Quem tem 40, 50 anos sente uma sensação incômoda nesta época do ano. As festas são nostálgicas, é claro. Não há como escapar das lembranças vividas com a família e amigos queridos. Mas há algo a mais que só que chega em uma determinada idade faz as pessoas sentirem de forma mais contundente: o Natal deixava tudo mais bonito. Por mais que a cidade esteja enfeitada e movimentada para a data, naquela época era diferente…
Talvez seja o fato de que há 20, 30 anos éramos jovens. E quando a mocidade corre nas veias tudo é mais bonito. E nem estamos falando das crianças. Para elas, este período é encantado em qualquer momento da história.
Vamos nos fixar nos anos 1980. Ir para o centro à noite, quando as lojas ficavam abertas, era o máximo. Não precisava de pisca-pisca ou Papai-Noel. O objetivo não eram as compras até porque ninguém da minha turma tinha dinheiro. Queríamos paquerar. E, para esclarecer, paquerar era percorrer a rua Barão de Jundiaí, olhar e sorrir para uma jovem. Se a reciproca fosse verdadeira, a noite estava ganha. Parecia que as meninas eram mais bonitas em dezembro. E muito mais bonitas do que as de hoje. Creio que elas também pensavam o mesmo dos garotos.
A atmosfera era diferente. A alegria era diferente. Não havia dinheiro para comprar um sorvete. Sabia-se que não haveria presente no dia 25. Isto não era empecilho para ver o centro de Jundiaí pintado com cores que sumiam no restante no ano. O que importava era o Natal que estava chegando e os amigos reunidos, olhando o mundo passar numa rua estreia, iluminada pelos enfeites desenhados pelo historiador Geraldo Tomanik.
RELEMBRE O PAPAI NOEL DAS LOJAS MAGALHÃES
É estranho perceber que não dávamos valor aos detalhes. As luminárias que cruzavam as ruas tinham a simplicidade dos enfeites das cidades pequenas. Muitos torciam o nariz para elas. E hoje fazem falta nos nossos Natais. Tenho saudades delas.
Ou então a arquitetura grandiosa da Catedral Nossa Senhora do Desterro iluminada (foto acima: Paulo Furuta, do acervo de João Carlos Lopes). Passávamos dezenas de vezes por ela e nunca parávamos para apreciar a beleza daquele instante.
E o que dizer da torre da Cica, enfeitada como nenhuma outra da cidade. Era capaz de fazer os motoristas reduzirem a velocidade para que as crianças, dentro dos carros, apreciassem aquele espetáculo. E conforme o veículo ia passando, a molecada ia mudando de vidro até se ajoelharem no banco traseiro para não perder um segundo do colorido mágico. E ainda tinha uma estrela na ponta, a própria estrela de Belém!!! (fotos da Torre da Cica: Tarcisio Pavanelli).
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Nós mudamos. Perdemos a ingenuidade. Era este sentimento que fazia o Natal ser diferente. Eram os nossos olhos que deixavam tudo mais bonito. O relógio corria em outro ritmo, mais lento. Era possível perceber que havia algo mais do que a loucura de entrar nas lojas e gastar, gastar e gastar. Queria que os garotos e meninas de hoje sentissem um pouquinho, só um pouquinho, do que a geração de seus pais viveram e sentiram numa Jundiaí que não existe mais. Infelizmente. (Marco Antônio Sapia)
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