Apertando o cerco, mas afrouxando o nó!

cerco

Nova ação da Polícia Federal, na semana passada, acabou apertando o cerco em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro e, mais uma vez, o alvo foi a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela, que tinha à frente o deputado Alexandre Ramagem (PL). As ações de Ramagem, que agora é pré-candidato a prefeito pela cidade do Rio de Janeiro, mostram ações da Polícia Federal, que recebia ordens e orientação do alto comando do governo federal na época (leia-se Jair Messias Bolsonaro).

Documentos da Polícia Federal mostram ações ligadas à reunião de abril de 2020, quando Bolsonaro disse que queria alguém de sua confiança para comandar a PF do Rio de Janeiro, porque queria proteger sua família e seus amigos. A reunião foi gravada e mostrada, após Bolsonaro deixar a Presidência, ao Brasil inteiro pela imprensa. Após a reunião e desentendimentos entre o presidente e o ministro da Justiça, Sergio Moro que deixou o cargo alegando que Jair estava interferindo na Polícia Federal.

A Abin do Ramagem quebrou o galho do presidente e começou a monitorar ações de políticos, até mesmo aliados do Jair, para saber o que faziam. Uma das ações, mostradas pela PF, diz respeito ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro, que é senador da República do PL, partido do Valdemar Costa Neto, mas quem manda é o Jair, conforme mostram as evidências deste novo cerco…

Relembrando os fatos: Flávio, o filho 01 do Jair, estava sendo investigado pela Promotoria do Rio de Janeiro, onde era deputado estadual, a havia denúncia de rachadinha sobre ele, ou seja: seus funcionários eram obrigados a deixar parte de seus salários com o chefe. O processo foi arquivado. Documentos agora revelados pela PF, mostram que a Abin do Ramagem (que tinha documentos da mesma e até computador em sua casa, depois de deixar o cargo) investigou os homens que analisavam o caso do Flávio e eles foram todos substituídos. O resultado foi o arquivamento do caso e Flávio ficou livre da acusação. Aliás, recentemente o dito cujo liquidou, de uma só vez, o financiamento de uma mansão que comprara em Brasília. Ele pagou, de uma vez, R$ 3,4 milhões – valor que poderia ser parcelado em 30 anos, e ele tinha pago 37 parcelas). O moço diz que o dinheiro lícito foi conseguido com muito suor, fruto de seu trabalho…

Vale lembrar que todas estas ações, incluindo venda de joias, desprezo da Covid e outras acusações que estão aparecendo agora neste cerco, ocorreram durante a gestão de Augusto Aras, que era o procurador geral da República, ou seja, ele tinha que mandar investigar o que a imprensa vinha apontando como suspeito.

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Como se vê, há muitos casos envolvendo Jair e sua turma. Todos os processos – e já há dois inquéritos – não permitem serem comentados aqui porque ocuparia um espaço terrivelmente enorme!

Mas, porque nada se conclui? A opinião de juristas e políticos é de que a solução de todos os processos em investigação deve retardar até as eleições, que ocorrem em menos de 90 dias, passarem. Isso porque, Jair conta com um grande apoio político de parte da população e muitos candidatos a prefeito são aliados do homem. Uma prisão, agora, poderia gerar uma comoção muito grande por parte da população, que não acredita em nada do que está acontecendo ou até nem sabe, e beneficiar os seguidores do Jair. Por isso, por enquanto, a coisa vai andando, o cerco sendo apertado. Porém, com um nó mais frouxo, mas que deve apertar muito em breve. Principalmente depois de outubro.(Foto: Polícia Federal do Rio de Janeiro/Agência Brasil)

NELSON MANZATTO

É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.

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