Quando a internet ROUBA A CENA

cena

Buscando fazer ligações entre a crônica anterior e esta, sou levado a pensar nas propostas de cenas roubadas que a internet se torna a grande peça central. Quando a internet rouba a cena, pouco podemos fazer, pois ela é uma protagonista bem relacionada e bem articulada: raramente ela fica sem destaque.

É evidente a força que ela exerce diante de seus usuários e, acima de tudo, a mobilização que se percebe em qualquer que seja o foco de discussão, partindo por situações ligadas à internet (ou convergindo à ela). Percebo ser difícil manter um assunto ou uma ação sem que haja uma sondagem, uma divulgação ou uma simples postagem: a internet faz parte da Vida, no século 21.

Pagamos contas, depositamos, transferimos importâncias, fechamos negócios, compramos e trocamos coisas, convidamos, negamos, assinamos documentos, avaliamos, somos avaliados, observamos e somos observados e muitas outras propostas por meio da internet. Surpreendentemente ela rouba a cena com total propriedade.

Se já não bastasse, aquele filme que saiu de circulação ou que nos foi recomendado, apesar de ser da década de 80, pode ser localizado e assistido nela. Acompanhamos festivais, eleições, enterros, eventos populares além de conhecermos todo o Mundo por vídeos, filmes ou entrevistas que localizamos na internet.

Não há o que não se faça, diante da internet. Algumas propostas são muito fáceis, outras são mais habilidosas e demandam certo conhecimento do uso da máquina, mas neste caso, temos os tutoriais que nos possibilitam aprender algo seguindo as recomendações passo a passo e acompanhando nosso progresso. Claro, podemos errar. Mas ainda assim, não será de tudo danoso, pois temos a chance de recomeçar sem sermos avacalhados ou sem rirem de nós. Apenas nós mesmos riremos.

Algumas instituições públicas fazem seus atendimentos pela internet; excelentes consultas médicas, com leituras de resultados de imagem ou de exames clínicos podem ser realizadas pela telinha, que conectada e bem dirigida, ajuda-nos a manter nossa saúde física em dia, sob controle de especialistas que nos atendem com igual desenvoltura e carinho que presenciaríamos no consultório.

Ações judiciais são analisadas e julgadas em júris on-line. Em nenhum dos julgamentos já realizados ouviu-se dizer que o fato de ser on-line foi prejudicial ao veredicto. Pelo contrário, ouvimos elogios e percebemos a velocidade no processo, em especial por estarem on-line e isso faz com muitas das propostas ou análises se concretizam.

A escola pode dizer o mesmo: durante a pandemia o professorado teve que aprender a se comunicar pela internet e a preparar suas aulas de modo a interagir com seus pares e alunos. Houve um certo descompasso, no inicio da proposta, mas que foi sanado com o avançar da situação; excelentes aulas, debates calorosos, avaliações perfeitas e a Educação saiu ganhando.

Alguns cursos aderiram ao modelo hibrido, outros se recriaram no online e lá permanecem. Alguns docentes abominam, ainda, a internet e outros não vivem sem ela. O mesmo se passa com os alunos, que passam o dia plugado em sites, músicas e joguinhos e não admitem aulas online. São os opostos e radicalmente opostos; o caminho do meio continua sendo o ideal.

Algumas evidências auxiliam a entender que a internet veio para ficar, uma vez que a modernidade cobra-nos uma fugacidade em nossa Vida. Desta forma, o ambiente da cibercultura é ideal e adequado, mesmo que eu não me sinta seguro ou disposto a manter relações interpessoais on-line. Mesmo que eu não seja a pessoa mais socializada ou desprendida que penso ser.

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Dizendo assim, deixo claro que alguns reclama, porque não querem se deixar vencer pela tecnologia rápida. Entretanto não conseguimos mas fugir desta realidade: precisamos estar conectado com nossos conhecidos e nossos afazeres, mesmo os mais sérios, porque o Mundo gira assim. A inserção tecnológica é um dos atributos do homem moderno.

Sim, a internet veio para ficar e rouba a cena, mas o Homem que está bem estruturado e que usa da internet para situações específicas, sem ficar preso a ela 24 horas, é um cidadão que sabe nortear sua vida, sem se tornar escravo da máquina: este é o homem que usa a internet e não deixa que ela o use. Ela ate pode roubar a cena, mas vale lembrar de que a cena foi produzida pelo homem. Assim como a máquina foi criada por ele, também. Somente  se escraviza, quem se permite escravizar.(Foto: WordPress)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

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