Fomos ao show de Caetano e Maria Bethânia. Eu, Claudia e minha cunhada, Silvana. Os irmãos embalaram nossa juventude! Talvez seja o último show deles. Fomos com o motorista, Renan, que esperou para nos trazer de volta.
Meses antes, ao comprar o ingresso on-line, Claudia se viu pressionada pela rapidez que as vendas ocorriam. Teve medo de não conseguirmos comprar. Finalizou a transação assim que possível. A prática já nos havia ensinado que em eventos muito concorridos não se consegue ingresso para deficiente. Ao fim da apressada compra é que notou que nosso lugar era na pista. Em pé.
Pedimos informação na entrada do Allianz Parque. A reação dos funcionários encarregados de acolher o público foi imediata. Logo nos vimos acompanhados por bombeiros civis. Nos conduziram para um local destinado a deficientes, mesmo nossos ingressos não determinando isso. Ao sentarmos, o bombeiro civil Eduardo Salviani, da empresa Falcon, nos ofereceu copos de água gratuitamente. Tinham muitos cadeirantes em nossa companhia. Eles teriam dificuldades para chegar aos pontos de distribuição de água. Os bombeiros estavam atentos a qualquer necessidade que tivéssemos. Ao sair a bombeira feminina Vanessa Alves nos acompanhou com ímpar solicitude.
Comentei com Claudia:
-O mundo mudou…
Ah… E o show? Caetano entra cantando ‘Alegria, Alegria’. O público explode. Depois músicas românticas. O tempo se afastou de nós. Não havia mais no local jovens, velhos, mulheres, homens. Havia risos, aplausos, lágrimas…
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Cantaram a Bahia, o Nordeste. Cantaram ‘Sampa’. Ouvimos o tambor africano pulsar em nossos corações. A poesia elaborada e sensível expressa nas letras, em bom português, acariciando ouvidos, mentes e principalmente as almas. Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhante! Uma imagem de Nossa Senhora. A canção religiosa…
Nossos amores, nossas lutas, a coragem, nosso sagrado. As três raças. Deficientes inclusos. Alegria, alegria, Brasil!(Foto: Divulgação)
JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA
Formado em Psicologia na Universidade São Francisco (USF) e Psicanálise pelo IPCAMP(Instituto de Psicanálise de Campinas). Atua no AMI (Ambulatório de Moléstias Infecciosas da Prefeitura de Jundiaí) e em consultório particular. É deficiente visual. WhattsApp: (11) 982190402.
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