas próximas semanas. Realmente tudo isso é muito incerto. Mas enquanto continuarmos a acreditar que podemos fazer a diferença, enquanto deixarmos nosso ego de lado e “estendermos a mão” a quem precisa, enquanto atos tão pequenos aos nossos olhos tiver significados tão profundos, existirá a esperança de sermos uma humanidade melhor.

Não seremos mais os mesmos quando tudo isso acabar. E depende de nós darmos continuidade a tudo aquilo que estamos aprendendo, vivendo e experimentando. Estamos, involuntariamente, evoluindo, e não há uma barreira intransponível. Nós podemos vencer!

ROBERTA PERES

Formada em Gestão de Recursos Humanos, Eneagrama, conhecimento em técnicas de PNL, com carreira desenvolvida em liderança e desenvolvimento humano. 

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES