Depois da via crucis, onde quase fui a Santa Rita de Caldas, e salva pelo homem da porta da esperança, chegamos a Crisólia, na casa da dona Maria, onde fomos recebidos por sua grande família. Naquela noite também estavam hospedados a equipe da TV Aparecida, que fazia reportagem sobre o Caminho da Fé. E assim, eu e o ‘Pê’ viramos personagens dessa matéria especial. De manhã um café especial preparado com muito amor. Chegava mais um momento de despedida. Seguimos para a pousada da Joelma, em Barra, uma pequena comunidade da cidade de Andradas, Minas. No trajeto, porém, iria me deparar com o sumiço de um canivete…



Logo nos primeiros quilômetros parei com uma sensação muito estranha. Na minha mochila guardava um cantinho e durante toda a peregrinação guardei ali um canivete emprestado da filha da minha melhor amiga. Mesmo sem precisar dele, estranhamente eu tive que verificar se ele se encontrava lá. Era um bolso pequeno, fácil de encontrar, e misteriosamente o objeto não estava lá! Então onde estava? Minha mente começou a borbulhar. Será que caiu na Pousada? Liguei pra dona Maria e ela fez uma força-tarefa para procurar e nada encontraram. Este canivete além de não ser meu, foi um empréstimo do pai da menina para a caminhada. Num ato de desespero comecei a tirar tudo o que havia dentro da minha mochila. Lá estava eu desolada com a perda, olhando para mochila no chão de terra, totalmente desmontada. O cão peregrino observou toda a bagunça e aproveitou para tirar um cochilo.
Enquanto olhava fixamente para o chão, minha mente viajou para o momento que eu contaria a Lili que havia perdido o canivete. Meus olhos se enxeram de lágrimas até que fui despertada por dois rapazes que também faziam o Caminho da Fé. “Peregrina podemos ajudar? O que houve?”, perguntaram. Eu contei sobre os canivete e assim um deles deduziu! “Ah, você precisa de um canivete” Temos um aqui! Um dos moços começou a procurar e nada de encontrar. Pensei: “nossa que estranho” Seria o mistério dos canivetes?”. Ele começou a se apalpar e assim encontrou o canivete no bolso da frente. Estava aberto e a lâmina afiada estava bem na linha da veia femoral. Todos nós ficamos assustados. Até o peregrino sentiu a energia do momento e acordou.
No Caminho da Fé a maior parte de terra, com subidas e descidas cheias de cascalhos, um escorregão é uma coisa muito comum e neste caso podia ser fatal para o rapaz. Depois de um tempo estáticos, nos despedimos e ele me agradeceu emocionado. Até esqueci aquele problemão que eu havia criado, comecei a guardar as coisas, e assim encontrei o canivete, naquele bolso da mochila, no mesmo lugar onde deveria estar. Bem, meus ombros ficaram leves, tinha acontecido algo ali, eu sentei, meditei, chorei e agradeci.

VALÉRIA GONÇALVES
É repórter-fotográfica e se descobriu peregrina em 2016. Saiba Mais: @dog_peregrino
VEJA TAMBÉM
PARA OUTRAS HISTÓRIAS DO CAMINHO DA FÉ CLIQUE AQUI
ACESSE FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES
PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI