Nos últimos anos tenho visto um crescimento significativo de pedintes e moradores de rua pela cidade e, sinceramente, não sei se esse fenômeno é derivado da economia em frangalhos que assola o país ou o simples fato de Jundiaí estar localizada no final da linha (literalmente) do trem. É muito triste passar por pessoas sentadas na calçada sem perspectiva, encolhidas sobre papelão, pedindo dinheiro e comida. Na Vila Arens isso já faz parte da paisagem. Percebo que muitas destas pessoas são jovens, gozam de boa saúde física e mental, mas preferem ganhar a vida mendigando. Pedir virou profissão, não uma necessidade. Já ouvi algumas pessoas comentarem que muitos pedintes escolhem Jundiaí porque o jundiaiense tem bom coração. E eu acredito que isso seja verdade mesmo. Mas será que, em certos casos, a caridade e a bondade sincera muitas vezes não acaba estimulando a acomodação do necessitado? Essa é uma equação de difícil solução.
Claro, não podemos colocar todos os pedintes na vala comum da malandragem. Mas alguns com certeza estão neste grupo e precisam da caridade alheia. Outro dia fui abordada na rua por uma jovem muito bem maquiada, penteada e vestida e, com um discurso visivelmente decorado, começou a me falar da sua vida “dura” para no final me pedir dinheiro. Pois é… quase sugeri que ela fosse coletar umas latinhas, afinal, muita gente sobrevive com essa atividade de recicláveis. E que por sinal são trabalhadores que cumprem uma importante função social, já que colaboram diretamente para a sustentabilidade no planeta.
Imaginem se não existissem os heroicos catadores de recicláveis, como estariam nossas ruas com latas e mais latas de cerveja e refri, garrafas pets e todos os incontáveis dejetos de metal, plástico, vidro, papel, tecido… Tenho muito respeito por esses trabalhadores. Creio que o trabalho honesto é a melhor, se não a única, forma de dar dignidade a uma pessoa. Mas é preciso que a pessoa queira trabalhar…
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Não me julguem como uma pessoa insensível à necessidade alheia. Dói o coração ver seres humanos em situação de total vulnerabilidade perambulando sem destino, especialmente quando há crianças envolvidas. O Brasil ainda não conseguiu resolver esse drama e creio que estamos longe de uma solução, apesar das muitas pessoas de boa vontade que atuam nesta área social. O problema é mais embaixo quando percebemos que parte deste contingente de necessitados é formada por malandros que se acostumaram a explorar a boa fé e a caridade do “jundiaiense de bom coração”. E fica difícil separar o joio do trigo. (Foto: Timur Weber/Pexels)
VÂNIA ROSÃO
Formada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero. Trabalhou em jornal diário, revista, rádio e agora aventura-se na Internet.
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